Joanna Salvador, uma peruana que vive nos Estados Unidos, foi quem produziu o primeiro vídeo que viralizou. Na gravação, ela fala que o “Creme de Tratamento Skala Maracujá e Óleo de Patauá” realmente atende muito bem os cabelos cacheados, diferente dos produtos disponíveis no mercado norte-americano. “Isso foi como um milagre”, diz ela no vídeo.
Bruna Veneziano, diretora de marketing da Skala, conta que o vídeo chegou a mais de 3 milhões de visualizações em apenas dois dias. “Eu recebi o vídeo na sexta à noite [quando foi publicado] e no sábado de manhã estava com quase 1,5 milhão de visualizações, e outras gringas começaram a postar”, comenta a diretora, acrescentando que o conteúdo “atingiu o marketing boca a boca”. Atualmente, o vídeo tem mais de 9 milhões de visualizações, 1,6 milhões de curtidas e 8 mil comentários.
Eric Messa, coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), explica que no TikTok uma publicação de um usuário comum consegue ter um alcance maior do que em outras redes, pois o algoritmo se baseia muito mais nos temas e assuntos de interesse do que no número de seguidores do perfil.
“Assim, a rapidez com que determinado assunto pode se propagar a partir não só do compartilhamento, mas da publicação de novos conteúdos criados espontaneamente, é algo que tem diferenciado o TikTok das demais plataformas”, diz ele.
O poder do TikTok
Antes da viralização do vídeo da Joanna, a Skala exportava um volume baixo de produtos para os Estados Unidos, cerca de 3 contêineres por ano. Depois do conteúdo, a marca enviou 10 contêineres de mercadorias para o mercado norte-americano em apenas um mês, segundo a empresa. Ainda como resultado do sucesso, outros países, como Filipinas e Canadá, demonstraram interesse nos produtos.
“Eu escutei alguns comentários assim: ‘a Skala nos Estados Unidos é o Aussie no Brasil’. Viver esse momento é uma coisa surreal. Viver esse momento em relação a valorizar o Brasil lá fora é muito gostoso e gratificante.”
Bruna Veneziano, diretora de marketing de Skala.
Hoje em dia, a empresa diz exportar mais de 80 produtos para mais de 40 países – como França, Inglaterra, Holanda, Chile e até mesmo Ilhas Fiji, um arquipélago na Oceania. A Colômbia, seguida pelo Panamá e Portugal, são os países onde a Skala tem o maior número de consumidores fiéis, ainda de acordo com a empresa.
Qual é o futuro da marca?
A Skala está empenhada em elevar o seu portfólio de clientes externos e o seu volume de exportações. No entanto, a empresa não confirma um valor e nem um volume de vendas que deseja atingir, justificando que precisa avaliar a sua capacidade de produção.
“Não adianta a gente colocar uma meta lá nas alturas, sendo que a gente não tem capacidade de produção”, diz a diretora de marketing da companhia.
No quesito marketing, hoje a Skala conta com 50 influenciadores brasileiros e 2 internacionais contratados para ajudar na divulgação da marca.
Messa, da FAAP, pontua que “o que mais se vê no TikTok atualmente são fenômenos virais que perduram por um período e depois são substituídos por outros”. Por isso, “a marca precisa aproveitar o momento do auge da viralização para colher os frutos dessa propagação espontânea e também se preparar para realizar ações de marketing de influência para estimular que o assunto envolvendo seu produto continue circulando em novos conteúdos dentro do TikTok”.
Do mesmo modo, João Finamor, professor de Marketing Digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), diz que nesses casos as marcas devem aproveitar quando o assunto está em alta para criar outros artifícios para manter o sucesso (como a criação de hashtags, challenges e outros), porque “tudo tem um tempo de vida”.
E o Brasil?
O sucesso dos vídeos das estrangeiras não provocou reflexos somente nos níveis de exportação da Skala, mas também no volume de vendas no mercado brasileiro. Segundo a companhia, após a viralização do vídeo de Joanna, o “Creme de Tratamento Skala Maracujá e Óleo de Patauá” dobrou as vendas no Brasil em março.
De lá para cá, considerando todos os produtos, a marca teve um crescimento de 35% nas vendas no país. “O sucesso vem, mas ele precisa te encontrar trabalhando”, pontua a diretora de marketing da companhia.
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