“Venda pré-tarifa! É pra valer!”, declara uma postagem no Facebook da loja de móveis Finally Home, avisando aos consumidores que façam seus pedidos agora antes que os preços “dobrem”.
A loja online é uma das muitas empresas que pedem aos clientes que comprem agora antes que as tarifas propostas pelo presidente eleito Donald Trump aumentem custos e preços dos produtos. Outras que repetem a mesma cantilena são os vendedores de equipamentos para atividades ao ar livre, adesivos, produtos de beleza e muito mais.
Ao longo de sua campanha, Trump prometeu impor tarifas de 60% sobre todos os produtos chineses e tarifas gerais de 10% a 20% sobre produtos de outros países. Na segunda-feira, ele apresentou planos para cobrar tarifas de 25% sobre as importações do México e do Canadá e um adicional de 10% sobre produtos vindos da China, citando que as taxas serviriam de reparação por facilitarem o abuso de drogas nos EUA, especialmente o fentanil. Se promulgadas, essas tarifas podem causar estragos nas cadeias de suprimentos de empresas e apertar as margens de lucro.
Não está claro quais tarifas serão impostas e o quanto elas afetarão os preços. As empresas agem em um momento em que o medo e a incerteza aumentam e os gastos do consumidor dão sinais de fraqueza. A Best Buy alertou para uma demanda mais fraca por eletrônicos, enquanto a Kohl’s e a Target relataram vendas mais baixas de vestuário no último trimestre.
O grande fim de semana de compras de fim de ano teve um bom começo: os gastos online para o Dia de Ação de Graças chegaram a US$ 6,1 bilhões, um aumento de 9% em relação ao ano passado, de acordo com a Adobe, empresa de softwares que também monitora compras on-line.
A marca de beleza Jolie Skin avisou aos clientes por e-mail que “garantam os preços atuais” antes que eles aumentem por causa de possíveis tarifas, como visto em capturas de tela compartilhadas nas redes sociais. A marca, que vende chuveiros como acessórios de beleza indispensáveis, usa o marketing viral para posicionar seu produto como uma ferramenta de purificação de água que beneficia a pele e o cabelo.
O e-mail da Jolie encoraja os clientes a agirem rápido e alerta que o preço de seu chuveiro com filtro aumente 25%, chegando a US$ 205, caso as tarifas entrem em vigor. A Jolie não respondeu aos pedidos de comentários.
A Tarptent, loja de artigos para esportes e atividades ao ar livre, aproveitou a ameaça iminente de tarifas para aumentar sua promoção em meados de novembro. Um post recente no Facebook promovendo sua venda da Black Friday, que oferecia até 35% de desconto em algumas barracas, dizia: “Esses são os melhores descontos que provavelmente ofereceremos até o ano que vem e, com possíveis tarifas se aproximando, podem ser os melhores preços por muito mais tempo do que isso”.
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Alguns influenciadores no TikTok estão alimentando o frenesi tarifário, pedindo às pessoas que comprem seus produtos favoritos no atacado agora. Outros na plataforma oferecem dicas sobre quanto tempo os itens do dia a dia, como maquiagem, xampus e alimentos, podem ser armazenados, ajudando os usuários a criar estratégias de estoque.
Por fim, a Home Furnishings, a loja de móveis, divulgou outro anúncio no Facebook no início deste mês: “Os mesmos itens que você está vendo agora custarão o dobro assim que as tarifas entrarem em vigor”. A mensagem levou vários clientes a fazer pedidos mais cedo, disse a proprietária, Sydney Arnold. A loja planeja expandir seus esforços com e-mails e correspondências tradicionais para espalhar a notícia.
“Há um equívoco de que os países que exportam as mercadorias irão arcar com o custo das tarifas; isso não é verdade”, disse Arnold. Na verdade, acrescentou ela, os aumentos de preços serão repassados aos consumidores.
Uma década atrás, Joe Onorato, dono da fabricante de varas de pesca personalizadas J&J Sports Service, costumava pagar US$ 15 por guias. Elas são os laços ao longo de uma vara de pesca que mantêm a linha perto da vara. Hoje, essas peças custam cerca de US$ 74.
“Estou olhando para meus gastos com materiais e pensando: ‘Bem, você acha que está pagando muito agora, espere até que as novas tarifas cheguem’”, disse Onorato, que obtém muitos de seus insumos de fabricantes que importam peças da Ásia.
Ele promoveu uma venda no Facebook em 18 de novembro como forma de alertar seus clientes. “Compre agora, as tarifas não são uma piada”, disse o post. “Vamos segurar o máximo que pudermos. Mas podemos dizer com certeza que esta pode ser a última ‘liquidação’ que você verá.”
A maioria das grandes corporações ainda não adotou avisos sobre possíveis tarifas em suas campanhas de marketing e talvez nem o faça explicitamente. Mas várias mencionaram que podem precisar repassar custos mais altos.
O executivo-chefe da AutoZone, Philip Daniele, disse a analistas que a loja de autopeças “repassará esses custos tarifários ao consumidor” caso se concretizarem. As tarifas “certamente aumentariam os custos do produto”, disse o diretor financeiro da Lowe, Brandon Sink, na recente teleconferência de resultados da empresa.
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As tarifas têm o potencial de reduzir em até US$ 78 bilhões o poder de compra anual dos consumidores americanos, aponta um estudo recente da Federação Nacional de Varejo.
Os proprietários de pequenas empresas disseram temer que os preços mais altos façam com que os compradores reduzam seus gastos e sejam mais seletivos com o tipo de produto que compram.
Anthony Ruiz, artista que vende adesivos e pins personalizados online, iniciou uma campanha de marketing no Instagram, Facebook e TikTok promovendo uma venda pré-tarifa com 25% de desconto em todos os itens de seu site.
“Na tentativa de encomendar mais adesivos antes que as tarifas entrem em vigor, estou realizando uma liquidação em todo o site!”, diz o anúncio.
Ruiz tem pressa para aumentar seu estoque, fazendo mais pedidos a seu fabricante na China antes de janeiro, para evitar o aumento dos preços. Ele calcula que o preço de um pin – um pequeno broche – suba de US$ 10 para US$ 17 se as tarifas entrarem em vigor.
Em apenas alguns dias, contou ele, sua campanha gerou 170 pedidos.
Escreva para Suzanne Vranica em [email protected]
Traduzido do inglês por InvestNews
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