Boston Celtics leva o título da NBA. Seu melhor jogador foi a matemática
Nas finais da NBA, o Dallas Mavericks teve o melhor jogador. Mas o Celtics ficou com o troféu porque o melhor sistema venceu
Quando o Boston Celtics atropelou o Dallas Mavericks por quatro jogos a um nas finais da NBA, o time parecia estar fazendo algo além de jogar basquete. Claro, os jogadores buscavam a cesta, subiam para bloquear arremessos e tentavam lances de três pontos.
Mas, na verdade, estavam resolvendo um problema de matemática, várias vezes.
O Celtics estatisticamente teve o melhor ataque da história da NBA, porque é mais obcecado que qualquer outro time de basquete com os dados que cada vez mais definem o esporte. Seus jogadores buscam os arremessos de maior porcentagem — principalmente os de três pontos — mesmo quando suas estrelas perdem a posse da bola. E forçam as oportunidades de baixa porcentagem dos adversários, mesmo quando isso permite que jogadores individuais acumulem marcas estatísticas audaciosas.
Somando tudo isso, após a vitória por 106 a 88 sobre o Mavericks na segunda-feira (17), a equação garantiu um título da NBA.
Foi o ápice apropriado para uma série de playoffs que contou com contribuições importantes de todo o elenco. Três jogadores do Celtics lideram a equipe em pontuação ao longo da série, apenas uma parte do leque de talentos que permitiu que o time se adaptasse a cada desafio enfrentado rumo a uma vitória por 16 a 3 em quatro rodadas de playoffs.
O Celtics não tem um jogador que terminou entre os cinco primeiros da votação de melhores nesta temporada, algo raro para os campeões da NBA. O que o time tem, de fato, são jogadores versáteis, em grande parte intercambiáveis: Jayson Tatum, Jaylen Brown, Jrue Holiday, Derrick White. Todos sabem driblar, todos sabem passar, todos sabem arremessar com grande alcance. E, o mais importante, todos estão entre os melhores jogadores de defesa de toda a NBA.
O Celtics superou os adversários em 11,3 pontos a cada cem posses de bola nesta temporada, de acordo com o Stats Perform, empatado com a terceira maior marca da história da NBA, atrás do Chicago Bulls de Michael Jordan e do Golden State Warriors de Stephen Curry.
O que significa que, qualquer que seja o adversário — até mesmo uma superestrela como Luka Doncic, do Dallas —, o Celtics consegue fazer a matemática pender a seu favor.
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“Nossos rapazes têm um ótimo QI de basquete”, disse o técnico de Boston, Joe Mazzulla, “e têm uma grande compreensão de: estamos jogando da maneira certa, aproveitando os arremessos certos e abrindo mão dos arremessos certos?”
Contra o Dallas, os cálculos do Boston sugeriam um plano não convencional: marcar Doncic, o artilheiro da NBA nesta temporada, mas raramente com dois jogadores. Porém, deixar Doncic marcar seus pontos significava que o Celtics poderia fechar a torneira de três pontos e enterradas de seus companheiros de equipe, que levaram o Mavericks para as finais.
Do outro lado, o Celtics atacou um exausto Doncic incansavelmente. Quando a defesa do Dallas colapsou, vieram os arremessos antes da linha dos três pontos.
A ideia não é passar três segundos no garrafão. O basquete moderno muitas vezes se resume a qual time usa mais os três segundos. E nesta série, os números não foram próximos: 207 para o Boston, 152 para o Dallas.
Ao final, o Celtics estava pronto para marcar seu décimo oitavo recorde, um a mais que seu arquirrival Los Angeles Lakers.
O Celtics inteligente e simétrico é o resultado de anos de tentativa e erro. Tatum e Brown chegaram às finais da Conferência Leste em sua primeira temporada juntos, forçando LeBron James a encarar um Jogo 7 em 2018. Eles chegaram às finais em 2022, mas perderam para o Warriors de Curry. Brad Stevens — treinador daquela primeira equipe e presidente da atual — foi lentamente trabalhando o talento dos dois All-Stars, fazendo acordos por jogadores mais apreciados por treinadores do que pelo torcedor médio.
Após as finais de 2022, os Celtics suspenderam o então técnico Ime Udoka por “violações das políticas da equipe”, envolvendo um relacionamento com uma colega. Em seu lugar, o Celtics promoveu Mazzulla, motivador intenso, fluente em análises avançadas e mais jovem do que um de seus próprios jogadores. Os Celtics perderam para o Miami Heat nas finais da conferência do ano passado.
Os críticos se perguntavam se sua abordagem dos três pontos estava fadada ao fracasso nos playoffs. Mas, para o Boston, a derrota foi apenas mais um dado a ser incluído nas estatísticas. Após a derrota para o Miami, trouxeram mais dois alas armadores — Holiday e Kristaps Porzingis — que levavam as defesas adversárias à exaustão. “Sempre que você está desenvolvendo uma nova filosofia ou estilo”, disse Mazzulla, “leva tempo para compreender e executar”.
Era justo que, para ganhar o campeonato, o Boston tivesse que passar por Doncic. A série virou sistema x superstar — e o sistema venceu.
“Basicamente”, disse Doncic, “todos os cinco jogadores na quadra podem realmente marcar pontos”.
No final, a matemática do Celtics acabou por ser simples assim: cinco é melhor que um.
Escreva para Robert O’Connell em [email protected]
traduzido do inglês por investnews