Os políticos estão culpando uns aos outros pelas perdas nos terríveis incêndios florestais de Los Angeles, mas a verdade é que a mãe natureza pode ser impiedosa. As histórias sobre a escassez de água são conflitantes e precisam de mais tempo para serem esclarecidas. Mas não é cedo demais para observar que os políticos da Califórnia alimentaram uma crise no mercado de seguros que prejudicará os proprietários de imóveis e os contribuintes de todo o estado depois que os incêndios se extinguirem.

Rajadas de vento com a força de um furacão estão espalhando os incêndios pelo Condado de Los Angeles, especialmente em Pacific Palisades e Altadena, onde 2.000 estruturas haviam sido queimadas até a noite de quinta-feira (9), e a contagem continua. Pelo menos cinco pessoas morreram, e dezenas de milhares de edifícios estão em risco. A região sul da Califórnia raramente sofreu com ventos tão fortes, e os dois últimos invernos úmidos produziram uma grande quantidade de vegetação combustível que se tornou alimento para o fogo por conta dos últimos meses secos.

Essas condições criaram uma tempestade perfeita que pode tornar este o incêndio florestal mais caro da história dos EUA. A tragédia humana é fundamental. Mas os prejuízos com os seguros serão da ordem de dezenas de bilhões de dólares ou mais. Os danos poderiam falir a seguradora estadual subcapitalizada de last resort – que cobre danos a partes não cobertas por outras apólices -, a FAIR. É quase certo que as seguradoras privadas aumentarão os prêmios, cancelarão as apólices ou sairão da Califórnia.

As seguradoras já haviam cancelado centenas de milhares de apólices e limitado a cobertura em áreas propensas a incêndios florestais. Os democratas culpam a mudança climática, que se tornou uma desculpa universal para qualquer fracasso no combate a desastres. Mas o verdadeiro problema do seguro é que os órgãos reguladores estaduais impediram as seguradoras de cobrar prêmios que refletissem de forma correta os riscos e os custos.

A Califórnia é o único estado que até agora não permitiu que as seguradoras incorporassem o custo do resseguro nos prêmios. Até este ano, também proibia que as seguradoras ajustassem os prêmios usando a prática padrão do setor de modelagem de catástrofes para prever o risco futuro de uma propriedade. As seguradoras só podiam avaliar os prêmios com base em perdas históricas.