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‘Tivemos coragem em um mercado tão adverso’, diz Estapar sobre IPO na pandemia

A empresa foi a primeira a fazer abertura de capital na B3 após a pandemia do novo coronavírus chegar ao Brasil.

A rede de estacionamentos  Estapar (ALPK3) foi a primeira empresa a fazer abertura de capital na bolsa de valores após a pandemia do novo coronavírus chegar ao país. Foram captados R$ 345 milhões no IPO realizado no mês de maio.

Leia mais: Apesar de desistências, número de IPOs em 2020 já é o maior em 13 anos

Segundo o CEO da Estapar, André Iasi, a companhia já estava com praticamente com todo o trabalho do IPO executado, do ponto de vista burocrático, tendo conselho e governança próximos ao que se exige no Novo Mercado.  “Tivemos coragem de ir adiante com o IPO em um mercado tão adverso, mas uma coragem muito consciente. A empresa tinha propósitos claros, objetivos, estávamos seguros, se mostrou bem-sucedida a estratégia e, principalmente, a definição de seguir em frente,” afirmou.

Devido ao cenário de isolamento social trazida pelo novo coronavírus, a Estapar acabou sendo também a primeira empresa a fazer abertura de capital de uma forma totalmente virtual. “Foi muito desafiador fazer o primeiro  IPO 100% virtual da história. Fizemos 70 reuniões virtuais em um período de 13 a 14 dias. Além disso, quando lançamos formalmente a oferta foi o dia que o ex-ministro Sergio Moro saiu do governo e causou toda aquela reação no mercado”, contou.

Estacionamento rotativo

Os recursos captados pela companhia com o IPO foram destinados ao pagamento da concessão firmada com a Prefeitura de São Paulo para explorar o serviço de estacionamento rotativo em vias e logradouros públicos do município, chamado Zona Azul, por um período de 15 anos. A operação, que é o maior projeto da companhia, passou a valer em novembro e conta com mais de 51 mil vagas.

Ao InvestNews Entrevista, Iasi disse que o objetivo da Estapar com a Zona Azul, além do retorno esperado com o investimento, é democratizar o espaço público. Para ele, o sistema está disponível para servir todos os moradores da cidade e visitantes. “Não é um jogo de pagar, mas um jogo de disponibilizar a vaga e ela rodar o máximo possível. E isso estimula o comércio, negócios e tudo mais”, relatou.

A Estapar estima que 90% das transações da Zona Azul serão via aplicativo. Nele, a empresa oferece um mapa em tempo real da disponibilidade das vagas, que está em um processo de adaptação, mas que, até meados de abril de 2021, segundo a empresa, estará auferido.  A companhia acredita que, com isso, as pessoas não perderão muito tempo procurando vaga, além de contribuir para a redução da poluição.

Outro ponto que a rede de estacionamentos destaca é que essa tecnologia favorecerá a geração de dados e informações da cidade, contribuindo para uma engenharia de tráfego mais eficiente e até mesmo para a segurança pública.

Pandemia x Estapar

Os estacionamentos foram fortemente afetados com a chegada da pandemia, que trouxe o fechamento temporário de comércios, empresas, shoppings, universidades, centros de eventos, arenas esportivas, por exemplo.

Com isso, por ser uma empresa de mobilidade urbana, a Estapar acabou sendo prejudicada com a redução da circulação de pessoas. Segundo a companhia, entre abril e maio, foi o ápice de operações fechadas e também de queda de receita. Apesar disso, a rede de estacionamentos, por ter um mix de operações, atuando em supermercados e hospitais, conseguiu manter um ritmo de funcionamento.

Segundo a Estapar, a recuperação consistente da companhia foi retomada a partir do mês de junho e segue mês a mês, mas ainda abaixo dos números do ano passado, por exemplo. De acordo com Iasi, no último trimestre, a empresa ainda estava com uma receita de 35% a 40% abaixo da registrada no ano anterior

“Com a chegada da pandemia, conseguimos agir com rapidez. Montamos um equipe que tinha a função de olhar todas as perspectivas de receitas, custos e despesas para que conseguíssemos gerenciar a companhia. Conseguimos fazer com que nossos custos se reduzissem quase que na mesma proporção para a queda de receita de tal sorte que a companhia manteve ao longo do período mais agudo da crise gerando margem de contribuição positiva”, explicou o executivo.

Futuro do setor e da empresa

O CEO da Estapar acredita que gargalos da mobilidade urbana brasileira possam aumentar, em função da falta de recursos que pandemia do novo coronavírus trará para as três esferas do governo. “A iniciativa privada gera recursos para que o governo possa investir em saúde, educação e tantas outras áreas que são atribuições diretas do governo”, explica Iasi.

O executivo defende que o estacionamento e o carro ainda serão uma matriz importante nos próximos anos. Na avaliação dele, as pessoas mudaram muito o comportamento de dividir o mesmo espaço com outras. “Está aumentando a quantidade de pessoas andando de carro. Estamos vendo isso nas operações. Acredito que essa tendência vai cair depois da vacina, mas ainda será maior do que era anteriormente. É uma  mudança de comportamento radical, na utilização do carro em detrimento de dividir transporte com outras pessoas”, afirmou.

Ele explica que a Estapar está entrando em uma nova era, de digitalização, de melhoria de performance, que gera novos negócios tanto na esteira do mundo digital, como também de oportunidade do estacionamento como hub de mobilidade, fazendo os estacionamentos ganharem novas funções.

“O estacionamento está aonde as pessoas moram, aonde as pessoas trabalham, nos polos geradores de tráfego. Eles sempre terão uma infraestrutura para atender aos diversos players da mobilidade urbana. Esse é o posicionamento que a Estapar avança para o futuro e para além do nosso negócio de estacionamento. E acreditamos muito nessas novas vertentes, que vão gerar novas linhas de receita”, concluiu.

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