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Economia

Lula confirma que Brasil pedirá à ONU para sediar COP30 na Amazônia

Presidente eleito participa da COP27 no Egito e defende luta contra mudança climática.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma recepção calorosa ao participar nesta quarta-feira (16) da COP27, cúpula climática da Organização das Nações Unidas (ONU), que está sendo realizada no Egito, e disse que o Brasil está de volta à luta global contra a mudança climática e que pedirá à Organização das Nações Unidas (ONU) que realize a cúpula climática COP30 na Amazônia.

“Eu estou aqui para dizer a todos vocês que o Brasil está de volta ao mundo”, disse Lula em discurso durante evento ao lado de governadores de Estados da Amazônia brasileira. Lula disse ainda que o Brasil não poderia estar tão isolado como esteve nos últimos quatro anos.

O petista, que no mês passado foi eleito para um terceiro mandato na Presidência da República, disse que buscará que o Brasil sedie a COP30, em 2025, na região amazônica.

“Nós vamos falar com o secretário-geral da ONU e vamos pedir para essa COP de 2025 seja feita no Brasil. E no Brasil vai ser feito na Amazônia”, disse.

    “Acho que é muito importante que as pessoas que defendem a Amazônia, as pessoas que defendem o clima, conheçam de perto o que é a região.”

Na semana passada, fontes haviam dito à Reuters que Lula usaria sua presença na COP27 para oferecer o Brasil como sede da COP30, em 2025.

Essa medida seria uma demonstração do compromisso que o próximo governo tem de cumprir e melhorar suas próprias metas de redução de emissão de gases do efeito estufa, além de uma compensação pelo fato da gestão do atual presidente Jair Bolsonaro ter desistido de realizar a COP25, em 2019, no país.

A cúpula ambiental Eco-92, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, abriu caminho para todos os grandes acordos ambientais globais desde então, com a assinatura da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que busca evitar a mudança extrema do clima e foi a fundação para a realização das COPs.

A escolha de Lula de fazer da COP27 o foco de sua primeira visita internacional depois de eleito ajudou a energizar as negociações realizadas neste ano no balneário do Mar Vermelho de Sharm el-Sheikh, no Egito.

Centenas de pessoas aglomeradas em um salão de exibições gritaram o nome do presidente eleito antes do início do evento com os governadores amazônicos.

Acompanhado por um aparato de segurança leve, Lula caminhou em direção à multidão e estendeu a mão para cumprimentar as pessoas. Ele foi ciceroneado por Helder Barbalho (MDB), governador reeleito do Pará, Estado com a maior taxa de desmatamento.

Lula derrotou na eleição presidencial realizado passado a Bolsonaro, que nomeou os céticos da questão climática como ministros e viu o desmatamento na floresta amazônica brasileira atingir um pico de 15 anos.

Lula reduziu o desmatamento para baixas quase recordes em sua primeira passagem na Presidência, de 2003 a 2010. Para seu futuro governo, ele prometeu um plano abrangente para restaurar a fiscalização ambiental, fortemente reduzida no governo Bolsonaro, além de criar empregos verdes.

Na terça-feira, Lula se reuniu com o enviado dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, e com o negociador-chefe da China para questões climáticas, Xie Zhenhua. Lula deverá encontrar o chefe da política climática da União Europeia, Frans Timmermans, nesta quarta.

Na quinta-feira, Lula se encontrará com representantes da sociedade civil e grupos indígenas, assim como com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Ele parte na sexta-feira para Portugal para se encontrar com autoridades governamentais daquele país.

Discurso na COP27

Lula disse durante seu discurso na COP27 que “o convite feito a um presidente recém eleito e antes da posse é um reconhecimento que o mundo tem pressa de ver o Brasil participando novamente nas discussões do país sobre o planeta”.

“Estou hoje aqui para dizer que o Brasil está pronto a se juntar aos esforços de outros países a tornar o mundo mais justo e capaz de atender a maioria de seus habitantes e não apenas de uma minoria privilegiada”.

“Desde 2019 o Brasil enfrenta um governo desastroso na luta contra pobreza e fome, além do descaso com a pandemia e na devastação do meio ambiente. Mas voltamos para respeitar aos direitos humanos e o compromisso de enfrentar a mudança climática, desmatamento e aquecimento global. O que mais tenho ouvido de líderes de grandes países é que o mundo sente saudade do Brasil. Quero dizer que o Brasil está de volta. Está de volta com o mundo, ajudar a combater a fome no mundo, para estreitar relações e construir um futuro melhor para nossos povos. Voltamos para propor uma nova aliança global”.

O presidente citou que a emergência climática afeta a todos, embora os seus efeitos recaia mais fortemente nos mais vulneráveis. Lula se comprometeu a zerar o desmatamento e degradação da Amazônia até 2030, além de citar a alta taxa de desmatamento durante o governo Bolsonaro e que os efeitos disso serão combatidos.

O presidente eleito disse que vai travar uma batalha contra o garimpo ilegal e que criará o ministério dos povos originários para que os indígenas apresentem projetos de sustentabilidade. “Eles devem ser os protagonistas da sua preservação; eles têm que ser os agentes de um modelos de desenvolvimento local”.

Segundo Lula, Alemanha e Noruega anunciaram o desejo de ativar o fundo Amazônia após resultado das eleições no Brasil. O fundo dispõe de mais de US$ 500 milhões.

“Esperem um Lula muito mais cobrador”, reiterou o presidente sobre a mudança do país quanto aos rumos ambientais.

Com Reuters

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