O Brasil espera adicionar gradualmente 3 milhões de barris por dia de petróleo e gás à sua produção nesta década, mas não pode acelerar esses planos para compensar a proibição do produto russo, disse à Reuters Rodolfo Saboia, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Um dos maiores produtores de petróleo não pertencentes à Opep, o Brasil deve aumentar significativamente a produção de petróleo nos próximos dois anos, em um momento em que compradores estão procurando suprimentos para substituir o petróleo russo, rejeitado devido à invasão da Ucrânia.
A demanda global por petróleo está em cerca de 100 milhões de barris por dia. A disseminação das proibições ao suprimento russo desde a invasão da Ucrânia pode elevar ainda mais os preços da commodity. A Rússia, que chama sua ação na Ucrânia de “operação especial”, fornece cerca de 7 a 8 milhões de barris por dia de petróleo bruto e derivados.
Este mês, a secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, ligou para seu correspondente no Brasil pedindo aumentos mais rápidos, informou o Ministério de Minas e Energia. Os EUA também entraram em contato com produtores locais, além de Venezuela e Oriente Médio.
Restrições geológicas e da cadeia de suprimentos do Brasil significam que pode levar até 10 anos para colocar novos projetos em produção, disse Saboia.
O petróleo brasileiro vem principalmente de campos de águas profundas que exigem plataformas caras e componentes submarinos, acrescentou.
“A produção vai crescer, mas não há muito o que fazer para acelerá-la”, disse Saboia à Reuters.
A petroleira estatal Petrobras (PETR3 e PETR4) prevê instalar 15 plataformas de produção offshore até 2026, disse o chefe de produção da companhia, João Henrique Rittershaussen. As unidades aumentarão a capacidade em 2,425 milhões de bpd de petróleo bruto.
Embora a maioria das plataformas esteja pronta ou em construção, apenas uma – capaz de bombear 180.000 bpd de petróleo bruto – está prevista para iniciar atividades este ano, disse Rittershaussen.
Outras cinco plataformas, com uma capacidade combinada de 630.000 bpd de petróleo, estão programadas para começar a operar no próximo ano, disse ele. Mas a produção não é instantânea.
“Leva quase um ano inteiro para atingir a capacidade total em uma plataforma como essa”, disse Rittershaussen.