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Exclusivo: Stellantis, dona da Jeep, toma ‘medidas drásticas’ para conter gastos

CFO da montadora impõe duras exigências para reverter queda no lucro

Por Ben Glickman The wall street Journal
Publicado em
4 min
traduzido do inglês por investnews

A montadora Stellantis, controladora de Fiat, Jeep e Peugeot, entre outras marcas, está tomando “medidas drásticas” para fortalecer suas finanças. Elas incluem providências chamadas internamente de “casinha de cachorro”, que buscam impor limites mais rígidos aos gastos externos.

Um e-mail da semana passada tinha uma linha de assunto que dizia: “A casinha de cachorro está de volta!”. A CFO da Stellantis, Natalie Knight, instruiu sua equipe a examinar minuciosamente os pedidos de compras de fornecedores externos em um esforço para controlar as despesas.

Casinha de cachorro “é o nome para atenção e controle muito mais rígidos em torno dos pedidos de compra”, explicou Knight no e-mail visto pelo Wall Street Journal. “Se adotarmos maior disciplina, podemos garantir uma grande economia para a empresa.”

Knight também faz referência ao fato de que as diretrizes já foram usadas antes, sem especificar quando. A Stellantis disse que o termo “casinha de cachorro” não é novo e que, no passado, se referia a projetos que exigiam escrutínio extra.

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Além disso, acrescentou que a política não afetaria as requisições e pedidos de compra ou faturas existentes.

A norma destaca as várias medidas que uma das maiores montadoras do mundo está tomando para proteger seu dinheiro, no mesmo momento em que toma atitudes para reduzir a produção de veículos e oferecer promoções para aumentar as vendas.

Poucos dias após a diretriz da CFO, a Stellantis mudou sua orientação financeira, alertando que um mercado de automóveis complicado e esforços caros para reduzir os estoques na América do Norte prejudicariam o lucro mais do que o esperado anteriormente.

A Stellantis também reduziu drasticamente sua perspectiva de fluxo de caixa livre industrial, uma métrica importante que sinaliza a capacidade de a empresa pagar dividendos, financiar recompras de ações e reinvestir no negócio. A montadora disse que espera gastar cerca de US$ 6 bilhões a US$ 11 bilhões em dinheiro em 2024, substituindo sua previsão anterior de fluxo de caixa positivo.

A inesperada fuga de capital é uma mudança drástica em relação ao ano passado, quando a Stellantis gerou bilhões de caixa. O diretor de Relações com Investidores da empresa disse a analistas na segunda-feira, apesar do fluxo de caixa industrial “significativamente negativo” em 2024, ainda haveria uma boa quantidade de dinheiro disponível no final do ano.

Em seu e-mail, Knight enfatizou as pressões que a empresa está sofrendo e a necessidade de economizar — e disse que a equipe deve deferir quaisquer solicitações de gastos que não atendam a determinadas funções críticas. “Precisamos de medidas drásticas para garantir que entregaremos melhores resultados financeiros para 2024, 2025 e além.”

O e-mail também faz referência aos “tempos darwinianos”, termo que o CEO da Stellantis, Carlos Tavares, usou em referência à difícil transição para veículos movidos a bateria, que está pressionando sua empresa e concorrentes.

A fuga de caixa da Stellantis decorre não apenas do lucro menor, mas também de seus esforços para reduzir o excesso de veículos não vendidos em lotes de concessionárias nos EUA. A empresa disse na segunda-feira que diminuiria as remessas de veículos em 200 mil unidades na América do Norte até o final do ano. Esse movimento pode criar um prejuízo de curto prazo de cerca de US$ 4,4 bilhões, estimou o analista Daniel Roeska, da Bernstein, em nota aos clientes na quinta-feira.

A empresa divulgou na quarta-feira uma queda de 20% nas vendas nos EUA no terceiro trimestre, continuando uma série de resultados fracos.

A Stellantis, que também controla as marcas Chrysler e Dodge, disse que reduzir seus estoques inchados é a aposta certa no longo prazo para combinar melhor a produção de veículos com a demanda.

As medidas de corte de custos se seguiram a um período próspero da montadora europeia, que foi formada em 2021 por meio da fusão da Fiat Chrysler Automobiles e da francesa PSA Groupe. Seu lucro superou o dos concorrentes desde a sua formação, impulsionado por um forte foco na redução de despesas promovido por Tavares. Recentemente, essas medidas incluíram demissões em fábricas dos EUA.

Escreva para Christopher Otts em [email protected] e Ben Glickman em [email protected]

traduzido do inglês por investnews