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Ações japonesas parecem diferentes – e melhores – que as dos anos 1980

Agora, o mercado dos EUA está dominado por ações de crescimento efervescente, enquanto que o Japão oferece uma alternativa atraente.

Por Jacky Wong The wall street Journal
Publicado em
4 min
traduzido do inglês por investnews

Publicado originalmente em 22 de fevereiro de 2024.

Na última vez que os investidores estiveram bem interessados nas ações japonesas, o Walkman ainda era um sucesso e as bandanas eram acessórios de moda essenciais. Mas com o Nikkei 225 finalmente ultrapassando sua máxima de 34 anos atrás, o Japão está recebendo mais atenção dos investidores estrangeiros novamente.

A notícia particularmente boa para os investidores americanos que desejam ir além de suas fronteiras mais conhecidas é que as ações de geração de valor têm sido a estratégia vencedora no Japão — mais ou menos o inverso dos EUA, onde a tese de crescimento domina o cenário. Isso se soma a uma oportunidade de diversificação potencialmente útil — especialmente porque as tendências que impulsionam o desempenho superior do valor no Japão não têm muito a ver com as dos EUA, ou mesmo com o desempenho cíclico da própria economia japonesa, onde a recessão acaba de voltar.

Em 1989, o Japão foi o campeão do crescimento. Sua economia crescia e suas empresas influenciavam todo o mundo. Não mais. Mas isso não impediu o desempenho do mercado. O índice Topix, considerado mais representativo que o Nikkei, mais que dobrou na última década.

E as ações de geração de valor estão em voga, especialmente nos últimos anos. Os retornos totais do MSCI Japan Value Index (índice de valor) superaram o Japan Growth Index (índice de crescimento)  em cerca de 40 pontos percentuais nos últimos três anos, em termos dolarizados. Mesmo em um horizonte de dez anos, as ações de geração de valor japonesas superaram as ações de crescimento em cerca de dez pontos percentuais. O índice MSCI USA Growth, por outro lado, superou o índice de valor em quase 200 pontos percentuais nos últimos dez anos, em termos de retornos totais.

Os lucros das empresas estão bem ultimamente, em parte graças ao iene fraco. Para empresas japonesas que haviam divulgado seus resultados até 9 de fevereiro, os lucros recorrentes do trimestre de dezembro subiram 18% ano a ano, excluindo o SoftBank, que registrou grandes ganhos com seus investimentos em tecnologia, de acordo com o Goldman Sachs. 

Porém, uma razão maior pela qual o mercado tem se destacado é que as empresas japonesas estão cada vez mais adeptas das iniciativas de governança corporativa iniciadas sob o então primeiro-ministro Shinzo Abe. A Bolsa de Valores de Tóquio encorajou as empresas a tomarem medidas para melhorar as avaliações deprimidas, incluindo apontar indiretamente aquelas que não apresentaram um plano de eficiência de capital.

Os retornos dos acionistas vêm subindo. Na última década, o número de recompras anunciadas por empresas japonesas triplicou, e as participações estratégicas diminuíram 20%, de acordo com o JPMorgan. Balanços inchados com caixa excessivo e participações cruzadas são um grande obstáculo para as avaliações. Cerca de 40% das empresas listadas no Prime Market da Bolsa de Tóquio negociam abaixo de seu valor contábil. Isso representa uma queda em relação aos 50% do ano anterior, mas ainda deixa muito espaço para melhorias.

Até o investidor de valor mais famoso do mundo se juntou à festa. Warren Buffett se deu bem ao investir em cinco tradings japonesas — conglomerados com negócios que vão da mineração ao varejo — nos últimos anos. Essas empresas são exemplos clássicos de geração de valor — negociação em múltiplos baixos com altos rendimentos de dividendos. Ou pelo menos eram quando Buffett as comprou.

Ainda há bolsões reais de crescimento no mercado japonês: fabricantes de equipamentos semicondutores ou fabricantes de jogos, por exemplo. Mas a verdadeira atração para muitos é a profusão do mercado de outras ações, muitas vezes ignoradas e com avaliações baixas — e o potencial para retornos mais altos.

Isso certamente encanta os investidores americanos, especialmente aqueles preocupados com a situação em casa, que pode se parecer mais com a do Japão de antigamente.

Escreva para Jacky Wong em [email protected]

traduzido do inglês por investnews