A Votorantim mais que dobrou sua participação na Hypera Pharma, passando de 5,1% para 11% do capital da farmacêutica brasileira, conforme comunicado ao mercado divulgado na noite desta segunda-feira (10). A Hypera é dona de marcas populares como Engov, Neosaldina, Benegripe e Neo Química, que dá nome ao estádio do Corinthians.

Com a nova posição, o tradicional grupo industrial brasileiro sinalizou que pretende ter voz ativa na governança da empresa. A Votorantim deixa explícito no documento que seu objetivo é iniciar conversas com os atuais controladores sobre “eventual papel na governança, que poderá incluir indicação de candidatos ao Conselho de Administração e participação em acordo de acionistas”.

“Com isso, a tentativa da EMS de comprar a Hypera vai para o espaço”, diz um gestor ouvido pelo InvestNews. O movimento da Votorantim acontece em meio a um cenário de disputas pelo controle da Hypera.

Em outubro do ano passado, a EMS chegou a fazer uma oferta hostil para adquirir 20% da Hypera ao preço de R$ 30 por ação – proposta que foi rejeitada pelo controlador João Alves de Queiroz Filho, mais conhecido como “Junior”, que considerou o valor muito abaixo do que a empresa realmente vale.

Após a tentativa frustrada de fusão entre as companhias, em dezembro, a EMS, uma fabricante de medicamentos genéricos controlada pelo empresário Carlos Sanchez, retomou a ofensiva, elevando sua participação para mais de 6% das ações.

Desde então, Junior e Sanchez têm travado uma batalha silenciosa com compra de ações da Hypera a fim de garantir que atinjam seus objetivos – um em manter a governança como está e outro para avançar com a fusão.

O atual bloco de controle da Hypera é formado por Junior, com 27,3% das ações, e pela gestora mexicana Maiorem, com 14,7%, segundo dados mais recentes da companhia. Caso se confirme a entrada da Votorantim no grupo, o bloco passará a ter 53% das ações da Hypera.

A entrada mais agressiva do grupo da família Ermírio de Moraes no capital da Hypera adiciona um novo capítulo na disputa. A Votorantim, que é um dos maiores conglomerados industriais do Brasil, tem forte capacidade financeira e uma longa tradição em investimentos estratégicos de longo prazo em diversos setores da economia.