O Magazine Luiza (MGLU3) reportou na quinta-feira (10) resultados negativos do terceiro trimestre de 2022. A companhia reverteu o lucro de R$ 143,5 milhões registrado no mesmo período do ano passado, ao apresentar prejuízo líquido de R$ 166,8 milhões, acima do previsto pelo mercado. A ação da varejista despencou 13,07%, cotada a R$ 3,46, no pregão após a divulgação.
O desempenho ruim foi reflexo do aumento de despesas financeiras, acompanhando um cenário de taxas de juros mais altas, além de um recuo do caixa líquido.
Após a divulgação dos números, os bancos de investimentos que fazem a cobertura da companhia mantiveram as recomendações anteriores sobre o que fazer com o papel e as estimativas de preço-alvo, mesmo com a reação negativa na bolsa.
Entre os seis relatórios obtidos pelo Investnews, somente a XP Investimentos tem recomendação neutra, os demais indicam a compra da ação.
O fato é que as ações de empresas altamente dependentes do mercado interno registram quedas elevadas em 2022 refletindo preocupações dos investidores quanto ao cenário de taxa de juros e inflação. O papel da Magalu, por exemplo, recua mais de 52% no acumulado do ano.
Mas por que a ação ainda está na lista de compras da maior parte dos bancos? Entre os pontos positivos que justificam a recomendação estão: números melhores do que o segundo trimestre e acima de seus concorrentes; melhora da margem operacional; crescimento das vendas ainda que modesto; melhorias na estrutura de custos e na eficiência de logística.
O que fazer com MGLU3?
Quais as recomendações das casas de investimentos para a ação da Magalu?
Banco de investimento | Recomendação | Preço- alvo | Valorização em relação “à cotação atual* |
Goldman Sachs | Compra | R$ 5,20 | 51% |
XP Investimentos | Neutra | R$ 4,50 | 31% |
Itaú BBA | Compra | R$ 12 | 250% |
Bank of America (BofA) | Compra | R$ 8 | 133% |
Santander | Compra | R$ 11 | 221% |
Banco do Brasil | Compra | R$ 5,60 | 63% |
Fontes: Relatório das casas de investimentos *leva em conta o preço da ação por volta das 17h30 do dia 11 de novembro |
Por que analistas recomendam comprar MGLU3?
BB Investimentos
Em relatório, o BB Investimentos considerou que o resultado da companhia no período foi misto. Além isso, apesar de não ter passado imune aos desafios do cenário macroeconômico que implicaram na retração das vendas do setor de eletroeletrônicos no trimestre, a Magazine Luiza conseguiu manter praticamente estável sua receita ante o trimestre imediatamente anterior e melhorar sua margem operacional, “ainda que de forma tímida”, apontou o banco.
O BB analisou que mesmo com as diversas incertezas macroeconômicas no Brasil e no exterior, o que tem implicado na maior aversão ao risco por parte dos investidores, a recomendação de compra para o papel foi mantida. “Entendemos que a Magazine Luiza é uma companhia bem posicionada para aproveitar o maior apetite ao risco dos investidores, conforme as dúvidas acerca das políticas macroeconômicas se dissipem”.
Itaú BBA
Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes, analistas do Itaú BBA, avaliaram que a companhia apresentou números sequencialmente melhores, com dinâmica de fluxo de caixa positiva em relação aos concorrentes. Os números vieram em linha com o aguardado pelo banco de investimento. “Em suma, o terceiro trimestre sugere que o pior já passou”.
A equipe do Itaú apontou ainda como ponto positivo uma melhora na dinâmica de rentabilidade, com Ebitda ajustado em R$ 528 milhões, impulsionada principalmente pela expansão da margem bruta, o que impactou positivamente a margem Ebitda (aumento de 190 pontos bases no comparativo anual), para 6 %.
Santander
Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, do Santander, avaliaram que a Magazine Luiza apresentou números razoáveis no terceiro trimestre em meio a um cenário desafiador e duradouro para varejistas de bens duráveis. Entretanto consideraram que, apesar dos números trimestrais ficarem um pouco abaixo do consenso, vieram melhores do que os concorrentes – sem levar em conta o Mercado Livre.
Embora o crescimento no e-commerce tenha sido modesto, o trio avaliou que o aumento “implica em alguns ganhos de participação de mercado no trimestre”, já que o segmento geral do e-commerce (excluindo MELI/Shopee) caiu 10,5% no comparativo anual, com base nos dados da Neotrust.
Goldman Sachs
Os resultados ficaram abaixo das expectativas “relativamente pouco exigentes” na análise de Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini, do Goldman Sachs. Por outro lado, o trio analisou que as tendências de crescimento de receita e volume geral de vendas melhoraram ligeiramente em relação ao segundo trimestre, “mas permaneceram pouco inspiradoras”.
“Esperamos que os investidores vejam margens brutas melhores (embora ainda abaixo dos níveis pré-pandemia), menores despesas com vendas e geração de caixa operacional positiva como pontos positivos”, escreveu a equipe do banco.
Por outro lado, os analistas chamaram a atenção para a forte desaceleração no crescimento de vendas 3P; as maiores despesas gerais e administrativas e de provisionamento; resultados fracos em financiamento ao consumidor e níveis elevados de alavancagem contínuos como os principais pontos negativos do trimestre.
BofA
Robert Ford Aguilar, Melissa Byu e Vinicius Pretto, do BofA, escreveram que a companhia registrou um crescimento modesto de vendas e que a expansão no segmento de de moda, cosméticos, casa e jardim, entre outros, mitigou a fraqueza nas principais categorias de linhas de bens duráveis.
“As vendas de e-commerce superaram a contração de 10,5% do mercado, devido ao crescimento de novas categorias, melhorias de serviço e a aquisição da KaBum!”, avaliaram.
Além disso, as melhorias na estrutura de custos e eficiências logísticas e de marketing compensaram parcialmente as pressões inflacionárias e o aumento da inadimplência.
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