A expansão da atividade industrial brasileira perdeu força em agosto diante dos ritmos mais fracos em seis meses de novas encomendas e produção, de acordo com pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), que mostrou ainda recuo das pressões de preços.
O PMI da indústria divulgado nesta quinta-feira (31) pela S&P Global caiu a 51,9 em agosto, de 54,0 em julho, patamar mais fraco desde abril (51,8). Foi o terceiro recuo seguido do índice, mas ele ainda permanece acima da marca de 50 que separa crescimento de contração.
Maior subcomponente do PMI, o índice de novas encomendas aumentou em agosto no ritmo mais fraco da atual sequência de seis meses de expansão, diante das compras mais moderadas pela parte de clientes, condições econômicas desafiadoras e vendas varejistas fracas.
Da mesma maneira, a produção teve apenas ligeira alta em agosto, e no ritmo mais fraco em seis meses. Entrevistados citaram a melhora da capacidade, disponibilidade maior de insumos e vendas maiores, mas ao mesmo tempo registraram demanda fraca para uma série de bens.
Mesmo com a demanda moderada, alguns produtores voltaram a elevar os preços de venda em agosto, transferindo para os clientes os custos. No entanto, como a proporção dos que fizeram isso foi menor, houve uma forte desaceleração na taxa de inflação, para mínima de 28 meses.
A pressão inflacionária também mostrou alívio devido a aumentos mais fracos nos custos de insumos, que subiram à taxa mais fraca em mais de dois anos e meio. Segundo os participantes da pesquisa, os preços mais altos de vários materiais foram parcialmente compensados por certas commodities, particularmente aço e cobre.
“O alívio das pressões inflacionárias, uma vez que os preços de commodities mostraram tendência mais baixa, taxas sobre os combustíveis foram cortadas e o agressivo aperto monetário continuou, foi o principal (ponto) positivo visto no resultado do PMI de agosto”, destacou a diretora associada de economia da S&P Markit, Pollyanna De Lima.
O mês de agosto também teve alívio da pressão nas cadeias de oferta, já que os tempos de entrega diminuíram para o menor nível desde o início de 2020, com redução nos atrasos junto com a demanda global fraca por insumos e disponibilidade melhor de alguns itens.
Diante das projeções de aceleração das vendas, a confiança do setor para os próximos 12 meses chegou ao patamar mais forte desde o final de 2020, o que deu suporte à criação de empregos na indústria brasileira em agosto, ainda que a taxa de crescimento tenha recuado para uma mínima de quatro meses.
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