Na Rent a Bag, empresa criada em 2014 por Domingos Cristiano Coppio, ex-gestor de TI, justamente para atender às necessidades do público de grandes cidades como São Paulo.
A inspiração para o serviço veio da constatação de dois problemas comuns entre os moradores da metrópole paulistana: a crescente dificuldade de espaço para guardar malas grandes — especialmente em apartamentos pequenos — e o prejuízo frequente causado por danos em malas logo nas primeiras viagens. Esse cenário se agravou nos últimos anos com a explosão dos microapartamentos: imóveis de até 30m² saltaram de menos de 1% dos lançamentos em 2014 para 19% em 2024, segundo o Secovi-SP.
Além da questão do espaço, outro desafio recorrente é a durabilidade das bagagens. De acordo com dados da SITA, empresa que monitora o setor aéreo, cerca de 18% das ocorrências globais envolvendo malas em aeroportos dizem respeito a danos ou violações — é o segundo maior índice, atrás apenas dos atrasos, responsáveis por 74% dos casos. Esses fatores fazem com que a aquisição de uma mala premium, geralmente custando mais de R$1.000, se torne um investimento pouco atrativo para quem viaja esporadicamente.
A Rent a Bag propõe um modelo sob medida para esse perfil de consumidor: quem viaja pouco pode, por preços a partir de R$129,90 pelo aluguel de modelos pequenos para dez dias, ou até R$199,90 para malas médias ou grandes por 20 dias de locação, utilizar malas de alto padrão sem precisar se preocupar com manutenção ou armazenamento prolongado.
O pagamento inclui caução de R$150 para novos clientes. Entregas e retiradas demandam uma taxa de R$50 a R$70, conforme a região da cidade de São Paulo e a quantidade de malas — com descontos progressivos para múltiplas unidades.
A praticidade se estende ao cuidado com os produtos: todas as malas são higienizadas, recebem forros descartáveis e, quando necessário, passam por envelopamento ou pintura para manter o aspecto de novas. O serviço, operado por motoristas parceiros, garante ainda reposição rápida caso haja qualquer avaria durante o uso.
A clientela da Rent a Bag é formada majoritariamente por mulheres de 25 a 45 anos, que viajam ao menos duas vezes por ano — muitas delas para o exterior.

Vantagens
O serviço atrai não só quem mora em apartamentos compactos. A praticidade é outro chamariz: o cliente recebe e devolve a bagagem em casa, sem se preocupar com manutenção ou conservação.
O aluguel de malas também segue a cartilha da sustentabilidade: a cada mil malas alugadas, estima-se uma economia de cerca de 5 toneladas de plástico que deixariam de ser descartadas no meio ambiente, promovendo a economia circular e um consumo mais consciente.
Desafios e Limitações
Apesar das vantagens, a cultura de posse do consumidor brasileiro ainda traz resistência ao aluguel de itens duráveis — mesmo quando pouco usados, reforça Domingos.
O serviço da Rent a Bag também não cobre todo o país e está restrito apenas à cidade de São Paulo. O negócio já tentou se expandir, via franquias, para outras localidades, mas a modalidade não prosperou devido à falta de demanda fora do Sudeste.
Da Mala para o Vinho
O divisor de águas para a Rent a Bag foi a inovação trazida pela demanda por transporte seguro de vinhos. Inspirado pelo relato de clientes que enfrentavam problemas ao transportar garrafas adquiridas em viagens, principalmente para destinos como Chile e França, Domingos desenvolveu uma espuma especial de alta densidade em parceria com uma fábrica paulista.
O acessório protege até 12 garrafas em compartimentos isolados dentro da mala, reduzindo drasticamente o risco de quebras no transporte aéreo — um problema real para muitos viajantes.
Hoje, a solução para vinhos representa cerca de 70% do faturamento da empresa, com vendas para todo o Brasil da versão portátil “WBag”, que transforma mesmo malas comuns em compartimentos apropriados para bebidas. O produto acompanha manual, e os relatos de incidentes são praticamente inexistentes quando a espuma é utilizada de forma correta.
Ao seguir a cartilha da economia circular, a Rent a Bag faz cada mala circular entre 15 e 20 viagens antes de ser vendida como seminova ou adaptada para transporte de vinhos.
Domingos reforça: “A mala não precisa ser um item exclusivamente pessoal — ela pode circular, ser compartilhada e reciclada, mantendo a qualidade e evitando o desperdício”.