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Metaverso: o que é, como surgiu e qual a relação com os criptoativos

Apesar de ter ganhado popularidade nos últimos anos, o conceito existe há décadas; confira o que significa e como funciona.

Imagem ilustrando o metaverso com um cenário de um quarto futurista com iluminação roxa

O conceito de metaverso ganhou notoriedade em 2021, quando Mark Zuckerberg anunciou suas intenções de investir neste universo virtual, inclusive mudando o nome de sua companhia de Facebook para Meta, além de lançar o primeiro metaverso da companhia.

No entanto, muitos podem não saber o real significado do metaverso e o que é, ou como funciona.

Apesar da fama recente, o conceito de metaverso existe há muito tempo e, ao contrário do que você pode pensar, a Meta não é a pioneira em explorar elementos dessa tecnologia.Por isso, o InvestNews preparou um guia para tirar suas dúvidas. Confira:

O que é metaverso?

Círculo roxo com presentes, mercadorias e óculos de realidade aumentada para ilustrar o metaverso
Imagem de Freepik

O metaverso é um espaço, espécie de universo virtual compartilhado, que mescla as realidades física e virtual e permite que as pessoas interajam entre si e com o ambiente.

“O metaverso é um termo, uma expressão, que é usado para falar sobre uma realidade virtual compartilhada, que é interativa, que tem vida, e que existe além da nossa realidade física”.

João Gabriel Oliveira, programador e LinkedIn Top Voice. 

Segundo Oliveira, ele é frequentemente considerado um coletivo de universos virtuais, realidade aumentada e universo físico, que são interconectados. “No metaverso, as pessoas podem interagir umas com as outras e com o ambiente de uma maneira bem realista, em tempo real, principalmente por meio dos avatares digitais”, completa. 

Nesse universo, coisas como realidade aumentada e hologramas são comuns.

Segundo a Meta (FBOK34), ex-Facebook, “o metaverso é a próxima evolução na conexão social e o sucessor da internet móvel. Assim como a internet, o metaverso ajudará você a se conectar com as pessoas quando não estiver fisicamente no mesmo lugar e nos aproximará ainda mais dessa sensação de estarmos juntos pessoalmente”.

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Como funciona o metaverso?


Second Life – Divulgação/Linden Lab 

Com a ajuda de dispositivos tecnológicos, o usuário pode acessar um mundo digital, um espaço virtual coletivo que busca reproduzir a realidade, chamado metaverso, e interagir com diversas pessoas e ambientes, que vão desde jogos à reuniões de trabalho, por meio de seu avatar.

Nesse universo o usuário deve sentir-se imerso, dentro do conteúdo, seja ao jogar, conversar com outros avatares, comprar itens virtuais ou até trabalhar.

Exemplo de uma aplicação mais “plena” e complexa de uma espécie de metaverso (também um pouco pessimista) seria o filme “Matrix”.

De maneira simplificada, o filme citado é sobre uma população que vive em um mundo paralelo, virtual, construído por uma inteligência artificial (o computador Matrix, ou matriz, em português), mas sem conhecimento da realidade (mundo físico). 

Para ter controle sobre os seres humanos, essa máquina os mantinha em um ambiente imersivo, que mesclava as realidades e fazia com que não percebessem a diferença entre o virtual e o “real”, alimentando-se de sua energia enquanto estivessem conectados a ela por meio de cabos plugados ao seu corpo.

Daqui podemos tirar as atividades que os usuários realizavam dentro de Matrix, em que havia uma “simulação” da vida real, no entanto, para nós, a intenção não é separar ambos os mundos, e sim juntá-los. Na ideia de metaverso fora do filme, as duas realidades, física e virtual, são mescladas.

Outro exemplo, talvez um pouco mais próximo do que temos, é o filme “Jogador nº 1” (do título original Ready Player One), em que os usuários utilizam VR (óculos de realidade virtual) para acessar um jogo, um ambiente de realidade virtual, o OASIS, podendo ser quem ou o quê quiserem por meio de seus avatares.

