Não há dúvida de que os 400 americanos mais ricos tiveram um ótimo desempenho nos últimos 12 meses — mas, na última década, teriam se saído ainda melhor se tivessem investido em um fundo de índice (os chamados ETFs), como o S&P 500, principal índice da Bolsa americana que mede o desempenho das 500 maiores companhias do país.

Esse é um poderoso aprendizado para o restante de nós. Ao contrário da crença de que os ultrarricos possuem habilidades únicas de investimento que lhes permitem superar regularmente o mercado de ações, mesmo eles, em média, não conseguem bater o mercado.

Essas são algumas das implicações da recém-divulgada edição 2025 da lista Forbes 400. A soma das fortunas dos 400 americanos mais ricos subiu US$ 1,2 bilhão nos 12 meses até o início de setembro — um ganho de aproximadamente 22%, segundo a revista.

Esse retorno é superior aos 16% do índice S&P 500 no mesmo período, considerando dividendos reinvestidos (total return). Ainda assim, nos últimos nove anos, a valorização cumulativa das fortunas desses bilionários foi, em média, 1,5 ponto percentual anualizado menor que a do S&P 500.

Além disso, esses cálculos ainda superestimam o desempenho dos ultrarricos. Isso ocorre porque os retornos divulgados sofrem de viés de sobrevivência: como cada coluna do gráfico mostra o retorno dos 12 meses anteriores para a lista de ricos daquele ano, não considera quem estava na lista no ano anterior e saiu por desempenho abaixo da média.

É importante destacar esse desempenho inferior não para criticar a habilidade de investimento dos bilionários, mas para fazer um ponto mais amplo sobre a origem das grandes fortunas. Venderam às novas gerações a ideia de que a Bolsa de Valores é a máquina de criar esse nível de riqueza extraordinária.

Não é.

Com pouquíssimas exceções, os membros da Forbes 400 fizeram fortuna em outros setores — criando empresas, produtos ou serviços — e só depois recorreram ao mercado acionário para preservar o valor de seu patrimônio no longo prazo.

Sabemos disso porque a Forbes classifica os integrantes da lista segundo a origem de suas fortunas e, ao longo dos anos, cerca de dois terços deles se enquadram na categoria self-made (fortunas construídas do zero).

Outra forma de ilustrar esse ponto é calcular o que seria necessário para entrar na Forbes 400 apenas com ganhos de Bolsa. O valor mínimo para estar na lista este ano foi de US$ 3,8 bilhões. Imagine um investidor hipotético de 25 anos que aplique uma quantia única no mercado e, pelos 40 anos seguintes, consiga repetir o retorno anualizado de 7,1% das ações americanas desde 1793 (segundo Edward McQuarrie, professor emérito da Universidade de Santa Clara).

Dadas essas premissas, esse investidor precisaria aplicar US$ 244 milhões de uma só vez aos 25 anos para chegar aos US$ 3,8 bilhões aos 65 anos. Em outras palavras: para ter chance real de entrar na Forbes 400 apenas via Bolsa, é preciso já ser muito rico antes de começar.

E embora isso tenha acontecido em alguns casos, é cada vez mais raro, segundo pesquisa de Steve Kaplan (Universidade de Chicago) e Joshua Rauh (Universidade Stanford). No estudo Family, Education, and Sources of Wealth Among the Richest Americans, os professores constataram que a parcela de bilionários vindos de famílias ricas caiu pela metade desde o início dos anos 1980.

A lição final? Para criar uma grande fortuna, invente um produto ou crie um serviço de que o mundo realmente precise. Depois disso, a Bolsa estará lá para você investir e preservar a riqueza acumulada.

Mark Hulbert é colaborador regular do MarketWatch.

Traduzido do inglês por InvestNews

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