Não se trata de falta de esforço, já que as medidas anunciadas na terça-feira estão entre as tentativas mais agressivas de estímulo desde a pandemia. O Banco Popular da China (PBOC) está cortando as reservas que os bancos devem manter no banco central, liberando centenas de bilhões de yuans — ou mais — para novos empréstimos. O PBOC também reduzirá uma série de taxas de juros, tanto sobre empréstimos quanto sobre depósitos.
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O que realmente importa para a economia chinesa é o desorganizado mercado imobiliário, e aqui também Pequim quer oferecer mais suporte. As autoridades reguladoras vão reduzir o pagamento inicial exigido para a compra de uma segunda residência de 25% para 15%. O PBOC está expandindo suas garantias de empréstimo para um programa que subsidia empresas estatais a comprar imóveis vagos e convertê-los em habitação social.
Há também crédito direcionado ao mercado de ações. Uma linha de refinanciamento vai subsidiar empresas que recomprarem ações de investidores, e há nova liquidez do banco central para que investidores institucionais, como seguradoras e fundos de pensão, possam comprar ações. Pequim pode estar esperando que um mercado acionário mais aquecido melhore o sentimento dos consumidores, e a bolsa de Xangai, que tem baixa liquidez, disparou mais de 4% na terça-feira.

A questão é se isso será capaz de curar o ciclo de deflação da dívida que aflige a indústria imobiliária, que já foi responsável por um terço da economia. Um colossal processo de desalavancagem está em andamento desde que Xi começou, em 2020, a esvaziar a bolha imobiliária, e o vórtice só cresce. Os primeiros a serem sugados foram os incorporadores, um número crescente dos quais foi à falência ou está próximo disso. Agora, são as famílias que não conseguem escapar. Os preços continuam caindo, apesar dos esforços de Pequim para conter a queda, incluindo o estímulo anterior anunciado em maio.
Essa dinâmica já está enraizada na mentalidade das famílias. Apenas 11% dos moradores urbanos, segundo uma pesquisa do banco central, acreditam que os preços dos imóveis aumentarão no próximo trimestre, enquanto 23% esperam que os preços caiam ainda mais — os menores e maiores percentuais dessas respostas desde o início da pesquisa. Os consumidores permanecem pessimistas, e a fuga de capitais se tornou uma preocupação crônica.
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Pequim estava no caminho certo na terça-feira ao reconhecer que parte da solução é oferecer destinos produtivos para o capital, capazes de sustentar algum crescimento econômico enquanto a correção no setor imobiliário continua. Esse parece ter sido o objetivo das autoridades ao apoiar o mercado de ações.
Mas subsídios para engenharia financeira não vão criar as oportunidades de investimento que a economia chinesa realmente precisa. Somente mais liberdade para inovadores e empreendedores privados pode fazer isso, e Xi se recusa a permitir. Seu ataque prolongado à economia privada — plataformas de tecnologia, aplicativos de transporte, tutorias online e inúmeros outros — não será facilmente esquecido.
A experiência do Japão com deflação imobiliária sem reforma econômica não foi positiva. A economia só voltou a crescer (um pouco) após Junichiro Koizumi e depois Shinzo Abe libertarem o investimento privado. Se Pequim não aprender com esse exemplo, a economia doméstica da China continuará a ter desempenho abaixo do esperado enquanto Xi insiste na política de crédito fácil.
Traduzido do inglês por InvestNews
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