Ozempic alimenta busca por roupas menores
Lojistas veem um aumento de vendas impulsionado pela redução de medidas dos consumidores
Lojas de roupas estão descobrindo que, quando uns perdem peso, são elas que ganham.
Medicamentos de sucesso como o Ozempic, que levam a uma perda de peso significativa, prejudicaram a demanda por planos de dieta e fizeram com que as empresas de alimentos se preparassem para uma diminuição do consumo de seus produtos. No entanto, os vendedores de roupas estão descobrindo que milhões de americanos agora magros querem comprar roupas novas.
Os novos esbeltos não estão apenas reabastecendo o guarda-roupa, muitos estão também comprando modelos mais justos e ousados, de acordo com executivos e compradores do setor. Algumas marcas respondem com a substituição de zíperes por espartilhos ajustáveis e a adoção de looks mais transparentes.
Essa nova diminuição da numeração está acontecendo em todas as marcas e tipos de roupas. Executivos do setor disseram que não podem ter certeza de que o remédio para emagrecer é a causa, mas acrescentaram que é algo diferente de tudo o que já viram. É também uma reviravolta em relação aos últimos anos, quando muitos varejistas correram para adicionar tamanhos maiores a fim de acomodar a cintura crescente dos americanos.
Cerca de 5% dos clientes da Lafayette 148 estão comprando roupas novas porque perderam peso, muitas vezes substituindo suas roupas tamanho 12 por tamanho seis ou oito, de acordo com Deirdre Quinn, executiva-chefe da marca. O benefício é duplo: além de aumentar as vendas, a Lafayette 148 está economizando dinheiro, porque tamanhos menores usam menos tecido, explicou Quinn.
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Mais clientes da empresa de aluguel de roupas Rent the Runway estão mudando para tamanhos menores, muito mais do que em qualquer período dos últimos 15 anos, disse Jennifer Hyman, cofundadora e CEO. Esses clientes também querem experimentar estilos diferentes, como fendas e outros recursos mais ousados. “Quando você se sente confortável com seu corpo, tem disposição para experimentar looks mais provocantes”, afirmou ela.
Para Maggie Rezek, vestir-se costumava ser esconder seu peso extra em camisas e calças largas. Desde que perdeu cerca de 27 quilos com a semaglutida, o princípio ativo do Ozempic, a jovem de 32 anos, que cuida do marketing de um salão de beleza, gastou um bom dinheiro em um novo guarda-roupa. Agora, suas peças básicas são camisetas curtinhas e shorts jeans. Ela trocou o tênis por saltos baixos. E até exibe suas roupas nas redes sociais.
“Antes, meu corpo me deixava insegura”, explicou Rezek, que mora em Indianapolis. “Agora, sinto que me encaixo melhor nas roupas. Isso me dá confiança para me vestir bem e com mais estilo.”
Cerca de 15,5 milhões de pessoas, ou 6% dos adultos dos EUA, dizem ter experimentado drogas injetáveis para emagrecer, de acordo com uma pesquisa com mais de 5.500 americanos realizada em março pela empresa de pesquisas Gallup. Quase três quartos dos usuários atuais disseram que essas drogas — uma classe conhecida como GLP-1, originalmente desenvolvidas para tratar o diabetes — são eficazes ou extremamente eficazes para a perda de peso.
Esses medicamentos não funcionam para todo mundo e seu custo às vezes pode exceder US$ 1 mil por mês, limitando o mercado. O preço total nem sempre é coberto pelo seguro. Além disso, é difícil manter o peso quando o uso da droga é interrompido.
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Ainda assim, algumas empresas esperam que o mercado desses medicamentos seja grande o suficiente para justificar uma mudança de rumo. A WW International, anteriormente conhecida como Vigilantes do Peso, adquiriu um serviço de assinatura que oferece consultas de telessaúde com médicos que podem prescrever medicamentos como o Ozempic. A Nestlé está introduzindo uma nova linha de alimentos este ano projetada para pessoas que tomam medicamentos para a perda de peso.
