Um dos últimos grandes conglomerados industriais dos EUA está se dividindo.

A Honeywell atua no setor aeroespacial (faz turbinas), de automação industrial, materiais avançados (como fibras) e energia limpa. Agora, ela planeja separar sua divisão aeroespacial do negócio de automação e tocar os projetos de desmembramento da área de materiais avançados. Ou seja, dividir-se em três empresas, confirmando uma reportagem anterior do Wall Street Journal 

As mudanças são o ápice de uma revisão de portfólio que o conselho da Honeywell e seu CEO, Vimal Kapur, iniciaram há cerca de um ano. 

A gestora Elliott Investment Management está pressionando a Honeywell a se separar. Ao pedir a separação, a Elliott mencionou o sucesso da General Electric desde que esta completou sua separação em 2024. 

As unidades aeroespacial, energética e de saúde da GE são agora negócios independentes que, juntas, têm um valor de mercado quase quatro vezes maior que o de 2022. Só a unidade aeroespacial vale cerca de US$ 215 bilhões, mais que o dobro do que valia antes da separação. 

O preço das ações da Honeywell não vinha bem em comparação com o resto do mercado, deixando o conglomerado de quase US$ 150 bilhões vulnerável na chegada da Elliott. Na quinta-feira, as ações inicialmente subiram com a notícia da separação, mas caíram 5% depois que os executivos previram receita e lucros em 2025 abaixo das expectativas de Wall Street.

Kapur disse que, durante o processo de revisão, percebeu o seguinte: o segmento aeroespacial, em particular, estava “divergindo cada vez mais” de outras partes da Honeywell, devido ao seu rápido crescimento e maiores ventos contrários na indústria. “Chegamos à conclusão de que [essas três empresas] funcionam melhor separadas”, disse ele em uma entrevista.

Kapur, executivo de longa data da Honeywell, assumiu o cargo de CEO em junho de 2023. Sob sua supervisão, o conglomerado já havia dito que iria desmembrar a divisão de materiais avançados e vender um segmento de equipamentos de proteção individual. Kapur procurou crescer com negócios menores, como a compra de US$ 5 bilhões de uma empresa de segurança e um acordo de US$ 2 bilhões por uma empresa de tecnologia aeroespacial e de defesa. 

Uma geração de gigantes 

Os investidores há anos pressionam os conglomerados industriais a desmembrar ou vender negócios não relacionados na tentativa de simplificar e focar suas operações, tornando sua proposta de valor mais clara para Wall Street. 

Grandes conglomerados como United Technologies, Danaher e Alcoa tiveram desempenho melhor e múltiplos mais altos após a divisão. Outros tiveram problemas. 

Um estudo da Bain & Co. de 350 desmembramentos públicos entre 2000 e 2020 mostrou que metade das empresas não conseguiu criar valor para os acionistas dois anos após a cisão, e um quarto delas viu seu valor ser corroído. “É muito difícil separar e transformar ao mesmo tempo”, disse Jeff Haxer, líder da equipe de desmembramento da Bain. 

A Elliott disse na quinta-feira que acolheu as mudanças na Honeywell e que apoiaria a equipe de gerenciamento na separação.

GE como guia 

A General Electric passou uma década encerrando negócios díspares, incluindo um banco e fábricas de eletrodomésticos. Larry Culp, que se tornou CEO da GE em 2018 e agora dirige o negócio aeroespacial desmembrado, pagou mais de US$ 100 bilhões em dívidas. 

Após a pandemia, o negócio aeroespacial da GE se beneficiou da crescente demanda por viagens aéreas e da força operacional que era subestimada antes da divisão, de acordo com analistas. 

O negócio de energia, GE Vernova, foi um ponto problemático no momento da divisão, mas desde então tem surfado uma onda da alta demanda por energia agora que os avanços na inteligência artificial impulsionam o rápido crescimento dos data centers. 

Culp, em entrevista, disse que os líderes das unidades de negócios deram prioridade a melhorias operacionais e culturais, o que criou negócios mais fortes e mais atraentes para investidores interessados em setores específicos. 

“A oportunidade de comprar líderes globais sem esses negócios paralelos é o que os mercados de capitais querem”, afirmou ele. 

Objetivo: simplificar 

A separação dos negócios de automação e aeroespacial da Honeywell deve ser concluída até o segundo semestre de 2026, de acordo com a empresa. Ela espera que os três novos negócios tenham maior flexibilidade financeira e equipes de gerenciamento focadas. 

Hoje, a Honeywell obtém cerca de 40% de sua receita anual do negócio aeroespacial, que fabrica motores e sistemas de cabine para a Boeing e outros. Recentemente, resultados abaixo do esperado nas unidades de automação industrial e de construção da Honeywell prejudicaram os lucros. 

Uma empresa aeroespacial independente da Honeywell seria um dos maiores fornecedores aeroespaciais, tendo registrado US$ 15 bilhões em receita em 2024. O negócio de automação registrou US$ 18 bilhões em receita no ano passado. O negócio menor de materiais avançados gerou cerca de US$ 4 bilhões em receita. 

Escreva para Lauren Thomas em [email protected] e Sharon Terlep em [email protected]

Traduzido do inglês por InvestNews

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