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Vision Pro: Apple adianta futuro – mas não está claro valor além do entretenimento

Segundo Tim Cook, CEO da fabricante, objetivo da big tech é introduzir a ‘computação espacial no cotidiano’.  

Mais uma vez os Simpsons acertaram em suas previsões sobre o futuro envolvendo a cultura norte-americana. A bola da vez é o Vision Pro, óculos de realidade virtual da Apple (AAPL34), que começou a ser vendido em território americano na última sexta-feira (2) – oito meses após ter sido revelado. Segundo a “Harvard Business Review”, resta saber como a nova ferramenta pode agregar valor para além do entretenimento, em especial, quanto ao aumento de produtividade.  

Tim Cook, CEO da fabricante, diz que essa é a “nova era” da tecnologia, e que o objetivo da big tech é introduzir a “computação espacial no cotidiano”.  

A questão é que os vídeos que circulam sobre as experiências de pessoas usando o item nas ruas mais movimentadas das capitais americanas, como Times Square (NY), no metrô, ou até mesmo dirigindo carros (o que, segundo a Apple, é proibido)  viralizam no Instagram, TikTok ou no antigo Twitter (X), da mesma forma que a família do desenho animado descreveu – de forma crítica – em um dos seus episódios. Veja abaixo:

Na vida real, o item, que ainda não tem previsão de desembarcar no Brasil, é vendido a partir de US$ 3,5 mil (cerca de R$ 17 mil), com o modelo mais avançado podendo chegar a US$ 5,2 mil (mais de R$ 25 mil). 

De acordo com o site especializado MacRumors, pelo menos 200 mil unidades foram vendidas nas duas semanas de pré-vendas. Por isso, viralizam imagens de tantos usuários “gesticulando no ar”. Isso porque sua tecnologia é completamente controlada por mãos, olhos e voz, já que basicamente se resume à execução de aplicativos ao redor. 

Segundo o “The Verge”, foi a primeira tentativa da Apple de construir um computador que funcione no “espaço” de forma a ficar ao lado do Mac e iPad no ecossistema de dispositivos da marca.

A nova tecnologia permite usar um Excel, acessar o Slack, redes sociais, responder a e-mails ao mesmo tempo em que se assiste a uma partida da NBA em um enorme monitor flutuando no espaço virtual. Logo, nada impede o usuário que está em um assento apertado na classe econômica em um avião de assistir um filme como em uma tela de cinema.

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Realidade virtual e aumentada

Segundo Josué Gans, presidente da Jeffrey S. Skoll e Abhishek Nagaraj, professor assistente na UC Berkeley Haas School em análise para a “Harvard Business Review”, para compreender o valor dos novos óculos, é útil pensar em como a realidade virtual (VR) e a realidade aumentada (AR) correspondem a duas tarefas fundamentais na tomada de decisões. “VR apresenta novas informações; AR destila informações de uma existente”. 

“A realidade aumentada envolve pegar o ambiente ao redor e mudar a percepção dele. O Vision Pro faz isso colocando telas 2D nesse ambiente e fixando-as para que quando sua cabeça se mova, a tela não se mova, de forma que um usuário não veja diferença do mundo real. Na realidade virtual, o usuário é mergulhado no ambiente virtual”, conclui.

Mas a questão mais profunda, segundo especialistas, é saber como os aplicativos de VA e VR podem agregar valor real para além do entretenimento, em especial, quanto ao aumento de produtividade e nas vias econômicas. 

No dia que a Apple passou a vender seu novo óculos, a “Bloomberg” divulgou um novo aplicativo, “Bloomberg Pro for Vision” – e que, segundo a companhia, é uma ferramenta de uso profissional para a era da computação espacial.

O objetivo da Bloomberg é ajudar seus clientes a melhorarem a produtividade, tanto no desktop, quanto em dispositivos móveis. 

“Estamos extremamente entusiasmados em apresentar uma nova maneira de ajudar os profissionais financeiros a aproveitar ao máximo o Apple Vision Pro e manter a produtividade, expandir o espaço do desktop e acessar informações privadas no escritório ou em trânsito, tudo isso enquanto reduz o espaço ocupado pelo monitor”, disse Len Welter, head de Infraestrutura e Tecnologia Móvel da Bloomberg, em comunicado. 

Quem tiver a nova plataforma poderá acessar ao terminal de notícias da casa, assim como a TV Bloomberg, mensagens instantâneas, dados de valores mobiliários, além de fazer toda e qualquer pesquisa destinada ao mercado de capitais. 

Imagem do Vision Pro | Foto: Divulgação Apple

Dispositivos criados antes do Vision Pro

A tacada da Apple não é isolada, já que antes dela surgiram o Google Glass, o Quest Pro, da Meta, assim como o Leap Motion para controle de gestos. “Mas nenhum destes antecessores reuniu tudo numa visão coerente”, aponta a  Harvard Business Review. 

O MIT Technology faz coro, apontando que o Vision Pro é sem dúvida um “dispositivo inovador, com uma tela radicalmente melhor do que qualquer outra anterior, e por isso, o motivo de tantas tecnologia condenadas num passado não tão distante”.

A dúvida que fica é se as pessoas de fato vão usar o Vision Pro. Para a Harvard Business Review, até aqui, nenhuma outra empresa teve tanto sucesso no desenvolvimento e comercialização de tecnologia de consumo ao longo dos anos. 

“O iPod era um walkman digital. O iPhone era um iPod conectado. O iPad era um iPhone maior. O Apple Watch era um smartwatch melhor. E o Vision Pro é uma tela 3D sem restrições. Nos casos anteriores, o dispositivo foi superado permitindo ser melhor desenvolvido, O Vision Pro é um novo experimento bem -vindo em um caminho já trilhado na computação”, aponta.

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