As preocupações dos mercados globais que fizeram o S&P 500 cair 1,44% ontem (6) continuam presentes nesta quarta-feira (7) pressionando os principais índices acionários. O principal motivo para o tom negativo foi a divulgação do PMI, índice de gerentes de compras, dos EUA com resultados acima do esperado, indicando que a economia do país ainda está aquecida e que pode dificultar a tarefa do Fed no controle da inflação.
Na Ásia, o destaque entre os investidores fica com os dados fracos de importações e exportações chinesas em novembro que sofreram com iminência de uma recessão global e desaceleração da economia chinesa. As exportações tiveram uma queda de 8,7% em novembro frente a expectativa de queda de 3,6% do mercado, enquanto as importações registraram uma queda de 10,6% no mês frente a queda esperada de 5% pelos investidores.
O índice Hang Seng foi o mais afetado pela divulgação dos dados registrando uma queda de 3,22% no encerramento do dia seguido do recuo de 0,40% do índice de Shanghai, baixa de 0,72% do Nikkei, queda de 0,67% do Taiex e recuo de 0,43% do Kospi.
As quedas continuam a se estender na Europa também apesar do PIB da União Europeia no terceiro trimestre ter sido divulgado levemente acima das projeções com um crescimento de 0,3% frente ao esperado de 0,2%. Na próxima semana os bancos centrais da Europa e Reino Unido irão definir as suas respectivas taxas de juros com expectativas de manutenção da taxa britânica em 3% e aumento de 0,5 pp na taxa europeia dos 2% para 2,5%.
Com agenda do dia vazia, pré-mercados dos EUA antecipam FED
Com poucas chances de virada nos mercados globais pela agenda de indicadores do dia vazia, os contratos futuros dos índices dos EUA seguem em queda no começo do dia com recuo de 0,20% do Dow Jones, perdas de 0,35% do S&P 500 e baixa de 0,41% do índice Nasdaq.
Os investidores também se preocupam com a notícia de que o banco norte-americano Morgan Stanley demitiu 1,6 mil funcionários pelo mundo. Apesar de representar apenas 2% do total de funcionários, o movimento pode acontecer em outras instituições financeiras do país com as novas estimativas de receitas e lucros menores devido à alta de juros no país.
Brasil: PEC e Copom
As mudanças feitas no projeto chamado PEC da Transição podem fazer o total extra-teto superar os R$ 168 bilhões aprovados ontem na CCJ do Senado e pode obrigar a equipe do governo eleito a criar um novo arcabouço fiscal via lei complementar.
E hoje (7) o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central termina seu segundo dia de reunião e deve divulgar a sua decisão sobre a taxa Selic. As expectativas do mercado são de manutenção dos juros em 13,75% ao ano, porém com fortes alertas sobre a necessidade de se manter as expectativas dos investidores ancoradas e acreditando na capacidade do BC de controlar a inflação. O aspecto fiscal deve ter um peso ainda maior no comunicado da decisão e na ata do Copom abrindo espaço para a possibilidade de um aumento nos juros caso seja necessário.
As expectativas implícitas na curva de juros futuros já precificam uma mudança de postura do BC ao longo de 2023 elevando a Selic para patamares próximos de 14%.
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