Em dia de vaivém, a Bolsa brasileira fechou quase estável nesta quarta-feira (22). O pacote de ajuda fiscal à Europa, possíveis novos estímulos nos EUA e avanços em vacinas contra o coronavírus sustentaram o bom humor e acabaram ofuscando a piora na tensão entre China e EUA. O presidente Donald Trump pediu o fechamento da embaixada chinesa em Houston, no Texas, o que, se mantido, os chineses prometem retaliar.
O principal índice da B3, o Ibovespa, fechou em queda de 0,02%, aos 104.289 pontos. Já o dólar comercial terminou o dia negociado a R$ 5,1143, caindo 1,86%. Foi o menor valor frente ao real em 40 dias.
O mercado também repercutiu o envio da primeira fase da proposta do governo federal de reforma tributária ao Congresso Nacional, ontem. O texto proposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, prevê unificar PIS e Cofins em um único tributo com alíquota de 12%.
Destaques da Bolsa
Depois de demonstrar um balanço com alta de 32% no segundo trimestre, a Weg experienciou fortes ganhos com suas ações hoje na B3. Mesmo com a pandemia de covid-19, a empresa atravessou o período com resultados sólidos e positivos. As ações da Weg (WEGE3) chegaram a subir quase 12%, acima de R$67.
Foi dia de alta também para o setor de varejo, protagonizada por Via Varejo e B2W. A primeira obteve mais recomendações de analistas que veem seu problema em relação à liquidez de curto prazo como resolvido. E o conselho administrativo da B2W aprovou um aumento do capital de 4 bilhões de reais para subscrição privada.
Os papeis da Via Varejo (VVAR3) e da B2W (BTOW3) subiram ao redor de 3% e 5%, respectivamente, perto do horário de fechamento.
Ouro perto do recorde
Os contratos futuros do ouro fecharam o pregão desta quarta-feira em alta e se aproximaram do recorde histórico, com a escalada nas tensões entre Washington e Pequim, após os EUA ordenaram o fechamento do consulado da China em Houston, no Texas.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para agosto avançou 1,15%, a US$ 1.865,1 a onça-troy. O metal precioso se aproxima da máxima histórica de fechamento, US$ 1.891,9 a onça-troy, registrada em 22 de agosto de 2011, com base nos contratos mais líquidos.
“É tempo de festa para o ouro”, comenta o analista de metais Daniel Briesemann, do Commerzbank. A busca pela segurança da commodity aumentou após a escalada no conflito sino-americano.
Bolsas globais
As bolsas da Europa fecharam em queda, em realização de lucros após os ganhos de ontem. A escalada das tensões entre Estados Unidos e China e o noticiário negativo sobre o coronavírus também impuseram pressão de vendas nas mesas de operações do continente. Como resultado, o índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou em baixa de 0,87%, a 373,44 pontos.
Os EUA vem atingindo recordes de casos e mortes, o que fez com que Donald Trump mudasse a tônica do discurso. Ontem, o presidente alertou que a pandemia nos EUA “ficará pior antes de melhorar”.
As rixas entre EUA e China também voltaram com força ao radar hoje após Washington ordenar o fechamento do consulado chinês em Houston (Texas), com o objetivo de “proteger propriedade intelectual americana e informações privadas de americanos”. O governo chinês classificou a atitude de “ultrajante” e prometeu retaliar se a decisão não for revertida.
Nos meses recentes, americanos e chineses se desentenderam não apenas pela forma como a China lidou com a pandemia de coronavírus, como pela imposição por Pequim de uma nova lei de segurança nacional em Hong Kong e por supostas violações de direitos humanos na região chinesa de Xinjiang.
No noticiário corporativo, destaque para a companhia elétrica espanhola Iberdrola, que ampliou lucro mas teve queda na receita do primeiro semestre do ano. Sua ação caía 1,3% em Madri.
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em baixa nesta quarta-feira, influenciadas pela disseminação do coronavírus na região e nos EUA.
O índice acionário japonês Nikkei caiu 0,58% em Tóquio hoje, a 22.751,61 pontos, enquanto o Hang Seng recuou 2,25% em Hong Kong, a 25.057,94 pontos, e o sul-coreano Kospi teve perda marginal de 0,01% em Seul, a 2.228,66 pontos.
Na Oceania, a Austrália relatou 502 novos casos de covid-19 em 24 horas, superando o recorde anterior de 469 infecções de 28 de março. A bolsa de Sydney terminou o pregão com queda de 1,32%, a 6.075,10 pontos. Autoridades no Japão e em Hong Kong também se mostraram alarmadas com os crescentes números de casos da doença.
*Com Estadão Conteúdo