Segundo a carta aberta de Zuckerberg, “No metaverso, você será capaz de fazer quase tudo que você possa imaginar – reunir-se com amigos e família, trabalhar, aprender, brincar, fazer compras, criar – bem como ter experiências completamente novas que realmente não se encaixam em como pensamos sobre computadores ou telefones hoje”.

Origem do metaverso

Reprodução Instagram/Porão literário

Como citado, a expressão metaverso não é nova, mas ganhou certo destaque em 2021, após os anúncios do criador da Meta (antiga Facebook), Mark Zuckerberg, ao mudar o nome da companhia e informar os investimentos pesados nessa tecnologia, lançando também o primeiro metaverso da Meta, o Horizon Worlds. 

No entanto, o metaverso por completo não é da Meta. Outras grandes empresas, como a Microsoft, também estão fazendo suas apostas, e a ideia de metaverso existe muito antes delas.

João Gabriel comenta que o conceito do metaverso vem de várias décadas. A palavra metaverso foi cunhada por um escritor, Neal Stephenson, em um romance de ficção científica em 1992, “Snow Crash”. 

“Ali dentro da ideia dele, do romance, da ficção, os humanos eram avatares e interagiam uns com os outros através do software em um espaço virtual tridimensional, mas a ideia de um universo digital compartilhado persiste e pode ser encontrada em obras de ficção científica ainda mais antigas”, aponta Oliveira.

No livro, um jovem entregador de pizza no “mundo real” é um samurai no mundo virtual.

Primeiros jogos

Second Life – Divulgação/Linden Lab 

Inspirados no livro de Stephenson, nos anos 2000 surgiram algumas tentativas, as formas iniciais do metaverso, em jogos como Second Life, em 2003, e Minecraft, em 2011.

O Second Life é um jogo lançado pela Linden Lab que, segundo o site, “é um mundo virtual 3D gratuito e um metaverso original onde os usuários podem criar, conectar e conversar com outras pessoas de todo o mundo usando voz e texto”. Essas interações ocorrem por meio de avatares 3D.

Já o Minecraft, um dos jogos mais populares do mundo, teve sua versão clássica desenvolvida pelo programador Markus Persson, como um jogo interativo, tridimensional e compartilhado, baseado em um jogo de mineração.

Essas foram algumas das primeiras apostas nesse universo virtual, mas eram mais simples do que o que temos agora, em que existe economia e propriedade virtual nesses espaços, como criptomoedas e NFTs (tokens não-fungíveis).

Outros jogos como Roblox e Fortnite também exploraram um pouco dessa ideia de mundo digital. Neles, os usuários possuem avatares que interagem, realizam missões e até vão a eventos.

A ideia de metaverso nos dias atuais vai além dessas simples interações, pretende mesclar aspectos da vida real e virtual, trazendo elementos de uma para a outra, incluindo o uso dessa tecnologia em tarefas como lazer e trabalho, por exemplo. 

Hoje em dia, até mesmo celebridades como Ariana Grande e Emicida estão realizando shows virtuais por meio de plataformas como o Fortnite. 

O intuito é unir o virtual com o “real” utilizando outros sentidos além da visão e tornar as atividades mais imersivas.

Como entrar no metaverso?

Oliveira conta que para entrar no metaverso geralmente há o uso de algum dispositivo tecnológico, de computador, de um web browser, de um navegador ou de algum dispositivo de realidade virtual.

Segundo o site da Meta, o usuário poderá acessar o metaverso em diferentes dispositivos, como seu telefone ou computador, bem como dispositivos de realidade virtual onde estará totalmente imerso (como os óculos de realidade virtual), “o metaverso incluirá experiências 2D familiares, bem como aquelas projetadas no mundo físico e também experiências 3D totalmente imersivas”.

É necessário o uso de óculos?

Foto de Micheal Ogungbe/Unsplash

Segundo o programador, embora os óculos de realidade virtual possam proporcionar uma experiência mais imersiva, eles não são estritamente necessários para que o usuário utilize o metaverso. Óculos para o metaverso são uma boa opção, mas não são obrigatórios.

