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Melhorando o casamento com quartos separados

Casais trocaram noites agitadas por quartos separados ou “quartos de ronco”

Por Robyn A. Friedman The wall street Journal
Publicado em
7 min
traduzido do inglês por investnews

Elizabeth Pearson e seu marido, Ryan Pearson, são casados há 16 anos e, durante metade desse tempo, dormiram em quartos separados.

“Nós dois viajamos bastante a trabalho e notamos que dormimos muito bem em hotéis”, disse Elizabeth, de 42 anos, escritora e coach executiva. “Dormíamos mal quando estávamos em casa na cama juntos.” 

Ryan, de 47 anos, tem dois metros de altura, ronca “como uma motosserra”, tem síndrome das pernas inquietas e, em uma ocasião, deu um soco no rosto de Elizabeth enquanto dormia, contou ela. “Acordar com raiva dele todas as manhãs estava gerando um problema no relacionamento.” 

O casal agora divide uma casa mediterrânea de seis quartos e quatro banheiros em Laguna Niguel, na Califórnia, que compraram em 2017 por US$ 1,5 milhão. Eles concluíram uma reforma no início deste ano que custou US$ 95 mil, adicionando um loft e um quarto. Agora, Ryan dorme no primeiro andar, e Elizabeth dorme no segundo, cada um em um quarto com banheiro privativo. E seu casamento vai muito bem, obrigado.

“Pessoas bem descansadas são mais pacientes, mais engajadas e mais presentes para seus parceiros”, afirmou Elizabeth. “Quando você tem tempo para si mesmo, consegue ser um parceiro melhor.” 

E o que acontece com a vida sexual em quartos separados? 

Elizabeth disse que isso não é uma questão. “Temos uma ótima vida sexual porque não ficamos irritados um com o outro ao longo do dia por algo que é incontrolável, como sono e ronco”, disse ela. 

Como os Pearson, muitos casais hoje estão optando por um “divórcio do sono”, lançando mão dos chamados “quartos de ronco”, ou quartos separados, em vez de seguir o caminho conjugal típico de compartilhar a cama. De acordo com uma pesquisa realizada em março de 2023 pela Academia Americana de Medicina do Sono, 35% dos americanos dormem em quartos separados ocasionalmente ou de forma consistente. Os millennials são mais propensos a isso (43%), de acordo com a pesquisa, em comparação com apenas 22% dos baby boomers.   

A tendência de dormir separado não é novidade. A especialista em sono Wendy Troxel, Ph.D., cientista comportamental e social sênior da Rand e autora de “Sharing the Covers: Every Couple’s Guide to Better Sleep” (Compartilhando as cobertas: guia do sono melhor para todos os casais), disse que os casais dormem separados há séculos. Foi somente após a revolução sexual na década de 1960 que as pessoas começaram a assumir que dormir separado implicava uma união sem amor e sem sexo e que um estigma evoluiu em torno dessa opção, explicou ela. 

Tiffiny Alexander, corretora imobiliária associada da Artisan/Healdsburg Sotheby’s International Realty em Santa Rosa, Califórnia, disse que ocasionalmente percebe esse estigma ao trabalhar com compradores de casas. “Pode ser um tabu falar sobre o fato de que eles não dormem juntos”, afirmou ela. “Então, os compradores nem sempre são transparentes sobre os recursos que estão procurando.” 

Alexander atualmente vende unidades de 465 metros quadrados em um condomínio fechado no coração da região vinícola de Santa Rosa, a um preço de US$ 3,395 milhões, que tem quartos grandes em andares separados. Um dos donos é madrugador, enquanto o outro tem hábitos noturno, então dormir separado faz sentido para eles, comentou ela. 

Troxel disse que dormir separado não significa necessariamente que um casal tenha problemas de relacionamento. “A questão é mais tomar a decisão de dormir separado”, disse ela. “A situação negativa é quando um dos parceiros sai do quarto frustrado e vai para o sofá, deixando o outro se sentindo rejeitado e abandonado, pois a ideia de dormir separado pode parecer muito ameaçadora. Mas um bom sono é fundamental para uma boa saúde no relacionamento, por isso, se os casais estão considerando essa ideia, devem ter um diálogo aberto e honesto. Dormir separado não é uma sentença de morte para o relacionamento; é mais o modo em que decidem tomar essa atitude que pode impactá-lo.” 

