Em meio ao pessimismo com o dólar, bancos centrais esperam abocanhar mais ouro
Relatório do Conselho Mundial do Ouro aponta que mais de quatro em cada cinco entrevistados esperam que gestores de reservas aumentem as participações globais em ouro
Bancos centrais em todo o mundo esperam que as reservas globais de ouro aumentem no próximo ano, dado o aumento do pessimismo em relação ao dólar americano, de acordo com um novo relatório.
Mais de quatro em cada cinco entrevistados esperam que os gestores de reservas aumentem as participações globais em ouro, a maior proporção já registrada desde o início da pesquisa anual, aponta o relatório do Conselho Mundial do Ouro. Quase 30% dos bancos planejam aumentar suas próprias reservas no próximo ano, incluindo 13% dos bancos em economias avançadas.
Os bancos de mercados emergentes mantiveram sua atitude positiva em relação ao futuro do ouro nas reservas, mas agora estão sendo acompanhados nessa visão por 57% dos bancos centrais de economias avançadas, ante 38% em 2023.
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Ao mesmo tempo, as economias avançadas têm se tornado cada vez mais pessimistas em relação às perspectivas da participação do dólar nas reservas globais, com 56% acreditando que ela ficará abaixo dos 46% de um ano atrás. Quase dois terços dos bancos centrais de mercados emergentes têm a mesma opinião.
Os grandes fatores citados pelos bancos que se voltam para o ouro são mitigar riscos e se preparar para mais incertezas políticas e econômicas globais, além de aproveitar seu valor de longo prazo, seu desempenho durante uma crise e seu papel como diversificador de portfólio, segundo o relatório.
“A pressão extraordinária do mercado, a incerteza econômica sem precedentes e as convulsões políticas em todo o mundo mantiveram o ouro nos planos dos bancos centrais”, disse Shaokai Fan, chefe global de bancos centrais e chefe da Ásia-Pacífico para o Conselho Mundial do Ouro.
O dólar, por sua vez, perdeu força devido às preocupações com seu uso como arma, especialmente depois que a invasão da Ucrânia em 2022 levou a sanções à Rússia. As preocupações domésticas nos EUA em torno da próxima eleição presidencial também estão pesando sobre o dólar, levando alguns bancos a procurar minimizar sua exposição, afirmou Fan.
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Os bancos centrais já fizeram grandes compras de ouro há dois anos. Em 2023, adicionaram 1.037 toneladas de ouro — a segunda maior compra anual da história, atrás das 1.082 toneladas em 2022. A atitude positiva em relação ao ouro persistiu, apesar de alcançar máximas recordes no início de 2024, com os futuros atingindo o pico de US$ 2.448,8 a onça troy em 12 de abril.
“Embora influências como o preço possam desacelerar temporariamente as compras no curto prazo, a tendência mais ampla permanece, pois os gestores reconhecem o papel do ouro como um ativo estratégico diante da incerteza contínua”, explicou Fan.
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traduzido do inglês por investnews