O CEO da Ambipar, juntamente com o investidor Nelson Tanure, pode ter perdido suas garantias em uma emissão de dívida que envolveu a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), em São Paulo. 

Tércio Borlenghi Junior e seu sócio Nelson Tanure haviam dado ações da Emae como garantia em uma emissão de debêntures. O fundo Phoenix FIP, vinculado a Tanure, adquiriu o controle da Emae no ano passado usando debêntures lastreadas por ambos, de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

No domingo (5), a Sabesp anunciou a aquisição da participação majoritária na Emae, um negócio que seu CEO afirmou ter sido “originado passivamente” quando a empresa foi abordada por um credor. A Sabesp comprou cerca de 70% do capital total da Emae em um acordo com a Vórtx, agente fiduciário de debenturistas do Phoenix, e com a Eletrobras.

A rápida decisão reflete os problemas crescentes para Borlenghi e a Ambipar, uma empresa global de gestão de resíduos cujas ações e títulos despencaram nas últimas semanas após a empresa ter informado a um tribunal do Rio de Janeiro que corria risco de colapso financeiro. A empresa contratou recentemente a consultoria BR Partners para ajudar a reestruturar seus passivos após obter proteção emergencial de credores.

Borlenghi e a Ambipar não comentaram.

Tanure na Ambipar

Tanure busca manter o controle da Emae e entrou com uma ação judicial, disseram pessoas com conhecimento do assunto. O Brazil Journal noticiou anteriormente os bastidores do negócio, que também envolveu a XP como administradora do Phoenix FIP.

Tanure, conhecido no mundo da dívida inadimplente por sua postura de risco e táticas agressivas, também possui participação na Ambipar por meio da Trustee DTVM, conforme noticiado anteriormente pela Bloomberg.

O CEO da Sabesp, Carlos Piani, disse a analistas em teleconferência que o investimento na Emae é “pequeno, mas muito estratégico” para fortalecer a segurança do abastecimento de água. A região metropolitana de São Paulo tem atualmente menos água disponível per capita do que a ONU recomenda, afirmou a empresa.

Além de usinas hidrelétricas, a Emae opera um importante sistema hidrológico na região metropolitana de São Paulo.

A Sabesp espera uma disputa judicial sobre a transação, mas acredita ter documentação sólida para levá-la adiante, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

Mesmo que a aquisição não gere um ganho financeiro significativo, a melhoria na segurança hídrica à medida que São Paulo continua a se expandir pode tornar o negócio vantajoso, disse a pessoa.

“Briga sabemos que vai ter — mas por um ativo bom, sinérgico e operacional”, disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “Parece um risco-retorno interessante.”