Marc Friedman, vice-presidente sênior de vendas da construtora Kolter Homes, disse que a empresa responde ao interesse do comprador oferecendo quartos duplos como atualizações opcionais em modelos lançados nos últimos dois anos a um custo adicional que varia de US$ 3 mil a mais de US$ 12 mil. Os compradores podem escolher entre três opções: uma sala de ronco, convertida de um espaço flexível ao lado do quarto principal, que tem uma porta que leva ao principal; um segundo quarto, que também pode ser um espaço flexível e uma segunda suíte completa com banheira, sem conexão com o quarto principal; ou uma “suíte para os sogros”, que inclui um quarto, banheiro privativo e sala de estar privativa.

De acordo com o site Realtor.com, durante os dois primeiros meses de 2024, as ofertas de casas que mencionam mais de uma suíte tiveram preços 13,3% mais altos, em média, por metro quadrado do que aquelas com apenas uma principal. (A News Corp, controladora do Wall Street Journal, opera o Realtor.com.)

A casa de Amy e Beth em Minneapolis é no estilo clássico American Foursquare. (Foto: Yasmin Yassin para o WSJ)

Amy Boland, de 51 anos, e sua esposa, Beth Berila, de 53, também optaram por dormir separadas na maioria das noites na casa no estilo American Foursquare que compartilham em Minneapolis, que Boland comprou em março de 2000 por US$ 159 mil. Elas se casaram em 2015, quando ambas tinham 40 e poucos anos e haviam vivido sozinhas a maior parte da vida. 

“Tínhamos passado noites juntas quando estávamos namorando, então não foi um grande problema para mim até que Beth começou a ter calorões noturnos”, contou Boland, gerente de produto de uma grande companhia de seguros. “Ela acordava e tirava as cobertas e depois tinha dificuldade para voltar a dormir. Eu também ronco, e isso a incomoda.” 

Berila, professora universitária, costumava descer as escadas para dormir no sofá, então Boland se ofereceu para terminar o sótão e montar um estúdio separado para ela. Essa reforma foi concluída em 2017 a um custo de US$ 31.500. Agora, Berila pode desfrutar das temperaturas mais baixas que prefere e do ruído branco que a ajuda a dormir, enquanto Boland dorme em silêncio. “Às vezes, ela vai para lá se uma de nós tiver que acordar cedo, ou começa a dormir no nosso quarto e algo a acorda, e então sobe para terminar a noite”, disse Boland. “De qualquer forma, está tudo bem. Se ela sobe, eu me espalho na cama. Se não, durmo ao lado dela.” 

Amy Boland e Beth Berila optam por dormir separadas na maioria das noites na casa que compartilham em Minneapolis. (Foto: Yasmin Yassin para o WSJ)

Quanto à relação, Boland disse que está melhor do que nunca. “Quem não funciona melhor quando tem uma noite tranquila de sono?”, perguntou. “Se é possível fazer algo para se dar melhor com a pessoa com quem vai morar pelo resto de sua vida, você não faria?”

Para aqueles que pensam em assumir o divórcio do sono, a especialista em sono Troxel sugere que os casais mantenham um ritual noturno com o parceiro, para tentar se reconectar e relaxar do estresse do dia. Uma maneira de fazer isso é criar uma pequena sala de estar comum chamada “sala do pijama” entre os quartos separados, disse Ralph Choeff, arquiteto e fundador da Choeff Levy Fischman em Miami. Ele também aconselha os casais a localizarem os quartos em lados separados da casa, mas ambos com vistas semelhantes, para que um quarto não tenha prioridade sobre o outro. 

Ao projetar quartos duplos, Choeff evita o banheiro compartilhado. “Lembre-se que é mais do que apenas ter quartos separados. Você precisa considerar o valor de revenda também. Não vai pode vender esse segundo quarto como uma suíte completa se ele estiver compartilhando o banheiro”, explicou.

traduzido do inglês por investnews