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O executivo da Disney que subiu o preço dos parques e agora pode ser o novo CEO

Josh D’Amaro, chefe da divisão de parques temáticos da gigante do entretenimento, está na disputa para suceder a Bob Iger

Por Robbie Whelan The wall street Journal
Publicado em
9 min
traduzido do inglês por investnews

Horas antes de subir ao palco na frente de 12 mil fãs animados para assistir à maior apresentação de sua carreira, o principal executivo de parques da Disney passou por uma multidão de devotos do Mickey, apertando mãos e sorrindo para selfies.

Josh D’Amaro, amplamente elogiado por fãs e investidores, está no meio de uma disputa pelo cargo mais alto da Disney, quando o contrato do presidente-executivo Bob Iger terminar em 2026. No evento de fãs D23 no início de agosto, ele precisava aumentar a empolgação por bilhões de dólares em expansões de parques temáticos depois de anos com poucas atrações novas e de destaque.

Em quatro anos como presidente da divisão de experiências da Disney, que inclui parques temáticos, cruzeiros, produtos de consumo e videogames, o executivo de 53 anos impôs aumentos de preços e elaborou novos produtos que adicionaram centenas de milhões de dólares em novas receitas. A unidade se transformou de um problema para a Disney durante a pandemia em seu principal motor de lucro, graças em grande parte às mudanças operacionais e de preços concebidas por D’Amaro. 

Agora, ele enfrenta seu maior teste: garantir o crescimento dos parques quando os consumidores estão cada vez mais sem dinheiro.

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À medida que a economia desacelera, as famílias americanas que formam a principal base de clientes da Disney estão sentindo o peso da inflação e do esfriamento do mercado de trabalho. Nos dois relatórios trimestrais de lucros mais recentes, a Disney informou que o abrandamento da demanda do consumidor estagnou o crescimento na divisão de D’Amaro, gerando preocupação entre os investidores.

“A próxima série de desafios será muito, muito diferente. Não acho que dê para aumentar muito mais os preços”, disse Jim Shull, que trabalhou como Imagineer, os designers de parques temáticos de elite da Disney, por 33 anos antes de se aposentar em 2020. 

Ursula, a vilã de “A Pequena Sereia”.Foto: Adobe Stock

Marc Benioff, CEO da empresa de software Salesforce, disse que D’Amaro é hoje uma presença regular ao lado de Iger em grandes eventos, como a conferência de mídia Sun Valley, um sinal da confiança do CEO. 

“Ele se tornou alguém que deve ser considerado como um futuro CEO da Disney”, disse Benioff, que conta com Iger e D’Amaro como amigos.

Iger liga para o chefe dos parques “todos os dias”, revelou D’Amaro em uma entrevista recente a um programa de rádio de fãs da Disney, para ficar por dentro dos planos de novas atrações, um nível de atenção aos detalhes que D’Amaro descreveu como “especial”. 

“Acho muito importante termos Bob aqui neste momento”, afirmou D’Amaro. 

D’Amaro revelou a confidentes nas últimas semanas que está interessado no cargo de CEO e pronto para assumir as rédeas caso lhe sejam oferecidas. Pessoas com conhecimento do assunto dizem que ele está cabeça a cabeça com Dana Walden, copresidente da divisão de entretenimento da Disney, que inclui o negócio de streaming.

Em particular, alguns de seus apoiadores dizem temer que, se ele for preterido, possa deixar a Disney e ser contratado para administrar uma empresa diferente.

“Chefe”

Nascido e criado em Medfield, em Massachusetts, subúrbio de classe média de Boston, D’Amaro cresceu jogando futebol e basquete. O anuário de sua turma de formandos na Medfield High School mostra que seu apelido era “Chefe”.

Ele estudou pintura e escultura no Skidmore College em Nova York antes de se transferir para a Universidade de Georgetown para estudar negócios. Trabalhou no departamento financeiro da fabricante de produtos de barbear Gillette antes de ingressar na Disney em 1998, onde rapidamente subiu na hierarquia.

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D’Amaro passou um tempo em Hong Kong ajudando a reparar relações comerciais desgastadas e desenvolveu o negócio de viagens e turismo Adventures By Disney. Foi vice-presidente do parque temático Animal Kingdom na Flórida, supervisionando a construção de Pandora, a área temática de “Avatar” do parque; mais tarde, atuou como presidente da Disneylândia, no sul da Califórnia, e ocupou vários cargos na alta administração no Walt Disney World da Flórida.

“No minuto em que o conheci, eu disse: ‘Uau, esse cara tem muita energia. Ele vai iluminar este lugar’”, contou Jim MacPhee, ex-executivo de parques da Disney que passou quase 43 anos na empresa antes de se aposentar em 2021.