“Eu posso dar exemplos de jogos online como Second Life, Minecraft, que podem ser considerados as formas iniciais de metaverso e podem ser acessados pelo PC, um computador normal, e celular também”, explica Oliveira.

O metaverso da Meta não é a única opção para quem quer se aventurar nesse universo digital. 

Existem jogos como Second Life, como já citado, The Sandbox, Decentraland, e outros que exploram o universo 3D e podem ser acessados pelos meios e dispositivos convencionais como computador e celular, sem a necessidade de um equipamento mais sofisticado.

A plataforma Roblox, que possui diversos jogos que permitem a criação do seu próprio mundo virtual, também pode ser acessada por qualquer computador conectado à internet.

Relação do metaverso com criptomoedas

Imagem de Jievani Weerasingh/Unsplash

Simplificando, as criptomoedas, como o próprio nome diz, são moedas digitais que utilizam tecnologia de criptografia em suas transações. Diferentemente do dinheiro circular que vemos no dia a dia, elas não podem ser tocadas, existem apenas na internet.

“Em relação às criptomoedas e NFTs, o metaverso tem sido um local bem popular para o uso dessas tecnologias, já que elas podem ser usadas como uma forma de moeda digital e faz o uso de ações econômicas que ocorrem nas fronteiras do mundo real”, aponta Oliveira. 

Essas criptomoedas podem ser utilizadas para comprar produtos no metaverso.

Jogos como The Sandbox e Decentraland possuem até suas próprias criptomoedas, SAND e MANA, respectivamente.

Por sua vez, Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, casa de análise e empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, diz que 

“A relação entre criptomoedas, NFTs e metaverso existe porque alguns projetos de criptoativos desenvolvem metaversos, sejam eles metaversos submissivos, sejam metaversos 2D projetados para interação da comunidade, sejam jogos de convivência gamificada”, aponta Medeiros.

Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos

Jogos como Decentraland, por exemplo, são hospedados em blockchain (base de dados compartilhados que registra e valida transações digitais), neste caso, na Ethereum, o que gera a ligação entre ambos. 

Segundo o site do próprio Decentraland, “Decentraland usa a blockchain Ethereum para registrar a propriedade dos ativos digitais e outros itens negociáveis ​​que podem ser lidos e reagidos por uma cena 3D”. 

“O espaço virtual 3D finito e percorrível dentro do Decentraland é chamado de LAND, um ativo digital não fungível mantido em um contrato inteligente da Ethereum. A terra é dividida em parcelas que são identificadas por coordenadas cartesianas (x,y). Essas parcelas são de propriedade permanente de membros da comunidade e são compradas usando MANA, o token de criptomoeda da Decentraland. Isso dá aos usuários controle total sobre os ambientes e aplicativos que eles criam, que podem variar de cenas 3D estáticas a aplicativos ou jogos mais interativos”.

Esse é apenas um exemplo, mas outros jogos que utilizam princípios e tecnologia do metaverso também possuem sua própria criptomoeda ou NFT.

Relação do metaverso com NFTs

Divulgação/Decentraland

De acordo com Oliveira, os NFTs são usados para representar uma propriedade de ativo digital exclusivo no Metaverso, como terrenos virtuais, edifícios e até mesmo avatares.

Lembrando que os NFTs são tokens não fungíveis, bens virtuais ou físicos, que também são armazenados pela tecnologia blockchain, e representam itens únicos e insubstituíveis.

Tanto as criptomoedas quanto as NFTs dão suporte ao metaverso, já que podem ser utilizadas para movimentar a economia de alguns jogos, possibilitando a movimentação de valores e demarcação de propriedades virtuais.

Segundo o Decentraland, sobre as carteiras, o site diz que “Os tokens Ethereum são mantidos por carteiras. Uma carteira Ethereum pode conter vários tokens, incluindo Ether, MANA, LAND e outros tokens que podem ser usados ​​por jogos ou experiências em Decentraland”. 

