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Anime é a próxima onda global do entretenimento, e a Netflix já sabe disso

Mercado global da animação japonesa mais que dobrou entre 2012 e 2022 e atingiu US$ 20 bilhões

Por Jacky Wong The wall street Journal
Publicado em
4 min
traduzido do inglês por investnews

Saia da frente, Marvel! A próxima franquia de entretenimento de sucesso pode vir do Japão. 

O anime está se tornando a nova grande indústria de exportação do país, além dos carros e dos eletrônicos. Essa forma de entretenimento de nicho chega ao consumo de massa mundial e seu crescimento pode animar os portfólios dos investidores.

O mercado global da animação japonesa, conhecida como anime, e seus produtos relacionados mais que dobrou entre 2012 e 2022, chegando a 2,9 trilhões de ienes, o equivalente a US$ 20 bilhões, de acordo com a Associação de Animações Japonesas. O mercado externo está impulsionando esse crescimento e representou cerca de metade do total em 2022, em comparação com cerca de 18% uma década antes.

Empresas de streaming como a Netflix certamente já perceberam isso. Sua série live-action “One Piece”, baseada em uma história em quadrinhos japonesa, foi o programa mais assistido no segundo semestre de 2023. Na verdade, o conteúdo de anime na Netflix no período registrou um crescimento de visualização de 14% em relação ao primeiro semestre de 2023, em comparação com uma queda geral de 4%, de acordo com a Jefferies. As plataformas de streaming continuarão a apresentar mais conteúdo relacionado a anime para seu público global.

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O anime e o mangá, a palavra japonesa para quadrinhos, criaram muitos personagens e franquias conhecidos ao longo dos anos, como o Pokémon. E parece estar ficando ainda mais popular. O mercado de anime na América do Norte foi de US$ 1,6 bilhão em 2018 para US$ 4 bilhões este ano, de acordo com a Jefferies. E na Ásia, que há muito tempo é mais receptiva ao anime, provavelmente continuará a crescer fortemente, especialmente na China. O anime também é popular em plataformas de streaming chinesas, como a Bilibili.

Além do streaming, a venda de mercadorias pode ser ainda mais lucrativa. A Sanrio, que possui personagens como Hello Kitty, registrou lucros recordes, com o valor de suas ações subindo quase seis vezes nos últimos cinco anos.

A Sony seria outra grande beneficiária dessa tendência. A empresa é dona do serviço de streaming de animação Crunchyroll, que contava com 15 milhões de assinantes em junho. (Eram cerca de três milhões quando a Sony anunciou a aquisição do serviço de streaming da AT&T por quase US$ 1,2 bilhão em 2020). Isso contrasta com sua abordagem de streaming on-line de outros conteúdos: a empresa age mais como uma intermediária, vendendo filmes e programas para plataformas como Netflix e Amazon.com. Isso significa que poderia se beneficiar mais diretamente do boom do anime. E o anime também tem forte sinergia com o setor de filmes e jogos da Sony.

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A empresa de anime Toei Animation, dona de franquias populares como “One Piece” e “Dragon Ball”, é outra empresa de capital aberto que se beneficiaria. Ela mesma produz anime, mas, o mais importante para os mercados estrangeiros, também obtém receita de licenciamento dos direitos autorais das franquias populares que possui. As vendas fora do Japão representaram mais da metade de sua receita total no último ano fiscal encerrado em março. A segunda temporada de “One Piece” da Netflix já está em produção. O preço das ações da Toei quase triplicou desde o final de 2019.

O anime tem potencial de sucesso, não apenas para o público, mas também para os investidores.

traduzido do inglês por investnews