A plataforma online de fast fashion Shein planeja abrir seis lojas permanentes na França, começando justamente por Paris, a capital da moda — mas não sem enfrentar resistência. O plano para abrir lojas físicas em cidades regionais francesas dentro de unidades que carregam o nome Galeries Lafayette.

Em setembro, a companhia já havia testado o formato físico com uma loja temporária (pop-up) no bairro do Marais, na capital, com o conceito “Style Hunt” — em que peças eram organizadas por estilos associados a bairros parisienses. Por aqui, no Brasil, a varejista também testou o modelo de lojas temporárias em diversas capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia.

A Galeries Lafayette vendeu essas lojas em 2021 para a Société des Grands Magasins (SGM), que manteve o direito de usar o nome do varejista francês.

Fundada na China e hoje sediada em Singapura, a Shein Group Ltd. virou um fenômeno do varejo online e das redes sociais, enviando roupas baratas para clientes em todo o mundo. A Société des Grands Magasins disse nesta quarta-feira (01) que a Shein havia concordado em abrir lojas dentro das unidades Galeries Lafayette da SGM em Dijon, Grenoble, Reims, Limoges e Angers.

No entanto, a tradicional Galeries Lafayette afirmou que não compartilha os “valores” da Shein e que impedirá a abertura dessas lojas, alegando que a medida violaria as obrigações contratuais da SGM. Fundada no fim do século XIX, a Galeries Lafayette é mais conhecida por sua loja de departamentos em Paris, próxima à Ópera Garnier.

Shein
Companhia chegou a abrir lojas temporárias no Brasil

Em resposta, a SGM disse que seus planos estão em conformidade com as condições do acordo com a Galeries Lafayette. Fundada em 2018 por Frédéric e Maryline Merlin, a SGM é uma empresa francesa de imóveis e operadora de lojas de departamento.

A primeira inauguração física da Shein está prevista para novembro, na loja de departamentos BHV Marais, da SGM, no centro de Paris.

“Juntas, SGM e Shein buscam atrair um público mais jovem e conectado, ao mesmo tempo em que preservam o DNA histórico das lojas de departamento”, disseram as empresas em comunicado conjunto, acrescentando que as iniciativas criarão 200 empregos diretos e indiretos na França.

A abertura planejada das lojas da Shein no país demonstra uma “falta de respeito” com os clientes fiéis do BHV e da Galeries Lafayette e enfraquecerá a imagem da moda francesa, afirmou em comunicado separado Yann Rivoallan, presidente da Federação Francesa de Prêt-à-Porter Feminino.

A entrada física da Shein também acontece em meio a um ambiente regulatório mais hostil: a França discute medidas para frear o modelo de “ultra fast fashion”, em razão de seu impacto ambiental e social. A empresa também está sob escrutínio de órgãos como o ponto de contato da OCDE no país, que acompanha denúncias relacionadas a condições de trabalho em sua cadeia de fornecimento.