No ano passado, D’Amaro assumiu um papel de maior destaque nas negociações enquanto supervisionava um orçamento de investimento de capital que dobrou de tamanho no ano passado: US$ 60 bilhões a mais para a década seguinte. 

D’Amaro costuma acompanhar o CEO da Disney, Bob Iger, de óculos escuros, inclusive na coletiva de imprensa de Sun Valley no ano passado (Reprodução)

Seus observadores notam um paradoxo em sua liderança: os fãs da Disney parecem adorar D’Amaro, embora, a partir de 2021, ele tenha aumentado repetidamente os preços dos ingressos, acabou com os amados brindes e fez mudanças que aumentaram a complexidade e o custo de visitar os parques temáticos.

Carismático e afável, D’Amaro inspira lealdade em seus subordinados e é uma espécie de celebridade entre os fãs, com 154 mil seguidores no Instagram. Durante passeios frequentes pelos parques da Disney, fãs e funcionários o cercam para apertar sua mão e fazer selfies. 

Ele é conhecido por rabiscar personagens parecidos com animes em blocos de notas durante as reuniões sem perder o ritmo da conversa, e amigos dizem que é torcedor ávido do Boston Celtics e fã de bandas de rock como Red Hot Chili Peppers e Foo Fighters.  D’Amaro mora com sua esposa, Susan — eles eram namorados no ensino médio — em Coto de Caza, na Califórnia, subúrbio rico a cerca de 30 minutos da Disneylândia. Muitos outros executivos seniores da Disney, incluindo Iger e Walden, moram nos enclaves elegantes do West Side de Los Angeles, mais perto da sede da empresa.

Passe rápido

D’Amaro assumiu o comando da administração dos parques depois que seu antecessor, Bob Chapek, foi promovido a CEO em fevereiro de 2020. Chapek, que foi demitido após pouco mais de dois anos no cargo principal, era visto principalmente como um operador que lutava para construir relacionamentos produtivos com talentos de Hollywood, gerenciar executivos de estúdio e se conectar com os fãs.

Quando a pandemia de Covid-19 fechou a maioria dos cinemas e parques temáticos da Disney, Chapek pediu à equipe de D’Amaro que apresentasse propostas para ajudar a maximizar as receitas dos parques e compensar os déficits em outras unidades, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

D’Amaro apresentou três ideias principais, incluindo o Genie+, recurso de aplicativo para smartphone que permite aos visitantes pular algumas filas por cerca de US$ 20 por dia, e o Lightning Lanes, que oferece esperas mais curtas para passeios populares por uma taxa adicional. Sua terceira ideia, um novo sistema de reservas on-line, limitou as multidões e restringiu a frequência com que os portadores de passes anuais podiam ir aos parques. 

Essas três mudanças ajudaram a empresa a recuperar a saúde financeira após a pandemia. Os programas para pular filas adicionaram centenas de milhões de dólares em novas receitas aos cofres da Disney.

Conforme essas mudanças iam sendo implementadas, Chapek, então CEO, era ridicularizado por fãs que sentiram que estavam sendo enganados, mas D’Amaro basicamente escapou da ira do público.

A principal prioridade de D’Amaro é melhorar a experiência do visitante, disse um porta-voz da Disney, e a empresa credita a ele a recuperação da divisão de parques depois da pandemia.  “Ele aproveitou a rara oportunidade enquanto o trem estava parado na estação para implementar uma transformação substancial”, disse o porta-voz em uma resposta por escrito a perguntas. A Disney não quis disponibilizar D’Amaro para uma entrevista prolongada. 

Este ano, D’Amaro irritou alguns fãs ao colocar novas restrições em um programa que permite que alguns visitantes com deficiência furem as filas. Antes, visitantes com uma gama mais ampla de problemas podiam se qualificar, mas havia muito abuso. Agora, o serviço é limitado principalmente a visitantes com graves deficiências de desenvolvimento, como autismo.

Quem vai regularmente aos parques da Disney reclamou nos últimos anos que o ritmo de novas atrações nos parques temáticos dos EUA parece ter diminuído e que a Disney não está acompanhando os rivais. 

Na noite de sábado em agosto, no palco da arena profissional de hóquei no gelo de Anaheim, D’Amaro fez o possível para tranquilizar os fãs e investidores garantindo que a Disney leva a sério a ideia de trazer atrações novas e empolgantes. Os fiéis seguidores da Disney se emocionaram e se levantaram aplaudindo, enquanto D’Amaro revelava planos que incluíam um novo “Monstros S.A.”, montanha-russa e novas áreas de parques temáticos baseadas nos vilões da Disney e nos filmes “Avatar”.

Questionado por mensagem de texto sobre suas impressões após a apresentação, D’Amaro escreveu em resposta: “Se os fãs estão felizes, eu estou feliz”.

Escreva para Robbie Whelan em [email protected]

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