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Economia

Solidão aumenta a chance de desemprego em 17,5%

Segundo estudo, Brasil é o país onde as pessoas se sentem mais solitárias.

No Brasil, 50% das pessoas ouvidas pelo instituto Ipsos em 2021 relataram se sentir sozinhas por conta da pandemia. É o maior percentual registrado no mundo. Pesquisas semelhantes desenvolvidas antes da pandemia mostravam que menos de 35% das pessoas que se diziam solitárias no país.

Há um impacto econômico nesse cenário, especificamente, na taxa de desemprego. Segundo um estudo recém-publicado pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, pessoas solitárias têm uma chance 17,5% maior de perder o emprego no futuro do que alguém que não reclama da solidão.

É o primeiro trabalho a buscar esse tipo de relação. Já se sabia que existe um vínculo entre desemprego e solidão. Um estudo de 2018 na Nova Zelândia, por exemplo, mostrou que a propensão entre desempregados em relatar solidão era quase três vezes maior do que entre pessoas com um emprego.

O trabalho de três economistas e especialistas em um campo bem interessante, a economia da saúde, busca o contrário, partindo da pergunta sobre se não seria a solidão a causa do desemprego e não o contrário.

Foram utilizadas as respostas de 15 mil pessoas, todas participantes de um grande estudo governamental sobre as famílias inglesas de 2017 a 2020.

Primeiro, os pesquisadores aplicaram perguntas para saber se a pessoa se sentia sozinha. No meio de uma série de perguntas, ocorria a sondagem.

Depois, usando critérios como idade, gênero, status marital e condições financeiras, buscou-se verificar, comparando com as estatísticas oficiais de desemprego, qual a probabilidade da pessoa ser demitida.

Políticas públicas que tentam tornar as pessoas menos solitárias podem ter um efeito na taxa de desemprego. E é isso que ocorre no Reino Unido, que possui um fundo de 20 milhões de libras para financiar iniciativas que combatam a solidão entre a população. O país chega a ter um Ministério da Solidão. Campanhas contra a solidão foram lançadas também na Dinamarca e na Austrália.

Algumas pontos importantes desta análise:

  • Os 17,5% são o meio do caminho. Em alguns grupos a probabilidade de desemprego aumenta para 19%.
  • Esse número é democrático. Não importa gênero, etnia, status marital, idade, educação, grupo social ou se têm ou não filhos, o vínculo entre solidão e propensão mais alta ao desemprego se repetiu.
  • O estudo estabelece uma nova maneira de ver a relação entre solidão e desemprego. Até agora havia um número razoável de estudos, que explicam a ocorrência considerando que o efeito psicológico de estar desempregado, com problemas como a depressão, afeta a capacidade de interagir com as outras pessoas, levando à solidão.
  • O estudo sugere que o processo se parece mais com uma via de mão dupla. A solidão aumenta a chance de desemprego, o que aumenta a chance de solidão.
  • O lado bom do estudo é de que 62% das pessoas não se sentem sozinhas, então não correm o risco de perder o emprego por esse motivo.

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