Quem não busca ser feliz? E, neste início de ano, quantas promessas e juras na busca da felicidade. E o clássico dilema entra novamente em cena: o sucesso traz felicidade ou a felicidade é precursora do sucesso?
Em “O Jeito Harvard de Ser Feliz”, o autor Shawn Achor nos ensina o que realmente está por trás da felicidade. Nos brinda como psicólogo e pesquisador da Universidade de Harvard, sua expertise em investigar a conexão entre felicidade e sucesso. Ele é um professor de um dos cursos mais concorridos na Universidade de Harvard, especialmente depois do lançamento do seu livro “O Jeito Harvard de Ser Feliz”. Ele acredita que as pessoas podem — e devem — ser felizes. E define felicidade como “a alegria que sentimos quando buscamos atingir nosso potencial”.
O que está além da felicidade?
Em seu outro livro, “Por trás da felicidade”, Shawn Achor nos traz uma outra visão do que é ser feliz. O psicólogo Archor acredita que a felicidade não é somente consequência do que acontece no exterior, e sim da maneira pela qual enxergamos esses acontecimentos e nossa visão sobre a realidade. Somos o que e como pensamos. E como no slogan da Apple (AAPL34) “Pense Diferente”: E mais, uma das primeiras e mais importantes habilidades do “gênio positivo” é a capacidade de reconhecer a existência de diferentes versões da realidade.
Aqui Archor nos leva a pensar no princípio da incerteza de Heisenberg, um dos postulados da Física Quântica, o qual afirmava que a realidade depende do ponto de vista do observador. Em outras palavras, tudo é relativo. E nossa mente cria realidades. Em síntese conclui o autor: “aprenda a enxergar uma realidade positiva e seja feliz e bem sucedido”. Portanto, afirma Achor , “antes de podermos ser felizes e bem-sucedidos, precisamos criar uma realidade positiva que nos permita enxergar que a felicidade e o sucesso são possíveis”.
Como vencer a síndrome do vai dar tudo errado
Os pessimistas presumem que imaginar os piores cenários possíveis os ajudará a se proteger no caso de problemas. Mas, segundo o autor, quanto mais tempo passamos imaginando o que pode dar errado, menos tempo e recursos nosso cérebro tem para pensar em como fazer as coisas darem certo.
Ou seja, dê uma chance para seu cérebro pensar diferente, senão seu cérebro continuará recriando as mesmas realidades negativas, mesmo quando o mundo externo mudar.
Na vida e no trabalho, talvez você conviva com pessoas que sempre escolhem ver uma realidade negativa, mesmo quando o mundo externo já mudou positivamente.
Para o autor, o alcance da felicidade e de se sentir bem-sucedido precisa antes de uma mudança insubstituível: como ser capaz de enxergar que as mudanças positivas são possíveis”. Além disso,” pesquisadores descobriram que a capacidade de incluir pontos de vista vantajosos é decisiva para a criatividade e a inovação”, acrescenta o autor.
O autor nos lembra que encontrou a peça que estava faltando: “antes da felicidade e do sucesso vem a nossa percepção de mundo”.
O elo perdido sobre a felicidade
Ao escrever o livro, Shawn Achor revela, em alguns trechos que, aprendeu mais sobre a felicidade nos últimos cinco anos do que numa década inteira pesquisando no laboratório e lecionando em Harvard.
“Este livro marca o ápice das minhas pesquisas e apresenta um processo simples para aumentar nossos níveis de sucesso e felicidade, transformando nossa realidade em uma realidade positiva. Quero esclarecer, porém, que, quando digo criar uma realidade positiva, não estou me referindo a simplesmente ser otimista. E também não me refiro a adotar algum tipo de visão fantasiosa do mundo na qual basta desejar a riqueza para ganhar milhões de dólares na loteria, ou imaginar seu câncer desaparecendo para ficar curado para sempre. Esse tipo de mentalidade não é positivo, nem produtivo”, assinala o autor.
Em sua pesquisa, Shawn mostrou que o simples ato de incluir pontos de vista vantajosos (mudar seu ponto de vista à medida que avalia suas opções) pode aumentar consideravelmente sua capacidade de enxergar novos e importantes detalhes, o que, por sua vez, amplia sua perspectiva e o ajuda a enxergar uma gama mais ampla de ideias e soluções. Além disso, pesquisadores descobriram que a capacidade de incluir pontos de vista vantajosos é decisiva para a criatividade e a inovação.
Ser feliz não é magia nem dádiva
Ao falar em uma realidade positiva, o autor não se refere a uma realidade na qual coisas boas acontecem em um passe de mágica pelo puro poder do pensamento positivo. Ele se refere a uma realidade na qual podemos mobilizar todos os nossos recursos cognitivos, intelectuais.
Ele cita, como paradoxo, o otimista irracional que, diferentemente do realista positivo, tem uma visão da realidade baseada em desejo e fantasia, não em como as coisas realmente são. O otimismo irracional explica por que bolhas financeiras se formam, por que compramos casas que não temos condições de pagar e por que contamos com o ovo antes de sair da galinha.
“Os otimistas irracionais enxergam o mundo através de lentes cor-de-rosa, sem se dar conta de que essas lentes coloridas não melhoram sua visão, e sim as distorcem. E eles saem pelo mundo agindo como Polianas e tomando decisões equivocadas. Quando você doura a pílula do presente, não consegue tomar boas decisões para o futuro”, reforça o autor.
Já os pessimistas, segundo Shawn, presumem que imaginar os piores cenários possíveis os ajudará a se proteger no caso de problemas. Mas, na verdade, quanto mais tempo passamos imaginando o que pode dar errado, menos tempo e recursos nosso cérebro tem para pensar em como fazer as coisas darem certo. Assim, a nossa realidade é uma escolha: aquilo em que escolhemos focar nossa atenção define nossa percepção e interpretação de mundo.
Um novo mapa mental
Mapear o percurso visando primeiro ao sucesso lhe possibilitará aproveitar melhor todas as suas inteligências e construir um prisma do sucesso.Também no mundo dos negócios, mapas desatualizados da realidade podem levar a resultados negativos não intencionais.
Use um mapa do tesouro. Para a próxima reunião, projeto ou apresentação importante, crie um mapa mental do tesouro em vez de um mapa de rotas de fuga. Comprometa-se a focar seu cérebro no que seria necessário para ter sucesso, em vez de no que você fará se for um fracasso. Se os outros começarem a focar nos problemas ou a se preocupar, direcione a conversa de volta aos aspectos positivos: “Vamos descobrir como ter sucesso antes de falar sobre o que pode dar errado”. Atualize o seu mapa. Reserve uma hora por mês para refletir sobre seu mapa mental”.
Em outras palavras, quanto mais perto nos percebemos do sucesso, maiores são nossas chances de sermos bem-sucedidos. E, ao cuidadosamente “pintarmos” nossos alvos para parecerem mais perto, podemos desencadear o ímpeto, a energia, o foco, a motivação e os recursos cognitivos que nos ajudarão a chegar lá mais rápido.
Em síntese, a felicidade é a precursora do sucesso, e não o contrário!
*Aloísio Sotero é professor e mentor em Precificação e Gestão de Negócios. Vice-diretor da Faculdade Central do Recife e membro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. |
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