A Vammo, startup de aluguel de motocicletas elétricas, levantou US$ 45 milhões em uma rodada de investimentos liderada pelo Ecosystem Integrity Fund (EIF), fundo de investimento em tecnologias limpas de São Francisco, nos EUA.

Também participaram do investimento os fundos 2150, Qualcomm Ventures, Construct Capital, Monashees, Maniv Mobility, Endeavor Catalyst e um grupo de ex-funcionários da Tesla, de acordo com a Vammo.

Fundada em 2022 e com fábrica em Manaus, a Vammo fabrica motocicletas elétricas e equipamentos para carregar baterias. O diferencial ali é o seguinte: quem aluga não precisa recarregar a moto (algo que toma um bom tempo). Basta ir a alguma estação da companhia e trocar por outra bateria, já carregada. As motocicletas são alugadas principalmente para entregadores.

Como o modelo de negócio exige diversas estações de recarregamento numa mesma cidade, ele não é facilmente escalável. Por enquanto, se concentra na Grande São Paulo.

A Vammo opera 5 mil motocicletas, apoiadas por 150 estações de troca de baterias e uma unidade de manutenção.

A empresa também planeja levantar até US$ 75 milhões em dívidas nos próximos 24 meses, informou o cofundador e CEO Jack Sarvary. Os recursos serão usados ​​para expandir a produção e aumentar a presença da empresa em São Paulo, enquanto também busca expandir para outras cidades brasileiras e países da América Latina, disse Sarvary, sem revelar quais serão os primeiros.

“Nós nos vemos como uma empresa de tecnologia, e a maneira como fazemos isso funcionar é por meio de uma combinação de hardware e motocicletas, bem como tecnologia de baterias e software que conecta tudo – os algoritmos que mantêm todas essas baterias carregando adequadamente e prolongando sua vida útil”, disse Sarvary.

A Vammo planeja investir mais de R$ 500 milhões em Manaus e pretende avançar em pesquisa e desenvolvimento em diversas frentes, incluindo na criação de uma plataforma para motocicletas híbridas, que usam etanol e sistema elétrico.

Motos mais baratas

Hoje, cada motocicleta da Vammo emite até 90% menos dióxido de carbono do que sua equivalente a gasolina. Mas, para atrair os motoboys, Sarvary disse que sabia que precisaria economizar dinheiro para eles.

Ele calcula que um motociclista que usa uma moto a gasolina no Brasil e possui seu próprio veículo precisa pagar custos de financiamento, além de toda a manutenção e combustível, o que pode chegar a R$ 1.600 por mês. Alugar uma motocicleta da Vammo pode custar menos de R$ 1.000, disse ele.

O estado de São Paulo tem cerca de 500 mil motoboys, segundo o sindicato da categoria.

A Vammo tem parcerias com a Uber, sua concorrente 99 e as empresas de entrega de alimentos e produtos Rappi e iFood. Com uma lista de espera para novos usuários, a empresa está ansiosa para expandir a produção.

A Vammo só aluga motocicletas por enquanto, mas está “explorando alternativa de aluguel com opção de compra e produtos de financiamento mais tradicionais”, disse Sarvary.

Depois de trabalhar na Rappi por mais de 6 anos, Sarvary disse que se aproximou muito do “ecossistema dos motoboys”.

Ele pesquisou modelos em todo o mundo e encontrou um fabricante parceiro na China que fornece os componentes e constrói os produtos projetados pela Vammo. Eles são enviados para o Brasil para serem montados em Manaus. “A estrutura da motocicleta é 100% propriedade intelectual da Vammo”, disse ele, e toda a motocicleta é adaptada às condições específicas da América Latina.

América Latina

O outro sócio-fundador da Vammo, Billy Blaustein, ex-executivo da Tesla, sabia que era necessário não apenas produzir o veículo elétrico, mas também criar uma infraestrutura para recarregar suas baterias e realizar a manutenção.

“A Vammo está posicionada para liderar a transição da América Latina para motocicletas elétricas”, disse o EIF em um comunicado à Bloomberg, acrescentando que o fundo viu esse modelo ter sucesso na Índia e na África, onde possui investimentos relacionados.

Em 2022, a Vammo levantou US$ 8,5 milhões e, em 2023, obteve US$ 30 milhões em capital e dívida. No ano passado, recebeu R$ 60 milhões em financiamento da EXT Capital, que foi inicialmente estruturado como uma debênture, mas foi convertido em um FIDC, um fundo de investimento em direitos creditórios. O plano é levantar mais recursos usando o mesmo FIDC, disse Sarvary.