Agora que a megamarca Louis Vuitton, avaliada em US$ 20 bilhões, está finalmente entrando no ramo dos cosméticos, com a maquiadora Pat McGrath como diretora criativa, ela voltou no tempo para trazer a história da casa para o presente. A maquiadora passou cinco anos trabalhando na linha, incluindo meses vasculhando arquivos.
“Fiquei impressionada com aqueles baús vintage, os padrões de monogramas, a técnica, os detalhes icônicos, os couros, as texturas, o trabalho artesanal”, diz Pat McGrath, 54, que trabalha com a Vuitton em seus desfiles de moda há mais de 20 anos. “Isso se tornou a base do meu processo criativo.”
As oito paletas de sombras, 10 protetores labiais e 55 batons (para representar os algarismos romanos correspondentes a “LV”) serão vendidos exclusivamente em lojas selecionadas no mundo ainda neste mês.
Os preços da linha, conhecida como La Beauté Louis Vuitton, ressaltam que se trata de itens de luxo: o batom perfumado custa US$ 160 (R$ 850) — o dobro de um produto similar da Hermès e três vezes o da Chanel — enquanto a paleta de sombras custa US$ 250 (R$ 1,3 mil). A embalagem preta e elegante com monograma é recarregável.
Os superfãs da Vuitton podem completar suas coleções com um mini estojo de lona com monograma por US$ 2.990 (R$ 16 mil) para os batons e uma bolsa para sombras por US$ 530 (R$ 2,8 mil).
Pressão na Louis Vuitton
O lançamento acontece em um momento em que a Louis Vuitton e o setor de luxo em geral estão sendo pressionados em muitas frentes.
O tráfego nas lojas diminuiu.
O ânimo do consumidor em grandes mercados como China e EUA esfriou.
Ampliar a oferta de produtos de beleza, dizem analistas, é uma maneira de atrair mais compradores e oferecer mais pontos de acesso para consumidores curiosos.
Conhecida como “Mãe” por seus acólitos na indústria da moda, McGrath criou linhas de cosméticos para Giorgio Armani e Dolce & Gabbana, bem como sua própria marca homônima em 2015, da qual é proprietária juntamente com investidores minoritários. Ela criou máscaras de lantejoulas para a Givenchy, looks de filme noir para a Prada e uma homenagem a David Bowie para a Maison Margiela.
McGrath é famosa por viajar com até 80 frasqueiras cheias de maquiagem, lantejoulas e rendas, mas também sua biblioteca de livros e referências.
Por isso, ela está particularmente animada com a frasqueira com preços exorbitantes e sob consulta que será lançada com a coleção de maquiagem.
Cada detalhe, desde a colocação de uma caixa de lenços embutida até a iluminação que funciona melhor com diferentes tons de pele, foi pensado com cuidado.
“Você vai ficar tão emocionado que vai chorar quando vir isso”, diz McGrath.
A linha de maquiagem faz parte das recentes incursões da Louis Vuitton em novas ofertas, incluindo cafés e chocolates. Pietro Beccari, que é o presidente-executivo da empresa desde 2023, diz que sua visão do futuro do varejo é o “retailtainment” — uma mistura de narrativa, compras e entretenimento.
Durante sua primeira passagem pela empresa, que foi o segundo no comando antes de sair para liderar a Fendi e depois a Christian Dior Couture, Beccari contribuiu para o empreendimento da casa no setor de fragrâncias. “Essa divisão agora está crescendo a uma taxa de dois dígitos no mundo todo, apesar das dificuldades gerais no mercado”, diz ele.
“As novas categorias permitem que mais pessoas comprem uma parte da lenda”, diz Beccari.
Fidelidade à marca
“Lançar maquiagem é uma maneira inteligente de criar um trampolim para aquele consumidor ambicioso que foi excluído do mercado e não encontrou um motivo para voltar”, diz Erwan Rambourg, que lidera a pesquisa de consumo e varejo no HSBC. “É mais um criador de fidelidade, um gerador de tráfego”, acrescenta.
“As primeiras compras são importantes na Louis Vuitton”, diz Rambourg.
Em comparação com seus concorrentes de ultraluxo, como Hermès e Chanel, ela se vê como uma marca de luxo um pouco mais acessível que se esforça para dominar a base da pirâmide, ele observa. A ideia é que jovens de 18 a 22 anos queiram que sua primeira bolsa de marca seja uma Vuitton, ele diz.
“O objetivo não foi apenas maquiagem”, diz McGrath. “Tratou-se realmente de uma celebração do luxo e da arte, seguindo a essência dos designs atemporais de Nicolas Ghesquière [diretor da coleção feminina da LV].”
E o baú? Está a caminho. McGrath mudou o sofá de lugar para que este extravagante hino à beleza possa ficar no centro da sua sala de estar em Nova York.
Traduzido do inglês por InvestNews
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