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Finanças

Taxas longas dos contratos futuros de juros caem sob influência do exterior

Movimento seguiu o exterior, com queda do rendimento dos títulos soberanos dos EUA.

As taxas dos contratos futuros de juros no Brasil fecharam em leve baixa na ponta longa nesta terça-feira (4), em sintonia com o exterior, onde os retornos dos Treasuries (títulos soberanos norte-americanos) cediam após dados industriais nos EUA elevarem a percepção de que o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, não tem espaço para subir juros.

Nos vértices mais curtos da curva a termo, as taxas encerraram muito próximas da estabilidade.

No início da sessão, as taxas dos contratos futuros exibiam viés de alta, assim como os retornos dos Treasuries. Às 11h (horário de Brasília), quando saíram os números de encomendas à indústria dos EUA, abaixo do esperado, os retornos dos Treasuries migraram para o negativo e as taxas futuras também passaram a ceder no Brasil.

O Departamento do Comércio dos EUA informou que as encomendas à indústria caíram 0,7%, após queda de 2,1% em janeiro. Economistas consultados pela Reuters projetavam recuo de 0,5%. Os pedidos aumentaram 3,0% na comparação anual em fevereiro.

“O movimento era bem moderado pela manhã, sem uma direção definida. Mas com os dados da economia norte-americana, mostrando pedidos nas fábricas abaixo do esperado, as taxas dos Treasuries passaram a cair. No Brasil, os juros também inverteram a tendência”, comentou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Na segunda-feira, o Instituto de Gestão de Fornecimento já havia informado que seu PMI de manufatura para os EUA caiu em março para a leitura mais baixa desde maio de 2020. Todos os subcomponentes do PMI caíram abaixo do limite de 50 pela primeira vez desde 2009.

“Estamos vendo um PMI fraco, reduções das estimativas de PIB. Aparentemente o crescimento americano está menor, e o mercado não está colocando mais no preço a chance de subir juros”, comentou José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos.

As recentes turbulências bancárias na Europa e nos EUA podem ser mais um fator a levar os bancos centrais a serem comedidos na política monetária.

Já o efeito do choque recente do petróleo, após países produtores anunciarem no domingo cortes extras na produção, de cerca de 1,16 milhão de barris por dia (bpd), tem sido relativizado por alguns analistas.

Faria Júnior lembra que o preço dos barris está se aproximando de níveis verificados em novembro do ano passado. “Não é baixista, mas não é inflacionário. E com o petróleo subindo, ele afeta o consumo na outra ponta”, disse.

Neste cenário, o recuo dos rendimentos dos Treasuries influenciou a ponta mais longa dos contratos futuros no Brasil nesta terça-feira.

Números

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,5%, ante 13,466% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,24%, ante 13,202% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 12%, ante 11,978%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,99%, ante 12,053% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2019 estava em 12,4%, ante 12,475%.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava 3% de chances de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de maio e 97% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – caía 8,60 pontos-base, a 3,3461%.

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