As empresas de vestuário estavam precisando de um empurrãozinho. As vendas de roupas caíram 4% nos 12 meses encerrados em abril em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Circana, já que as pessoas estão priorizando os gastos com itens de primeira necessidade.
Após a pandemia de covid-19, a Amarra, que vende vestidos de noite e outros trajes formais em 800 lojas nos EUA, Canadá e Austrália, viu aumentar a demanda por tamanhos maiores. Agora, essa tendência se inverteu.
“No ano passado, nossos lojistas nos disseram que precisavam de tamanhos menores”, contou Abhi Madan, cofundador e diretor criativo da Amarra. A empresa, que tem sede em Freehold, em Nova Jersey, adicionou tamanhos bem pequenos. Madan diz que também está vendendo mais tamanhos na faixa XXP e menos na faixa XXG.
O executivo acrescentou que a mudança está alterando a maneira como Amarra desenha vestidos. Ele está substituindo os zíperes por espartilhos de renda, que podem acomodar mais facilmente a mudança de peso, porque os laços podem ser apertados ou afrouxados. E também está adicionando recursos que dão um visual mais ajustado ao corpo.
A AllStar Logo, que vende camisas polo, jaquetas de lã e outros equipamentos para grandes empresas, viu a demanda por seus maiores tamanhos cair pela metade no ano passado, de acordo com Edmond Moss, o diretor de vendas.
“Costumávamos vender muitas jaquetas de lã extra grandes”, disse Moss. “Agora tudo caiu pelo menos um tamanho.”
As vendas dos três maiores tamanhos de camisas femininas caíram 10,9% nos primeiros três meses de 2024 em comparação com o mesmo período de 2022 em 12 marcas, de acordo com a Impact Analytics, que ajuda os varejistas a gerenciar seus estoques e encomendar tamanhos.
As vendas dessas mesmas camisas nos três menores tamanhos cresceram 12,1% no período. A Impact Analytics analisou compras em lojas físicas localizadas no Upper East Side de Manhattan, que tem o maior número de indivíduos na cidade de Nova York tomando esses medicamentos para perda de peso, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Trilliant Health.
Uma tendência semelhante ocorreu com vestidos e blusões femininos, além de camisas polo, moletons e camisetas masculinas, de acordo com a Impact Analytics.
Prashant Agrawal, fundador e CEO da Impact Analytics, disse que não é possível saber se as mudanças de tamanho resultaram da perda de peso das pessoas ou em uma diferença nos estilos de roupa, mas acrescentou que uma mudança tão pronunciada é incomum. “É algo que nunca vimos antes”, afirmou ele.
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Alguns executivos estão preocupados com uma possível redução na demanda por roupas extra-grandes.
“Estou tentando descobrir qual será minha preocupação no futuro”, disse Doug Wood, presidente-executivo da loja de roupas Tommy Bahama, observando que, à medida que mais pessoas perdem peso, isso pode afetar as vendas de sua coleção “Big Öll”, projetada para homens muito grandes.
Jillian Sterba passou do tamanho seis para o tamanho dez após o nascimento de seu filho. O peso não diminuía com dieta e exercícios, então ela começou a tomar as injeções de semaglutida em outubro. Desde então, Sterba, que tem 36 anos e mora em Austin, perdeu 16 quilos. Ela agora veste tamanho quatro. “Não dá para usar quase metade das minhas roupas”, afirmou ela.
Sendo assim, o jeito foi comprar tudo novo, jeans, tops, sutiãs e lingeries. “Eu usava blusas largas antes, mas agora estou usando camisas justas”, disse. Por receio de no futuro vir a recuperar o peso, ela confessa que está guardando 80% de suas velhas roupas.
Escreva para Suzanne Kapner em [email protected]
traduzido do inglês por investnews