Os diamantes naturais estão perdendo seu brilho. O que será necessário para recuperá-lo?
Após um aumento na demanda pós-pandemia em 2021 e 2022, os preços dos diamantes naturais caíram cerca de 8% em comparação com o primeiro trimestre de 2020, enquanto os preços dos diamantes sintéticos despencaram 75%, segundo dados do analista do setor Paul Zimnisky.
Os preços dos diamantes sintéticos caem porque seu custo de produção continua diminuindo, mas a fraca demanda é a principal responsável pela queda nos preços dos diamantes naturais.
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A situação ficou tão crítica que a De Beers, uma das maiores mineradoras de diamantes do mundo, controlada pela Anglo American, reduziu os preços de seus diamantes brutos entre 10% e 15% em sua venda de dezembro, segundo a publicação setorial Rapaport News. Especialistas afirmam que é raro a De Beers cortar seus próprios preços. Botsuana, um dos principais produtores de diamantes, projeta que sua economia pode se contrair 1,7% devido à queda nas vendas, segundo a Reuters.
Os consumidores americanos, no maior mercado de diamantes do mundo, estão optando por diamantes sintéticos maiores e mais baratos. As vendas de joias com diamantes naturais nos Estados Unidos caíram 0,7% até novembro em comparação com o ano anterior, enquanto as vendas de joias com diamantes sintéticos cresceram 12,5%, segundo o analista Edahn Golan.
Em uma pesquisa de 2024 com consumidores americanos realizada pelo The Knot, plataforma online de planejamento de casamentos, mais de 50% dos entrevistados disseram que seus anéis de noivado tinham um diamante sintético como pedra central, acima dos 46% em 2023 e 12% em 2019. Segundo o Instituto Gemológico da América, diamantes sintéticos têm praticamente as mesmas propriedades químicas, ópticas e físicas que os naturais, tornando impossível identificar diferenças a olho nu.
A demanda também está fraca na China, tradicionalmente o segundo maior mercado. A procura por joias com diamantes no país caiu cerca de 25% em 2024 em comparação com 2023, que já havia sido um ano fraco, segundo Golan. Isso acompanha a queda geral nos gastos chineses com bens de luxo.
A incerteza econômica parece estar tornando o ouro mais popular que os diamantes: cerca de 77% das vendas dos varejistas de joias chineses vieram de produtos de investimento em ouro ou joias de ouro até julho de 2024, acima dos 71% de dois anos antes, segundo relatório do Conselho Mundial do Ouro. A participação dos diamantes nas vendas caiu de 16% para 9% no mesmo período.
Atualmente, os varejistas têm forte incentivo para vender diamantes sintéticos. Em teleconferência no início de dezembro, a Signet Jewelers informou que os custos de produção de diamantes sintéticos estão caindo mais rapidamente que seus preços no varejo. A queda acelerada nos custos permite que fabricantes e varejistas mantenham boas margens mesmo com preços menores. A faixa de preço mais acessível atrai novos consumidores — tanto aqueles que antes não comprariam anéis de noivado com diamantes quanto os que agora podem considerar joias com diamantes como acessórios.
As barreiras para entrar na produção de diamantes sintéticos são baixas: o custo dos equipamentos diminuiu, e a Índia — um dos maiores produtores — oferece subsídios atrativos para estimular exportações. Isso significa que os preços no atacado podem continuar caindo, mesmo que não no ritmo acelerado dos últimos anos.
O que seria necessário para os diamantes naturais recuperarem seu brilho?
Mineradoras como a De Beers esperam que a crescente diferença de preços leve os consumidores a considerarem os sintéticos uma categoria completamente diferente, não um substituto. A subsidiária de diamantes sintéticos da empresa, Lightbox, é conhecida por oferecer preços abaixo do mercado. Em um comunicado no início do ano, Sandrine Conseiller, CEO das marcas De Beers, afirmou: “A diferença de preço entre diamantes naturais e sintéticos no varejo está crescendo rapidamente, aumentando a consciência dos consumidores de que são produtos fundamentalmente muito diferentes.”
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No primeiro trimestre de 2024, um diamante sintético de 1,5 quilate custava cerca de 80% menos que um diamante natural de qualidade equivalente. Em 2018, essa diferença era de 40%, segundo relatório do setor produzido pela Boston Consulting Group e De Beers.
A recuperação também pode exigir campanhas publicitárias agressivas. Há alguns meses, De Beers e Signet Jewelers, maior varejista de joias com diamantes dos EUA, lançaram uma campanha com o slogan “Worth the Wait” (em tradução livre, “Vale a Espera”) para impulsionar vendas de diamantes naturais.
Mais importante, porém, é que os incentivos aos varejistas precisam mudar: afinal, a maioria dos consumidores acaba escolhendo diamantes sintéticos nas lojas. Durante um tempo, os varejistas tinham claros incentivos para convencer clientes a optar por anéis maiores com diamantes sintéticos. Em 2019, joalheiros que convenciam um cliente a trocar um diamante natural de 1 a 1,49 quilate por um sintético de 2 quilates ganhavam US$ 1.500 a mais em lucro bruto, segundo o relatório da BCG.
Mas em 2023, essa equação se inverteu com a queda dos preços no varejo. Agora, os varejistas precisam vender um diamante sintético de 3 quilates para obter o mesmo lucro bruto de um natural de 1 a 1,49 quilate. Eventualmente, os varejistas podem chegar a um limite para aumentar o tamanho: é difícil imaginar que anéis de noivado de 4 ou 5 quilates se tornem padrão.
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Há sinais iniciais de que as margens dos varejistas com diamantes sintéticos atingiram seu pico, chegando a 90% para certas pedras no primeiro trimestre deste ano, segundo Zimnisky. Isso é muito superior às margens de 30% a 40% dos diamantes naturais. No entanto, essas margens já recuaram para cerca de 80% recentemente. Zimnisky observa que os preços no atacado estão se estabilizando após anos de quedas rápidas, enquanto o mercado varejista de diamantes sintéticos fica mais competitivo: até o Walmart já os vende.
Essa corrida para baixo pode eventualmente realizar a esperança da De Beers de tornar os diamantes sintéticos tão baratos que se transformem em uma categoria completamente diferente. Teoricamente, se as margens no varejo caírem aos níveis dos diamantes naturais, um diamante sintético de alta qualidade de 1 quilate poderia custar apenas US$ 275, observa Zimnisky. Isso em comparação com cerca de US$ 4.200 por um diamante natural equivalente.
Até agora, porém, os jovens americanos parecem perfeitamente satisfeitos em comprar anéis de noivado com diamantes sintéticos, e os varejistas estão felizes em oferecer pedras maiores. A queda nos preços dos diamantes naturais também não ajudou muito a reforçar seu apelo como um ativo de valor.
Uma coisa parece clara: recuperar o prestígio dos diamantes naturais exigirá muito trabalho das empresas que os extraem e das que vendem joias com eles. Não virá naturalmente.
Escreva para Jinjoo Lee em [email protected]
Traduzido do inglês por InvestNews
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