A política monetária da China finalmente afrouxou
Quando tudo o mais falha, Pequim tenta mais uma vez a solução do crédito mais fácil
Na segunda-feira (9), os mercados aplaudiram o mais recente esforço de Pequim para impulsionar a economia em dificuldades da China, e por que não? As autoridades sinalizaram sua intenção de afrouxar a política monetária, e o dinheiro fácil geralmente eleva as ações e outros ativos financeiros – pelo menos por um tempo. Quanto ao restante da economia, é melhor não perguntar.
O Politburo, o mais alto órgão do Partido Comunista, anunciou que em 2025 o governo “implementará uma política fiscal mais ativa e uma política monetária moderadamente frouxa”. Essa é uma mudança em relação ao compromisso com políticas monetárias “prudentes” em vigor desde 2011. As ações dispararam, especialmente em Hong Kong, e o rendimento dos títulos do governo chinês caiu para uma baixa recorde próxima a 1,92%.
O sinal de política explica os movimentos do mercado, mas o que o anúncio significará na prática é uma incógnita. Os economistas dentro e fora da China – a maioria de tendência keynesiana – estão clamando por grandes bazucas monetárias e fiscais, como grandes volumes de criação de novos créditos e gastos governamentais alimentados por dívidas para estimular o consumo.
Os esforços de Pequim nesse sentido não funcionaram bem no passado, nem foram desprezíveis. Houve o esforço de 300 bilhões de yuans (R$ 250,6 bilhões) em maio, posteriormente expandido para 500 bilhões de yuans (R$ 417,6 bi), para financiar as compras de moradias do governo local e colocar um piso sob o mercado imobiliário em queda. Houve já também um programa de troca de 300 bilhões de yuans (R$ 250,6 bi) para eletrodomésticos e equipamentos industriais. E outros 800 bilhões de yuans (R$ 668,2 bi)em subsídios para empréstimos para impulsionar o mercado de ações.
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Mais recentemente, há os 10 trilhões de yuans (R$ 8,35 tri) prometidos ao longo de vários anos para ajudar os governos locais a limpar os empréstimos imobiliários ruins escondidos em seus balanços patrimoniais. Isso aborda um sério impedimento às perspectivas de crescimento de longo prazo e à estabilidade financeira da China e pode ajudar os governos locais a pagar suas folhas de pagamento. Porém, como estímulo à economia, essa engenharia financeira não é suficiente.
A China precisa de um renascimento das empresas privadas, no qual o investimento em empreendedorismo aumente a produtividade, os salários e o consumo interno. Isso não aconteceu porque o objetivo ideológico primordial do Sr. Xi é impor o controle do Partido sobre segmentos cada vez maiores da economia.
Uma questão é quando tudo isso se tornará absolutamente perigoso. Pequim já está preocupada com uma bolha na dívida do governo, pois os órgãos reguladores temem uma implosão em uma instituição financeira chinesa, à semelhança do Silicon Valley Bank dos EUA. No entanto, uma política monetária mais frouxa poderia elevar os preços dos títulos.
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Sabemos que não está na moda, mas alguém precisa mencionar a taxa de câmbio. As ameaças do presidente eleito Trump de uma guerra tarifária já provocaram um declínio do yuan em relação ao dólar, e uma política monetária doméstica mais frouxa provavelmente fará o mesmo. Isso pode ou não ajudar alguns exportadores, mas com certeza diminui o poder de compra das famílias chinesas no mercado global e incentiva mais fuga de capital.
Mais gastos e dinheiro fácil podem impulsionar a economia por um tempo, mas não são as reformas de mercado de que a China realmente precisa.
traduzido do inglês por investnews