A Nippon Steel concluiu a aquisição da United States Steel por US$ 14,1 bilhões, encerrando uma saga de 18 meses que se tornou fortemente politizada até finalmente obter o apoio do presidente dos EUA, Donald Trump.
A aquisição, feita por US$ 55 por ação, transforma a Nippon Steel na segunda maior siderúrgica do mundo e torna a nova companhia uma competidora de peso na indústria americana do aço. A gigante japonesa também conquista uma posição estratégica nos EUA, ajudando a evitar as tarifas de 50% impostas por Trump ao aço estrangeiro.
As empresas chegaram a um acordo condicional com o governo Trump na sexta-feira anterior, permitindo a conclusão da transação anunciada originalmente em dezembro de 2023, após a Nippon Steel concordar em investir mais US$ 11 bilhões na produtora com sede em Pittsburgh.
A conclusão do negócio ocorre exatamente 18 meses após o anúncio da fusão — um prazo incomum que operadores veteranos classificaram como um dos mais singulares já vistos. A oferta controversa atravessou dois governos presidenciais, inúmeras horas de negociações com um painel de segurança dos EUA, disputa com sindicatos, uma campanha de lobby cara e meses de reuniões com a comunidade.
Ao fim, a Nippon Steel fez concessões suficientes para tornar praticamente impossível que o governo Trump recusasse o acordo. O ponto mais surpreendente foi a promessa das empresas de conceder ao presidente dos EUA poder de decisão direto em vários cenários estratégicos da siderúrgica — em caráter perpétuo.
Nippon Steel e US Steel anunciaram nesta quarta-feira (18) que firmaram um Acordo de Segurança Nacional com os EUA, segundo o qual a US Steel emitirá uma “ação dourada” para o governo. Essa ação especial concede ao presidente americano poder de veto sobre decisões como redução de investimentos, mudança de nome ou sede da US Steel, transferência de empregos ou produção para fora dos EUA, fusões e fechamento de unidades.
O recente apoio de Trump representa uma reviravolta. Durante a campanha eleitoral do ano passado, ele havia declarado repetidamente ser contra a aquisição da US Steel por estrangeiros — uma posição que ele compartilhava com o então presidente Joe Biden.
Biden havia bloqueado a operação em janeiro, afirmando que ela “colocaria um dos maiores produtores de aço dos EUA sob controle estrangeiro e criaria riscos para a segurança nacional e para cadeias de suprimentos críticas”. A decisão veio após o caso ser analisado por um painel de segurança americano.
Na tentativa final de salvar a transação, o recém-eleito Trump passou a mostrar disposição para reavaliá-la. Em 7 de abril, ele ordenou uma nova revisão de segurança da venda, solicitando um relatório do Comitê de Investimentos Estrangeiros dos EUA no prazo de 45 dias. Poucas semanas depois, Trump promoveu a ideia de uma “parceria planejada” entre as duas empresas, mencionando investimento e participação acionária, mas sob controle americano.
Com essa que é sua maior aquisição internacional até hoje, a Nippon Steel aposta em um novo mercado para seu aço de alta tecnologia — um movimento pensado para diversificar seus negócios frente à demanda em queda no Japão e à crescente concorrência de exportações chinesas de baixo custo.