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Economia

Com ceticismo sobre acordo na Ucrânia, mercado prevê mais pressão a petróleo

Negociações com a Rússia chegaram a trazer alívio, mas cotação voltou a subir.

Bombeamento de petróleo em Bakersfield, Califórnia (EUA) 14/10/2014 REUTERS/Lucy Nicholson

A disparada do preço do petróleo em meio à guerra na Ucrânia tem sido apontada como um dos principais motivos de preocupação sobre os impactos econômicos do início do conflito. Depois de uma aparente trégua no avanço da cotação nos últimos dias, os preços voltaram a subir – embora longe das máximas atingidas recentemente. Para especialistas ouvidos pelo InvestNews, o “susto” do mercado com o preços do petróleo diante da guerra ainda não passou. 

Às vésperas da invasão da Ucrânia pela Rússia, o Brent (referência internacional e parâmetro para a precificação dos combustíveis pela Petrobras) era cotado perto de US$ 94. Na sexta-feira (18), a commodity encerrou os negócios na casa dos US$ 104 – o que significa que, desde o início da guerra, o barril já subiu cerca de 10%. 

Mas essa alta acumulada desde o começo da guerra já foi maior. No dia 6 de março, o Brent fechou acima de US$ 129, acumulando naquele momento uma disparada de quase 37% acumulada desde o começo do conflito até então.

Na última semana, porém, essa alta acumulada chegou a bater menos de 2%, em um momento em que a pressão parecia ter se aliviado e o Brent voltou a fechar abaixo de US$ 100 por barril. Veja abaixo:

Preço do petróleo desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Preço do petróleo desde a invasão da Ucrânia pela Rússia

“Nós iniciamos a semana passada com uma expectativa entre reunião de Rússia com Ucrânia para um cessar-fogo e até mesmo um alinhamento de guerra e, por isso, sim, a gente teve movimentos de recuo de petróleo”, lembra Bruno Madruga, sócio e Head de Renda Variável da Monte Bravo Investimentos. 

Também no início da última semana, preocupações sobre uma possível queda de demanda por petróleo dominou as atenções dos investidores, em meio ao aumento do número de casos de covid-19 na China e preocupações sobre lockdown em algumas regiões do país.

Expectativas por um aumento da produção de petróleo por países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) também deram suporte à sequência de de recuos do preço recentemente.

A pressão de alta sobre as cotações, no entanto, retornou. “Na medida em que o tempo foi passando, se verificou que esse acordo entre Rússia e Ucrânia não teve efeito. E aí a gente viu, na quinta e na sexta-feira (18), uma valorização, uma recuperação, do preço do barril do petróleo no mercado internacional”, comenta Madruga. 

Perspectivas para o preço do petróleo

Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA, avalia que “o petróleo encerrou a semana com o retorno do ceticismo por uma resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia no curto prazo”.

Ele também aponta como fator de atenção as “sinalizações da Agência Internacional de Energia que indicaram um pesado impacto do conflito para a produção”.

 A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) pediu na sexta-feira (18) que os consumidores viajem menos, compartilhem o transporte e dirijam mais devagar, parte de um plano de 10 pontos para cortar o uso de petróleo à medida que a invasão da Ucrânia pela Rússia aprofunda as preocupações com a oferta.

O plano do grupo de 31 países industrializados com sede em Paris – que não inclui a Rússia – destaca a urgência de uma crise de oferta provocada por sanções e aversão dos compradores ao petróleo russo, o que elevou os preços dos combustíveis.

As recomendações podem reduzir a demanda de petróleo em 2,7 milhões de barris por dia em quatro meses, disse a IEA.

Nesse cenário, Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, acredita que que “devemos continuar vendo o preço do petróleo sendo pressionado na casa dos US$ 100”.

Madruga, da Monte Bravo, também não acredita em queda de preços no curto prazo, mesmo em meio a negociações da Opep por uma elevação na produção. “Esse aumento que existe na mesa não ainda satisfaz o nível de consumo que os países estão necessitando”, diz ele. 

* Com informações da Reuters

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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