No domingo (6), os mercados futuros indicavam mais estragos para esta segunda-feira (7), após dois dias de quedas extraordinárias. Normalmente, seria de se esperar alguma recuperação, mesmo que fosse apenas um breve repique técnico, depois de uma liquidação tão intensa. Mas há quem alerte sobre dificuldades econômicas no horizonte.
Um deles é a maior venda no mercado de títulos de alto risco (junk bonds) desde 2020, ano do início da pandemia. O prêmio exigido por investidores para deter dívidas corporativas de alto risco subiu um ponto percentual, indo para 4,5%, no final da semana passada, após o ataque tarifário de Trump, de acordo com o índice ICE BofA.
Isso é um sinal de que os investidores estão se protegendo contra riscos na economia. No pior cenário, é um indício de medo de que as tarifas e suas consequências possam provocar inadimplência. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, queria um rendimento mais baixo para os títulos do Tesouro de 10 anos — e conseguiu. Mas esse rendimento pode cair tanto por expectativas de crescimento mais lento quanto por uma inflação mais baixa. Esperamos que alguém no Tesouro esteja prestando atenção ao mercado de dívida corporativa.
Um segundo canário é a fuga do dólar americano. Tipicamente, momentos de incerteza levam a uma busca por segurança — o que geralmente significa ativos denominados em dólares. Desta vez, o dólar caiu frente ao euro, ao iene e à libra esterlina. Houve uma leve recuperação na sexta-feira (4), mas uma nova queda do dólar seria outro mau presságio.
Um terceiro canário é a mudança na percepção de risco de recessão em Wall Street. Analistas da Evercore ISI veem as tarifas como um “forte entrave” ao crescimento. Eles reduziram a estimativa de crescimento do PIB do ano para 1% e elevaram a probabilidade de recessão para 40%.
Os economistas do JPMorgan agora preveem recessão, embora leve, com contração de 0,3% no PIB e a taxa de desemprego subindo para 5,3%, ante os 4,2% registrados em março. Praticamente todos os economistas que não trabalham para Peter Navarro na Casa Branca reduziram suas estimativas de crescimento após a imposição das tarifas de Trump. Este não é o boom econômico que o presidente dos Estados Unidos prometeu aos eleitores da classe trabalhadora.
O consenso de Wall Street já errou antes, e nada está escrito em pedra. As retaliações comerciais podem ser menores do que o esperado, e Trump pode mudar de rumo. Mas os formuladores de políticas ignoram os sinais do mercado por sua conta e risco.
Traduzido do inglês por InvestNews
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