Companhias chinesas fabricantes de ímãs de terras raras estão encontrando maneiras de contornar as difíceis restrições de exportação, na tentativa de manter as vendas para clientes ocidentais sem violar as normas das autoridades chinesas.

As empresas estão ajustando as fórmulas dos ímãs para evitar o uso de certos elementos de terras raras restritos e elaborando outras estratégias para tirar ímãs potentes do país — como incorporá-los previamente em motores — segundo funcionários de grandes fabricantes chineses e de empresas ocidentais que compram deles.

Essas estratégias — legais — não funcionam perfeitamente e os novos ímãs às vezes apresentam desempenho diferente dos tradicionais. Mas as fabricantes chinesas têm uma capacidade enorme e crescente de produção e afirmam estar determinadas a encontrar maneiras legais de continuar exportando.

A iniciativa é o capítulo mais recente da disputa que opõe China e EUA no setor de terras raras. A China domina a oferta global desses minerais e dos ímãs produzidos com eles, essenciais para carros, turbinas eólicas e caças militares.

No início deste ano, em meio ao confronto com o governo Trump sobre tarifas americanas, Pequim criou um novo regime de licenciamento de exportações, estrangulando a oferta de terras raras e prejudicando empresas ocidentais. Como parte de um acordo com os EUA em outubro, a China concordou em adiar certas restrições iminentes, mas empresas do Ocidente temem que a oferta ainda seja insuficiente.

Isso levou as fabricantes chinesas a buscar novas maneiras de manter o fluxo de produtos.

Uma abordagem tem sido recorrer a inovações técnicas. Tipos poderosos de ímãs — usados em motores automotivos, robótica e máquinas industriais — normalmente utilizam pequenas quantidades de disprósio e térbio, dois elementos “pesados” de terras raras que permitem que os ímãs funcionem em altas temperaturas.

Regras chinesas introduzidas em abril determinaram que ímãs contendo mesmo pequenas quantidades desses elementos precisam de licença de exportação. Obter essa aprovação pode levar semanas ou meses — quando vem.

Isso desencadeou uma corrida para produzir ímãs eficientes sem terras raras pesadas. Para aumentar a resistência ao calor, algumas empresas estão triturando o material magnético até partículas ultrafinas — um processo que exige maquinário especializado e encarece a produção. Embora o desenvolvimento desses ímãs já ocorresse há anos, as restrições aceleraram o esforço.

Os ímãs resultantes são projetados para operar a cerca de 150 ºC, suficientes para aparelhos domésticos, mas insuficientes para montadoras e fabricantes de aviões, que exigem tolerância térmica maior.

Entre as empresas que promovem ímãs livres de elementos restritos estão Yonjumag, Anhui Hanhai New Material, Zhaobao Magnet e X-Mag. A X-Mag chegou a publicar gráficos detalhando seu progresso.

“Com o aperto nas cadeias globais de suprimento de terras raras pesadas, desenvolver ímãs sem esses elementos se tornou cada vez mais crítico”, disse a empresa em outubro.

A Zhaobao afirmou no LinkedIn que está “constantemente desenvolvendo novas séries de ímãs de alto desempenho livres de elementos restritos”. Após o anúncio dos controles em abril, a Yonjumag divulgou um catálogo para compradores estrangeiros listando “contramedidas”, como a venda de ímãs sem terras raras pesadas.

Muitas empresas ocidentais estão comprando esses ímãs, apesar das dúvidas sobre sua performance.
“Não poder usar elementos pesados realmente reduz um pouco o desempenho em altas temperaturas, mas para a maioria dos clientes, um ímã funcional é melhor do que nenhum”, escreveu no LinkedIn Dylan Kui, de uma fabricante chinesa.

A sensibilidade política do tema é grande. Sob um post de Kui, o gerente de outra fabricante comentou que ele deveria ter cuidado ao divulgar informações técnicas, por risco regulatório.

Para contornar as regras, empresas também estão exportando motores e componentes que já têm ímãs embutidos, aproveitando que os produtos finais não estão sob as mesmas restrições.

Com o tema cada vez mais sensível, as empresas reforçaram programas de conformidade e Pequim intensificou repressões ao contrabando. Em outubro, a China adicionou hálsio à lista de materiais restritos — elemento que algumas fabricantes estavam usando para driblar as regras.

Embora os atalhos possam funcionar por algum tempo, empresas e traders alertam que Pequim pode explorar novamente sua posição dominante em terras raras para obter vantagem geopolítica, impondo controles ainda mais rígidos.

Fabricantes chinesas dizem que clientes estrangeiros estão cada vez mais frustrados e desenvolvendo fontes alternativas fora da China.

“Quando essas fontes estiverem prontas e viáveis, acabou para vocês”, disse um comprador estrangeiro a um funcionário chinês, segundo relato deste.

Escreva para Jon Emont em jonathan.emont@wsj.com

Traduzido do inglês por InvestNews