A Bola de Ouro pode não ter vindo, mas, aos 24 anos, Vinícius Jr tem muito tempo de jogo pela frente para conquistar o cobiçado título. Polêmicas à parte o astro do Real Madrid e da seleção brasileira acumula conquistas importantes fora de campo. É o caso do lado financeiro.
Nas contas da Forbes, seu faturamento total, entre salários, prêmios, patrocínios e direitos de imagem, alcança R$ 300 milhões por ano. A cifra colocaria o jogador entre o 0,1% das empresas com maiores receitas no Brasil – num “top 19 mil” dos CNPJs nacionais.
Para gerir o patrimônio, a Roc Nation Sports Brazil, que cuida da carreira do jogador desde as categorias de base do Flamengo, criou uma empresa específica, a Vini Jr. S/A. Essa organização conta, inclusive, com uma estrutura de corporação, com CEO e CFO (diretor financeiro).
Trata-se de uma visão bem diferente da maioria dos atletas brasileiros que fazem sucesso no futebol. É mais comum ver um amigo ou alguém da família assumir o controle da carreira. Foi o caso de craques como Ronaldinho Gaúcho, que tem como empresário o irmão Roberto de Assis Moreira.
A estrutura corporativa da Vini Jr. S/A, ou VJR, faz a gestão tanto da fortuna quanto da marca. A VJR conta com uma equipe permanente de 8 funcionários, entre administradores, profissionais de marketing, de imprensa, de finanças e até um chef de cozinha e um fisioterapeuta.
Também conta com um quadro de 27 prestadores de serviços. A empresa incorpora ainda um “family office” exclusivo, ou seja, uma gestora de fortuna própria, que busca aumentar o patrimônio do jogador por meio de investimentos diversificados.
As atividades da empresa incluem a produção de um documentário sobre o atleta e, naturalmente, a gestão das mídias sociais. No Instagram, de qualquer forma, a “Bola de Ouro” ainda está longe. Ele ocupa a 6ª posição entre os jogadores brasileiros mais seguidos, com 16,2 milhões – Neymar segue na ponta, com 221,5 milhões.
A estrutura também faz a administração do Instituto Vini Jr., uma organização não governamental de apoio ao ensino púbico e ao esporte. Uma das missões da entidade é promover a educação antirracista, a bandeira mais marcante do jogador.
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“Quando você tem um atleta tão diferenciado, ele precisa ter uma estrutura dessa só pra ele”, afirmou o empresário de Vini Jr e CEO da Roc Nation Sports Brazil, Frederico Pena, em entrevista à CNN. “São poucos atletas que vão chegar lá.”
Em 2024, Vinícius Jr. vai receber entre salários e luvas do Real Madrid R$ 128,4 milhões (28,8 milhões de euros). Além do valor, o jogador deve receber um bônus anual por metas atingidas de 4,17 milhões de euros ou R$ 25,7 milhões, segundo o portal especializado Capology.
O astro brasileiro conta ainda com 11 patrocínios de marcas, como Nike, EA Sport e Betnacional, que lhe rendem mais US$ 25 milhões ou R$ 140 milhões. Além dessas rendas, o atleta fatura ainda com propagandas, eventos e direitos de imagem. Tudo isso forma aquela receita de R$ 300 milhões anuais.
A VJR representa uma mudança cultural de gestão de carreira no setor esportivo, na visão de Pena. Saem de cena os “parças” e entra em jogo a administração profissional.
“Os amigos, a turma da infância e da juventude, merecem estar próximos pela amizade, pelo afeto, mas muitos também, muitas vezes, não têm a capacidade de orientar um bom caminho para o atleta”, disse o empresário. O resultado dessa gestão amadora ao longo da história do futebol brasileiro tem sido uma lista de histórias de ex-craques que perderam seus patrimônios depois de se aposentar.
Esse tipo de estrutura empresarial, por outro lado, “é uma mudança muito profunda da lógica da carreira do atleta”. Sem ter de se preocupar com os bastidores financeiros, o jogador pode se dedicar à brilhar em campo. Assim, com ou sem bola de ouro, o legado está garantido.
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