Quando o diretor Christopher Landon apresentou seu novo thriller, “Drop: Ameaça Anônima”, antes de sua estreia no Chinese Theatre, na Calçada da Fama de Hollywood, ele avisou o auditório lotado.
“A situação está muito difícil para o filme original”, disse ele, pedindo a todos que gostaram do lançamento da Universal Pictures que o divulguem nas ruas e nas redes sociais.
“Drop” estreou com cerca de US$ 7,5 milhões no mercado interno, um dos dois novos filmes baseados em novas ideias que fracassaram nas bilheterias.
O outro foi “Operação Vingança”, da Disney, thriller de espionagem adaptado de um livro pouco conhecido de 1981, que estreou com cerca de US$ 15 milhões.
Depois de anos de queixas de espectadores e insiders de Hollywood sobre a enxurrada aparentemente ininterrupta de sequências, spin-offs e adaptações de histórias em quadrinhos e brinquedos, a indústria cinematográfica começou a apostar mais em ideias originais.
Os resultados foram ruins.
Bilheteria decepcionante
Quase todos os filmes lançados por um grande estúdio no ano passado com base em um roteiro original ou em um livro pouco conhecido foram uma decepção de bilheteria.
Antes dos fracassos deste fim de semana houve “Mickey 17” e “The Alto Knights – Máfia e Poder” da Warner Bros. Discovery, “Novocaine: À Prova de Dor” da Paramount, “Como Vender a Lua” da Apple, “Operação Natal” da Amazon e os independentes “Horizon: Uma Saga Americana – Capítulo 1” e “Megalópolis”.
Jason Blum, que produziu “Drop” e construiu sua empresa, a Blumhouse, basicamente com franquias de terror originais, disse que a preferência do público por histórias conhecidas dificultou o lançamento de filmes originais nos cinemas, “mesmo que seja o lugar onde algumas das narrativas mais emocionantes e arriscadas ainda existem”.
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Levar as pessoas aos cinemas com mais frequência é uma prioridade para a indústria cinematográfica, que ainda se recupera da pandemia.
A receita de bilheteria nos primeiros três meses deste ano nos EUA e no Canadá foi a mais baixa, excluindo a pandemia, desde 1996.
Na convenção da indústria, a CinemaCon, no início de abril, os proprietários de salas afirmaram gostar de receber mais filmes originais, mas só se forem apoiados por campanhas publicitárias robustas.
Divulgar um novo filme em um ambiente de mídia fraturado entre YouTube, TikTok, streaming e esportes é difícil, principalmente quando se trata de um título desconhecido.
“Estamos lançando filmes que têm quase zero de conscientização”, disse Bill Barstow, presidente da Main Street Theatres, pequena rede com sede em Nebraska.
Muitos consumidores se contentam em esperar até que um filme original esteja disponível para aluguel online algumas semanas após seu lançamento nos cinemas. Ou ainda prefere assisti-lo em um serviço como o Netflix após alguns meses.
Novas franquias para o cinema
Os únicos filmes que fazem sucesso no ambiente atual são aqueles com público interno, como “Um Filme Minecraft”, que foi lançado no início de abril e arrecadou mais de US$ 280 milhões no mercado interno. E hoje, até mesmo as franquias podem estar longe de ser uma aposta certa.
Séries de longa duração, como a dos super-heróis da Marvel e da DC e remakes live-action de clássicos animados da Disney, estão envelhecendo e se mostrando pouco confiáveis nas bilheterias.
Os estúdios dizem que têm pouca escolha, a não ser fazer mais filmes originais que consigam vencer as probabilidades.
“Contar histórias originais e correr riscos é o único caminho para a criação de novas franquias globais”, disse Bill Damaschke, chefe de animação da Warner Bros., na CinemaCon.
Parte do aumento nos lançamentos originais se deve à Amazon e à Apple, que estão construindo negócios de filmes com algumas franquias bem estabelecidas. Uma das maiores apostas em um filme original de qualquer empresa este ano é “F1”, da Apple, com lançamento em junho e estrelado por Brad Pitt no papel de um piloto de corrida.
A Amazon divulgou 11 filmes na CinemaCon, dos quais seis eram originais. Entre os estúdios tradicionais, a Warner Bros. é a que mais se arrisca nos originais, com filmes de grande orçamento dos diretores Paul Thomas Anderson e Maggie Gyllenhaal.
O próximo lançamento original de Hollywood será “Pecadores”, da Warner, filme de terror estrelado por Michael B. Jordan. No mês que vem, até a Marvel, lar das maiores franquias de Hollywood, fez sua aposta com “Thunderbolts”, sobre um supergrupo novo para todos, exceto para os maiores fãs de quadrinhos.
Traduzido do inglês por InvestNews
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