O Rio Sena está nojento, mas os nadadores arranjaram uma solução: Coca-Cola
Depois de enfrentar as águas cheias de bactérias do famoso rio, atletas imediatamente tomam um gole do refrigerante
Depois de enfrentarem as águas cheias de bactérias do Sena na semana passada, Ainsley Thorpe e Nicole van der Kaay encontraram o médico da equipe da Nova Zelândia na linha de chegada para ouvir alguns conselhos médicos pós-triatlo.
O que ele ofereceu para elas horrorizaria qualquer dentista: duas garrafas de Coca-Cola.
“Não há mal nenhum em tomar uma Coca-Cola depois de uma corrida”, disse Thorpe. “Se você pesquisar no Google, vai ver que isso pode ajudar.”
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Talvez seja estranho que algumas das pessoas mais em forma do mundo peguem um refrigerante cheio de açúcar depois de nadar em um rio poluído. Mas entre os nadadores de águas abertas, existe um truque popular que foi passado de geração em geração: a melhor maneira de evitar a infecção causada por qualquer coisa que possa estar vivendo na água é a boa e velha Coca-Cola.
“O mito da Coca-Cola é verdadeiro”, disse Moesha Johnson, australiana que competiu na maratona aquática. “Muitas vezes tomamos uma depois para tentarmos nos livrar de qualquer coisa dentro de nós.”
Johnson não está sozinha. Muitos nadadores aderiram aos poderes da Coca-Cola. Se há alguma verdade por trás dessa ideia é outra história. Vários médicos disseram em entrevistas que o papel da Coca-Cola como cura gastroenterológica tem pouco ou nenhum respaldo médico.
Ao ser informada disso, Johnson não se incomodou. “Só faço o que me dizem os profissionais à minha volta”, afirmou ela. A Coca-Cola não fez um comentário imediato.
A probabilidade de adoecer depois de nadar no Sena é tão turva quanto suas águas. Os organizadores olímpicos insistem que o rio é perfeitamente seguro — pelo menos quando qualidade de sua água é aprovada nos testes, o que nem sempre aconteceu.
Os atletas estão tentando encontrar medidas profiláticas, como tomar uma grande quantidade de probióticos. Muitos também planejam incluir um gole de Coca-Cola depois de sair da água.
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Existem várias teorias sobre as proezas limpadoras da Coca-Cola, mas a mais comum é que sua acidez funciona quase como um alvejante para o trato digestivo. Há apenas um problema com isso, segundo a dra. Maria Abreu, presidente da Associação Gastroenterológica Americana: o estômago saudável já é mais ácido do que a Coca-Cola, o que significa que a acidez desta não mataria mais bactérias intrusas do que o que já está lá.
“São pessoas jovens e atléticas, certo? Elas são saudáveis e seu ácido estomacal é bom e robusto”, disse Abreu, triatleta recreativa.
Contudo, tomar refrigerante não é algo totalmente aleatório. A qualidade mais importante da Coca-Cola para atletas de resistência é seu alto teor de açúcar — uma lata de 350 ml contém 39 gramas de açúcar, ou quase dez colheres de chá. É o suficiente para fazer um nutricionista se contorcer e evitar que um nadador de maratona entre em colapso.
“Meu treinador me aconselhou [a beber Coca-Cola] para restaurar os níveis de glicogênio imediatamente”, disse a nadadora americana Katie Grimes. “Não a Diet Coke, só a Coca-Cola pura. Nada funciona melhor que isso.”
Quando os humanos se exercitam, queimam energia de duas fontes: gorduras e carboidratos armazenados nos músculos e no fígado como glicogênio. Os carboidratos são mais fáceis de quebrar e se esgotam mais rapidamente. Se os estoques de glicogênio se esgotarem durante uma atividade de resistência, como nadar em um rio por duas horas, o atleta terá dificuldade para manter seu desempenho.
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Depois de uma corrida, a melhor maneira de reabastecer é com carboidratos simples, como o açúcar encontrado no refrigerante, em parte porque é fácil de digerir após o esforço. Alguns atletas até bebem enquanto andam de bicicleta ou correm, desde que esteja sem gás para evitar as bolhas.
“Nos esportes de resistência, as pessoas precisam de açúcar”, disse a dra. Michelle Pearlman, gastroenterologista da Flórida. “É a fonte de combustível mais eficaz.”
Ao nadar em um rio turbulento como o Sena, ou no mar, como nos Jogos de Tóquio, é impossível evitar a ingestão de um pouco de água. É por isso que a nadadora italiana Ginevra Taddeucci toma uma Coca-Cola após as disputas marinhas, para tirar o sabor da água salgada da boca. “É um gosto bem desagradável”, afirmou.
Ela planeja tomar uma Coca-Cola aqui em Paris também. O Sena é água doce, mas ela não acha que o gosto será bom.
Emily Klueh, ex-nadadora de águas abertas da equipe dos EUA, disse que costumava precisar sentir o gosto da Coca-Cola após as disputas no mar. Ela bebia tanto Gatorade enquanto competia que ficava desesperada por outra coisa.
A Coca-Cola foi uma escolha popular. Mas se o refrigerante não está disponível, alguns esportistas optavam por uma bebida diferente pós-corrida.
“Ouvi dizer”, contou ela, “que tomar uma dose de Jägermeister simplesmente mata tudo no estômago”.
traduzido do inglês por investnews