A Skala, companhia de cosméticos brasileira, teve seu volume de exportações de produtos impulsionado após uma consumidora estrangeira publicar organicamente um vídeo no TikTok falando sobre um dos cremes de cabelo da marca. Com tamanho sucesso, outras pessoas do exterior não só começaram a adquirir os produtos, mas também a gravar resenhas sobre eles na plataforma, o que fez a empresa elevar a sua projeção de exportações em 45% neste ano.
Joanna Salvador, uma peruana que vive nos Estados Unidos, foi quem produziu o primeiro vídeo que viralizou. Na gravação, ela fala que o “Creme de Tratamento Skala Maracujá e Óleo de Patauá” realmente atende muito bem os cabelos cacheados, diferente dos produtos disponíveis no mercado norte-americano. “Isso foi como um milagre”, diz ela no vídeo.
Bruna Veneziano, diretora de marketing da Skala, conta que o vídeo chegou a mais de 3 milhões de visualizações em apenas dois dias. “Eu recebi o vídeo na sexta à noite [quando foi publicado] e no sábado de manhã estava com quase 1,5 milhão de visualizações, e outras gringas começaram a postar”, comenta a diretora, acrescentando que o conteúdo “atingiu o marketing boca a boca”. Atualmente, o vídeo tem mais de 9 milhões de visualizações, 1,6 milhões de curtidas e 8 mil comentários.
Eric Messa, coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), explica que no TikTok uma publicação de um usuário comum consegue ter um alcance maior do que em outras redes, pois o algoritmo se baseia muito mais nos temas e assuntos de interesse do que no número de seguidores do perfil.
“Assim, a rapidez com que determinado assunto pode se propagar a partir não só do compartilhamento, mas da publicação de novos conteúdos criados espontaneamente, é algo que tem diferenciado o TikTok das demais plataformas”, diz ele.
O poder do TikTok
Antes da viralização do vídeo da Joanna, a Skala exportava um volume baixo de produtos para os Estados Unidos, cerca de 3 contêineres por ano. Depois do conteúdo, a marca enviou 10 contêineres de mercadorias para o mercado norte-americano em apenas um mês, segundo a empresa. Ainda como resultado do sucesso, outros países, como Filipinas e Canadá, demonstraram interesse nos produtos.
“Eu escutei alguns comentários assim: ‘a Skala nos Estados Unidos é o Aussie no Brasil’. Viver esse momento é uma coisa surreal. Viver esse momento em relação a valorizar o Brasil lá fora é muito gostoso e gratificante.”
Bruna Veneziano, diretora de marketing de Skala.
Hoje em dia, a empresa diz exportar mais de 80 produtos para mais de 40 países – como França, Inglaterra, Holanda, Chile e até mesmo Ilhas Fiji, um arquipélago na Oceania. A Colômbia, seguida pelo Panamá e Portugal, são os países onde a Skala tem o maior número de consumidores fiéis, ainda de acordo com a empresa.
Qual é o futuro da marca?
A Skala está empenhada em elevar o seu portfólio de clientes externos e o seu volume de exportações. No entanto, a empresa não confirma um valor e nem um volume de vendas que deseja atingir, justificando que precisa avaliar a sua capacidade de produção.
“Não adianta a gente colocar uma meta lá nas alturas, sendo que a gente não tem capacidade de produção”, diz a diretora de marketing da companhia.
No quesito marketing, hoje a Skala conta com 50 influenciadores brasileiros e 2 internacionais contratados para ajudar na divulgação da marca.
Messa, da FAAP, pontua que “o que mais se vê no TikTok atualmente são fenômenos virais que perduram por um período e depois são substituídos por outros”. Por isso, “a marca precisa aproveitar o momento do auge da viralização para colher os frutos dessa propagação espontânea e também se preparar para realizar ações de marketing de influência para estimular que o assunto envolvendo seu produto continue circulando em novos conteúdos dentro do TikTok”.
Do mesmo modo, João Finamor, professor de Marketing Digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), diz que nesses casos as marcas devem aproveitar quando o assunto está em alta para criar outros artifícios para manter o sucesso (como a criação de hashtags, challenges e outros), porque “tudo tem um tempo de vida”.
E o Brasil?
O sucesso dos vídeos das estrangeiras não provocou reflexos somente nos níveis de exportação da Skala, mas também no volume de vendas no mercado brasileiro. Segundo a companhia, após a viralização do vídeo de Joanna, o “Creme de Tratamento Skala Maracujá e Óleo de Patauá” dobrou as vendas no Brasil em março.
De lá para cá, considerando todos os produtos, a marca teve um crescimento de 35% nas vendas no país. “O sucesso vem, mas ele precisa te encontrar trabalhando”, pontua a diretora de marketing da companhia.
- Confira: Quem é Maria Berklian? Conheça a história da “rainha do Brasil” e sua fama no TikTok
Veja também
- Como Adriana Auriemo construiu a Nutty Bavarian, das castanhas com aroma de caramelo e canela
- Todo mundo quer ser bet: Globo, Grupo Silvio Santos e Flamengo planejam suas próprias casas de apostas
- Empresa apoiada por Mubadala vê ativos dobrando para US$ 100 bilhões
- Porsche abandona meta de veículos elétricos
- Como a Mondial fez para deter 38% do market share de eletrodomésticos no Brasil