A farmacêutica Pfizer registrou um desempenho acima do esperado no quarto trimestre de 2024. O resultado foi impulsionado por vendas mais fortes de sua vacina e do antiviral contra a covid-19.
O balanço reforça a posição da companhia em meio a críticas de investidores ativistas que alegam que a empresa desperdiçou os ganhos obtidos durante a pandemia e precisa de uma nova estratégia de crescimento.
As vendas da vacina e do Paxlovid, medicamento em pílula contra a covid, superaram as projeções dos analistas em cerca de US$ 550 milhões no período. No entanto, investidores seguem atentos à redefinição do “novo normal” para esses produtos, já que o interesse no tratamento do vírus tem diminuído com o tempo.
Apesar do bom desempenho dos produtos ligados à covid, a farmacêutica enfrentou desafios com um de seus novos lançamentos. A vacina Abrysvo, voltada para a prevenção do vírus sincicial respiratório (RSV), arrecadou US$ 198 milhões no trimestre, bem abaixo das expectativas, que apontavam para mais de US$ 300 milhões. O imunizante tem enfrentado forte concorrência da GSK Plc e da Moderna Inc., o que tem dificultado sua consolidação no mercado.
Para o analista John Murphy, da Bloomberg Intelligence, os números apresentados pela Pfizer não foram o principal foco da atenção dos investidores. “O que realmente interessa hoje é a questão da obesidade”, afirmou. A farmacêutica está desenvolvendo um novo medicamento para o segmento e planeja tomar uma decisão sobre seu avanço até o meio do ano.
Desafios após o auge da covid
Desde o pico de suas vendas na pandemia, a Pfizer tem enfrentado dificuldades para manter o interesse dos investidores. Apesar de uma série de aquisições bilionárias, a empresa ainda não conseguiu transformar essas compras em novos produtos de grande sucesso. Desde 2021, suas ações já caíram mais de 50%.
Em outubro de 2024, o fundo de investimentos Starboard Value revelou ter adquirido uma participação de US$ 1 bilhão na Pfizer e criticou a gestão da empresa, acusando-a de destruir mais de US$ 20 bilhões em valor de mercado. O grupo também sugeriu que a substituição do CEO Albert Bourla poderia ser uma alternativa viável. No fim de janeiro, a Pfizer obteve um alívio temporário ao evitar que a Starboard Value nomeasse membros para o conselho da empresa, mas os acionistas ativistas ainda podem pressionar por mudanças até 2026.
Resultados em alta
Entre os principais medicamentos da Pfizer, a franquia de vacinas contra pneumonia Prevnar e o tratamento contra o câncer Ibrance atingiram as expectativas de vendas no quarto trimestre. O anticoagulante Eliquis e o medicamento para doenças raras Vyndaqel superaram as projeções, mas ambos devem registrar queda nas vendas nos próximos anos. Já o remédio oncológico Adcetris, adquirido na compra da Seagen por US$ 43 bilhões, ficou abaixo do esperado.
A Pfizer reportou uma receita de US$ 17,8 bilhões no quarto trimestre, acima da projeção de US$ 17,3 bilhões dos analistas. O lucro ajustado por ação foi de US$ 0,63, superando a expectativa média de US$ 0,47.
Para 2025, a empresa manteve sua previsão de faturamento anual entre US$ 61 bilhões e US$ 64 bilhões, com um lucro ajustado por ação variando entre US$ 2,80 e US$ 3,00. Além disso, a Pfizer anunciou que pretende cortar US$ 6 bilhões em despesas até 2027 como parte de sua estratégia para fortalecer sua rentabilidade.