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Negócios

Ex-sócio da Wäls, comprada pela Ambev, cria plantação de lúpulo urbano

Hoje, país importa 99% da matéria-prima usada na produção de cervejas.

José Felipe Pedras Carneiro, ex-sócio e proprietário da cervejaria artesanal mineira Wäls adquirida pela Ambev em 2015, e o produtor de eventos José Pedro Fontes estão envolvidos em um novo projeto: a primeira plantação de lúpulo urbano no Brasil. O ingrediente é usado na produção de cervejas e é responsável por dar amargor e aroma à bebida.

José Felipe Carneiro – Crédito: MARCOS MESQUITA

Em agosto deste ano, a dupla fundou a Fazenda Cervejeira, localizada em Belo Horizonte, Minas Gerais. O local, onde anteriormente funcionava um aterro de lixo, foi transformado em um espaço de convivência inspirado na roça. Além de restaurante (com churrasco em fogo de chão) e bar, há uma área de 1.500 metros quadrados para a produção de lúpulo – a primeira em área urbana, segundo os fundadores. Por enquanto, o espaço é aberto ao público em datas pontuais.

José Pedro Fontes – Foto: Cintia Magalhães / www.bsfotografias.com.br

“A Fazenda Cervejeira nasceu com a necessidade de levar para a cidade um pouco do significado do agro, uma mentalidade que já existe no interior do Brasil, de plantar, de cultivar, de recepcionar as pessoas, com muita fartura e poder mostrar para o pessoal da capital de onde vem um dos ingredientes principais para a produção da cerveja que é o lúpulo”, disse José Pedro Fontes.

Teste com 13 espécies

Foi na Fazenda Cervejaria que os sócios começaram a fazer os testes para a produção de 13 espécies de lúpulo. A iniciativa deu certo. A dupla ampliou os negócios e iniciou uma produção maior em uma área de 1,2 hectares (quase quatro vezes maior que o espaço dedicado em Belo Horizonte) na cidade de Carmo da Cachoeira, no Sul de Minas Gerais, com aproximadamente 3.500 unidades de lúpulo plantadas.

“A gente consegue estabelecer muitas experiências dentro desse laboratório em Belo Horizonte e replicar isso de uma forma maior no nosso plantio no Sul de Minas”, avaliou Fontes.

A plantação será tema da série “Do Campo ao Copo”, que estreia em novembro no Netflix.

Produção de cerveja Foto: Cintia Magalhães / www.bsfotografias.com.br

Produção do lúpulo próprio no Brasil

Durante o Fórum CEO, evento realizado pela plataforma Experience Club em setembro, Carneiro afirmou que, até 2017, toda a literatura falava que era impossível criar uma plantação de lúpulo no Brasil. Isso porque, dentre outros requisitos, a planta necessita de iluminação solar praticamente 24 horas por dia.

“Aceitei esse desafio de tentar um plantio de lúpulo no Brasil e há três anos estou estudando o movimento agro”, afirmou Carneiro.

A dupla passou a usar uma lâmpada inventada pelos chineses, usada especialmente em plantios, e que é acionada ao escurecer. “Através da iluminação suplementar a gente consegue fazer a plantação se tornar uma realidade dentro da cidade de BH e nesse terreno, que era uma área abandonada”, afirmou Fontes.

Imagem do processo de iluminação artificial. Crédito: Reprodução Instragram

Segundo a dupla, o objetivo é tornar a plantação referência no Brasil, onde há um extenso mercado para se explorar. Embora seja um dos maiores consumidores de cerveja, o país importa 99% do lúpulo que consome.

“Temos a perspectiva de iniciar no primeiro ano com a produção de 1 tonelada, chegando até 15 toneladas nos próximos 10 anos”, disseram os sócios ao afirmarem que o consumo total no Brasil atualmente varia entre 3.500 a 4.000 toneladas.

Desde a inauguração em agosto, a Fazenda Cervejeira produziu 4 mil litros de cerveja a partir do lúpulo plantado.

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