Utilizando criptomoedas, os usuários podem comprar terrenos virtuais na plataforma, representados por NFTs, que também podem ser utilizados em sistemas de troca ou compra e venda.

Como investir no metaverso?

Imagem de Sergei Tokmakov/Pixabay

Medeiros comenta que existem várias opções de investir no metaverso. “Você pode investir dentro do universo de criptoativos, como em alguns projetos como The SandBox, Decentrand, que desenvolvem um tipo de metaverso descentralizado, então você pode investir via esses instrumentos de criptoativos e pode também investir em empresas tradicionais que exploram e desenvolvem essa tecnologia, como o Facebook (atual Meta), NVidia e outras empresas de tecnologia que desenvolvem um tipo específico de metaverso”, aponta o analista. 

“A Apple também anunciou recentemente um produto, que é um óculos de projeção gamificada, o que também tem uma correlação com o metaverso. Então existem diversas maneiras de você investir na tecnologia. O investidor pode optar por selecionar empresas ou criptoativos que têm uma correlação direta ou indireta com o metaverso”, finaliza Medeiros.

Confira abaixo alguns exemplos de como investir no metaverso:

  • Criptomoedas 

Uma das maneiras de investir no metaverso é por meio de criptomoedas associadas a ele, que podem ser adquiridas por meio de exchanges, corretoras de criptoativos. Alguns exemplos já citados são MANA, de Decentreland, e SAND, de The Sandbox.

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  • Ações

Como citado por Medeiros, o investidor pode optar por investir em empresas que estejam envolvidas com o Metaverso, como a própria Meta, Microsoft ou até Apple.

  • Fundos de Investimento

Outra opção para o investidor é aplicar seus recursos em fundos de investimentos voltados ao metaverso.

Fundos como o Vitreo Metaverso, da corretora Vitreo, que investe apenas em ativos de empresas que possuem ligação com o metaverso são uma alternativa para quem não quer investir diretamente em ações.

Alguns jogadores também investem em terrenos virtuais no metaverso para vendê-los posteriormente, comercializando-os como NFTs.

Em 2021, um terreno em Decentraland foi vendido por por 618 mil manas, o equivalente a US$ 2,4 milhões. Esta foi a compra mais cara de espaço online já realizada na plataforma.

Outros NFTs, itens de jogos, também podem ser negociados nas plataformas e utilizados como forma de investimento.

Perigos do metaverso

Imagem de Brian Penny/Pixabay

De acordo com o programador João Gabriel Oliveira, o metaverso pode ter muitos perigos. 

“Além das preocupações das quais já sabemos sobre segurança cibernética, privacidade, roubo de identidade, o metaverso também pode ter implicações psicológicas e sociais”, alerta. 

“Algumas pessoas podem se tornar excessivamente dependentes, deixando as suas vidas reais e também questões sobre a governança e propriedade do controle do metaverso, que ainda não são totalmente resolvidos”, completa o programador.

Confira abaixo os principais perigos citados:

  • Segurança cibernética
  • Violação de privacidade
  • Questões psicológicas, como o vício

Qual o futuro do Metaverso?

Imagem de Freepik

“Em relação ao futuro do metaverso é bem difícil de prever com alguma certeza, mas acredito que seja provável que ele vá se tornar uma parte cada vez mais importante das nossas vidas digitais, das nossas aventuras digitais. E com o avanço da tecnologia, o metaverso vai poder se tornar um lugar onde trabalho, lazer e socialização podem acontecer de uma maneira mais natural”, opina Oliveira. 

Além de tudo, o programador acredita que é importante que, no futuro, os benefícios do metaverso sejam acessíveis para todos, democratizados.

“Então ainda temos um longo caminho a percorrer. Acredito que em um espaço de tempo de alguns anos, a gente possa ver uma adoção maior dessa tecnologia no nosso dia a dia, à medida que ela avança e que as pessoas também se interessem cada vez mais pelo assunto e pelo tema. Agora a gente viu que deu uma abaixada nos ânimos, mas logo mais eu acredito que retornaremos com essas discussões sobre o metaverso”, finaliza Oliveira.

*Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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