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Economia

PIB pode crescer até US$ 3,5 tri em 10 anos com capacitação digital, diz estudo

Amcham Brasil aponta que renda per capita no país aumentaria em 13% e em até 2% no ranking do IDH.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil pode aumentar em até US$ 3,5 trilhões em 10 anos com intensificação da capacitação digital, de acordo com um levantamento Amcham Brasil com apoio da Accenture, divulgado nesta terça-feira (13). 

Segundo o estudo “Propostas por um Brasil Mais Digital”, a transformação digital possibilitaria o aumento da renda per capital do país em 13% e o crescimento de até 2% no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).  

“Temos grandes gargalos de produtividade no Brasil, não apenas pelas legislações trabalhistas e regramentos existentes, mas pela própria velocidade dessa indústria. A indústria de inovação digital é muito ágil. Nós temos um enorme desafio”, afirmou José Gustavo Gontijo, secretário de Empreendedorismo e Inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia.  

O secretário disse que o governo “não tem pernas pra isso”, mas ressaltou que deve pensar formas de viabilizar a digitalização, inclusive modificando o ensino infantil para mudança da mentalidade da analógica atual.  

O documento, que foi entregue aos principais candidatos que concorrem à Presidência, apresenta propostas em cinco áreas para a transformação digital do Brasil. Veja abaixo:

Evento da Amcham Brasil. (Foto: Tatiana Santiago/InvestNews)
Evento da Amcham Brasil. (Foto: Tatiana Santiago/InvestNews)

Capital Humano 

De acordo com o estudo, a necessidade atual de profissionais graduados em tecnologia no Brasil é de 70 mil por ano, enquanto as universidades formam apenas 46 mil.  

Segundo um estudo da UNESCO de 2018, 18% dos graduados no Brasil são de cursos ciência, tecnologia, engenharia e matemática, proporção bem inferior à dos países líderes como Malásia (42%), Alemanha (36%), Singapura (35%), Índia (32%) e Rússia (30%).  

A proposta é intensificar a digitalização nos ensinos secundários e técnicos; intensificar a formação nas áreas de tecnologia, ciências, engenharias e matemática nos ensino técnico, profissionalizante e universitário; impulsionar o uso de ferramentas digitais como métodos interativos de ensino; e adotar medidas fiscais para atrair talentos. 

“A transformação digital está criando uma bomba relógio que em menos de dez anos vai impactar o mercado de trabalho. Temos um volume muito grande de pessoas impactadas para serem qualificadas em um universo de tempo muito menor. O grande obstáculo da transformação digital é a educação”, disse Tania Cosentino, presidente da Microsoft Brasil. 

De acordo com ela, até 2030, o Brasil deveria requalificar 45 milhões de profissionais.  

Infraestrutura de Tecnologia 

O tamanho do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação de um país corresponde a sua capacidade nacional de gerar valor econômico, como conectividade (internet 4G e 5G); poder computacional (ex: centros de dados, computação em nuvem, semicondutores); dispositivos eletrônicos para uso pessoal e profissional, entre outros.  

O Brasil ocupa a 96ª posição em população com acesso à internet, a 166ª posição em assinaturas de planos de celulares por habitante, e o 101º lugar em assinaturas de conexão de banda larga por habitante, ficando atrás dos BRICS (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia e China) e América Latina.  

Para aceleração da digitalização no país, o estudo propõe um plano nacional de expansão de conectividade móvel e fixa; programas de aprendizado e capacitação de informática básica;  facilitar o acesso a dispositivos eletrônicos para população de baixa renda; além de incentivar e facilitar o acesso de serviços de digitalização à pequenas e médias empresas com a disponibilização de crédito para facilitar a expansão de infraestrutura de nuvem e computação. 

“O desafio que temos é em todas as áreas, na indústria 4.0, na saúde, na educação. O processo pedagógico tem que mudar também, tem que evoluir”, ressaltou Francisco Soares, vice-presidente da Qualcomm para América Latina. 

Fomento à Digitalização 

O acesso aos recursos financeiros é um dos principais fatores para aumentar a velocidade da digitalização. Entre as propostas estão investimentos público e privado em inovação; investimento público ou privado para a criação de novas empresas em estágio inicial (“investidores anjo”); investimento público ou privado em modelo de Venture Capital ou de Private Equity, com alto potencial de crescimento ou de ganhos de produtividade e eficiência; e investimentos na digitalização de empresas tradicionais.  

Ecossistema Digital 

Criação de políticas públicas, que estimulam e regulam os principais grupos de participantes do ecossistema, como o estado e órgãos reguladores, empresas e os clientes.  

Nos serviços públicos, o Brasil é 7º lugar do mundo e em 1º lugar das Américas, inclusive à frente dos Estados Unidos e Canadá. A digitalização dos serviços públicos já gerou uma economia de R$ 4,5 bilhões por ano. Atualmente, o país tem 22 mil startups e grande crescimento do número de unicórnios.  

O documento propõe expandir a digitalização para todos os serviços públicos, criar ecossistemas de inovação relevantes, alavancando as vocações regionais; expansão dos centros de pesquisa e inovação; aumentar a troca de conhecimento entre os polos de inovação existentes no Brasil;  acelerar as tratativas do Open Finance e do Open Healthcare; e aumentar a divulgação de dados governamentais que melhoram a transparência. 

Aprimoramento Regulatório 

O estudo aponta que o Estado tem a função de identificar riscos e minimizar eventuais impactos negativos com a adoção de regulações. Para aprimorar esse processo, é preciso que o Poder Executivo crie uma unidade responsável pelo acompanhamento dos mercados digitais para adequar e conferir segurança aos agentes; estabelecer procedimentos recorrentes para atualização de regulações obsoletas; fomentar o compartilhamento de experiências e lições aprendidas de casos regulatórios de sucesso; dar mais celeridade aos processos de insolvência, revendo a Lei de Falências; além de avançar a simplificação tributária. 

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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