Acender as luzes dos quartos de hotel se tornou uma missão impossível
Muitas, muito poucas e muito dispersas. Só o fato de acender as luzes em um quarto de hotel se tornou demais para alguns viajantes
Ken McLain não é detetive, mas age como um toda vez que faz check-in em um hotel.
Sua missão: descobrir como acender as luzes de seu quarto. No hotel em Boise, em Idaho, o interruptor ao lado da porta acendeu apenas uma pequena luz de frigobar. Assim, o presidente do banco regional foi tateando no escuro até chegar a uma luminária de chão ao lado do sofá, e acabou encontrando um pequeno interruptor longe da lâmpada.
“Acho que eles estão tentando ganhar pontos no estilo ao esconder esse interruptor”, arriscou ele.
Isso para não falar das chaves de porta digitais e dos chuveiros, que deveriam vir com um manual de instruções. Para muitos viajantes frequentes, a coisa mais enlouquecedora nos quartos de hotel — além do aumento das diárias — é a iluminação. Muita, muito pouca, muito dispersa, muito complicada, um detalhe de última hora ou um exagero.
Essas coisas são sempre frustrantes, mas particularmente para o turista cansado que entra em seu quarto depois de uma longa viagem ou para os que viajam a negócios e que se hospedam em um hotel diferente a cada semana.
“Nada me deixa tão louco quanto as luzes”, diz Steve McDuffie, cientista do estado de Washington que viaja frequentemente para seu trabalho de gestão de resíduos nucleares.
Há muitas razões para a complexidade da iluminação. Muitas vezes, os hotéis procuram oferecer recursos que gostamos de ter em casa — como luzes de leitura ou lustres no teto — ao mesmo tempo em que enfrentam as realidades econômicas de sua administração.
Para complicar, muitos hotéis de grandes cidades ficam em prédios antigos. A instalação de interruptores centrais e painéis de cabeceira, tendências populares da iluminação dos quartos nos últimos anos, pode ser um empreendimento caro, porque exige quebrar paredes e trocar toda a fiação.
“É mais difícil garantir a mesma funcionalidade do que em um novo projeto de construção”, diz Sarah Churchill, diretora de desenvolvimento de negócios da Benjamin West, empresa no Colorado que compra móveis, utensílios e equipamentos para hotéis.
Mesmo no topo
Até mesmo os principais executivos de hotéis ficam incomodados com a iluminação do quarto. O executivo-chefe da Marriott International, Tony Capuano, estima ter se hospedado pelo menos 15 vezes no The London Edition, o hotel boutique de luxo da rede projetado por Ian Schrager. Capuano diz que ainda não consegue descobrir como funcionam os interruptores extravagantes.
“Eles são lindos, mas priorizamos a forma em vez da função”, afirma.
Kellie Sirna, fundadora e diretora do Studio 11 Design em Dallas, projeta hotéis. Ela considera a iluminação uma das três prioridades de um quarto, juntamente com um bom colchão e um espaço funcional.
“Um quarto muito escuro ou muito claro acaba com o humor e pode arruinar a experiência”, garante.
Sirna também aponta outro problema dos hotéis da moda: pouca potência em watts.
“Tive que usar a lanterna [do smartphone] para me maquiar. Era esse o nível de desconforto.”
Ela diz que os hotéis precisam encontrar um equilíbrio entre os recursos de iluminação com os quais estamos acostumados em nossa casa e a iluminação que seja acessível, durável e não muito difícil de usar. Ninguém quer ter de ligar para a recepção para perguntar como acender e apagar as luzes. E a maioria dos hotéis não tem uma equipe que consiga enviar alguém ao seu quarto toda vez que há um problema.
Os esquemas de iluminação dos quartos variam de hotel para hotel, mesmo dentro da mesma cadeia. Você pode ter que apagar várias luzes diferentes antes de ir para a cama em um Marriott ou Hilton, ou encontrar um interruptor central embutido na cabeceira em outros.
Um novo desafio em cada quarto
Em quartos com várias lâmpadas e interruptores, há sempre uns que você não consegue entender.
Em Nova York, no final do ano passado, Churchill teve que pedir a seu chefe que lhe mostrasse onde estava o interruptor do abajur da escrivaninha. A do quarto dele ficava na frente da lâmpada, a do quarto dela ficava atrás.
Em uma viagem de negócios a Salt Lake City neste mês, uma colega de Churchill não conseguiu descobrir como apagar a luz de cabeceira.
“Ela dormiu a noite toda com um pano na cabeça para bloquear a luz”, conta.
Depois, há o problema de se mexer e acidentalmente bater no interruptor principal da cabeceira, acabando por iluminar o quarto todo.
Alguns hotéis adicionaram sensores automáticos e luzes noturnas para que você ou seus companheiros de viagem não sejam acordados durante uma visita ao banheiro no meio da noite. O Hilton está fazendo das luzes noturnas um padrão da marca até o final deste ano.
A iluminação do banheiro durante o dia também é um problema, especialmente para as mulheres. Todas nós já tivemos que enfrentar aquela iluminação fluorescente que mostra cada um de nossos defeitos, o que pode levar a uma aplicação exagerada e embaraçosa de maquiagem.
A coach de bem-estar em Seattle, Jill Consor Beck, aconselha seus clientes sobre a importância de uma boa noite de sono. Isso é um desafio para ela e outros viajantes de negócios em quartos com problemas de iluminação.
Em um Westin em Nova York na semana passada, ela queria um regulador da intensidade da luz no banheiro. A única opção era acesa ou apagada.
“Você não quer uma luz brilhante às três da manhã”, diz ela. “Isso vai atrapalhar seu sono.”
Escreva para Dawn Gilbertson em [email protected]
traduzido do inglês por investnews