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O que fazer na meia-idade para prevenir a demência no futuro

Intervir mais cedo para melhorar a saúde do cérebro pode ajudar a fortalecê-lo durante o envelhecimento

Por Sumathi Reddy The wall street Journal
Publicado em
6 min
traduzido do inglês por investnews

A luta contra a demência, na verdade, começa aos 40 anos.

A meia-idade, não os 70 ou 80 anos, é quando começam a ocorrer mudanças cerebrais que podem abrir caminho para demência, para a doença de Alzheimer e o declínio cognitivo mais tarde, de acordo com um crescente corpo de pesquisas. 

Intervir mais cedo para melhorar a saúde do cérebro — e estudar o cérebro da meia-idade mais de perto — pode ajudar as pessoas a ficarem mais argutas em seus últimos anos, dizem os pesquisadores. Praticar exercícios regularmente, dormir o suficiente e fazer atividades que mantenham seu cérebro estimulado são passos que podem ajudar a combater a demência mais tarde na vida.

“A meia-idade é um momento oportuno para fazer escolhas de estilo de vida e para se submeter a um tratamento que trará um enorme retorno na velhice”, diz Terrie Moffitt, professora de psicologia e neurociência da Universidade Duke.

Mais cientistas estão procurando pistas no cérebro da meia-idade porque os esforços para combater a demência em pessoas mais velhas basicamente falharam, diz Ahmad Hariri, professor de psicologia e neurociência também da Duke.

Quase sete milhões de americanos têm a doença de Alzheimer, o tipo mais comum de demência, de acordo com a Associação de Alzheimer. O número deve subir para quase 13 milhões até 2050.

“Uma interpretação muito razoável dessas falhas é que as intervenções foram tentadas tarde demais, depois que muitos danos se acumularam nos cérebros”, explica Hariri. 

O que acontece com o cérebro na meia-idade

À medida que o número de pessoas com probabilidade de desenvolver demência aumenta, muitos se preocupam com os riscos futuros. Médicos e cientistas também se dedicam a isso. 

Partes do cérebro começam a mudar mais rapidamente durante a meia-idade, especialmente o hipocampo, que é importante para lembrar eventos cotidianos, diz Sebastian Dohm-Hansen, aluno de doutorado da Universidade de Cork, na Irlanda, e principal autor de um estudo de revisão sobre envelhecimento cerebral publicado no periódico “Trends in Neurosciences” em março.

Na faixa dos 40 e 50 anos, a substância branca do cérebro — as conexões entre as áreas cerebrais — diminui de volume, diz Dohm-Hansen. Isso provavelmente resulta em uma velocidade de processamento mais lenta, o que pode ter mais efeitos na cognição, explica.

Além disso, as proteínas podem se acumular no sangue, resultando em inflamação de baixo grau que pode afetar a capacidade do hipocampo de codificar e armazenar novas informações, diz ele. 

As pessoas mantêm suas habilidades de linguagem verbal a vida inteira, afirma Moffitt. Mas a velocidade com que você processa informações e sua capacidade de resolver novos problemas de lógica e raciocínio diminui gradualmente com a idade. 

Sua pesquisa descobriu que certos grupos de pessoas perdem a função cognitiva mais rapidamente durante a meia-idade. Isso inclui aquelas que começaram a usar cannabis ou tabaco na adolescência, mantendo o hábito na casa dos 40 anos, e pessoas com altos níveis de chumbo tóxico no sangue desde a infância. Contudo, mesmo fora desses grupos, algumas pessoas envelhecem mais rapidamente na faixa dos 40 e 50 anos, algo que as pesquisas sugerem pode estar ligado ao desenvolvimento de demência na terceira idade.

As mulheres dessa faixa etária estão lidando com as complicações adicionais da transição da menopausa, durante a qual mudanças abruptas nos níveis hormonais podem afetar o cérebro, diz Jessica Caldwell, diretora do Centro de Prevenção do Movimento do Alzheimer Feminino da Clínica Cleveland, em Las Vegas. O cérebro feminino pode se adaptar a essas mudanças se reorganizando, mas os cientistas ainda estão estudando como isso acontece e qual é o impacto final.

Nem todo mundo acredita que a meia-idade é um momento de transição acentuado na saúde cerebral. A velocidade de processamento é a função cognitiva que mais declina à medida que as pessoas envelhecem, mas esse declínio acontece gradualmente e varia de pessoa para pessoa, diz o dr. David Knopman, professor de neurologia da Clínica Mayo em Rochester, em Minnesota.

OK, então o que podemos fazer?

Manter o coração saudável na meia-idade é a melhor maneira de evitar o declínio cognitivo, diz Knopman. A saúde do cérebro e a do coração estão intimamente ligadas. 

As mesmas coisas que podem levar a um bloqueio das artérias cardíacas podem afetar as artérias do cérebro, impedindo o fluxo sanguíneo e o transporte de oxigênio.  

Não há maneiras garantidas de prevenir a demência. Mas os passos que ajudam tanto o cérebro quanto o coração incluem exercícios regulares, dieta saudável e não fumar, além de tentar evitar ou controlar condições como diabetes, pressão e colesterol altos e obesidade, além de tratar a apneia obstrutiva do sono.

Para pacientes de meia-idade, os médicos geralmente se concentram em enfatizar mudanças no estilo de vida, como dieta e exercícios para controlar a pressão arterial e o risco de diabetes, diz Caldwell. E esses passos são igualmente importantes para a saúde futura do cérebro. 

“Ter uma dieta mais nutritiva, fazer exercícios e dormir o suficiente estão associados a melhores resultados para a saúde cerebral”, afirma Caldwell. 

Também é importante manter-se social e mentalmente ativo e envolvido, diz Knopman. “Há benefícios do trabalho em um ambiente desafiador — que estimula o cérebro —, o que parece estar associado a melhores resultados”, afirma ele.

Também não há motivo para esperar até a meia-idade para começar a fazer essas melhorias de saúde, observa Kristine Beate Walhovd, pesquisadora de psicologia do Centro de Mudanças Cerebrais e na Cognição da Universidade de Oslo, na Noruega. Muitas das mudanças de estilo de vida benéficas para a velhice podem começar antes da meia-idade, observa ela.

Escreva para Sumathi Reddy em [email protected]

traduzido do inglês por investnews