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Economia

3 fatos para hoje: 100 dias de Lula, venda de carros eletrificados e Sabesp

Terceiro governo do presidente Lula completa 100 dias nesta segunda-feira (10) com desafio de encontrar marca para gestão.

100 dias do governo mostram Lula 3 preso na polarização e em sua própria ‘bolha’

O terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa 100 dias nesta segunda-feira (10), sob o desafio de encontrar marcas de gestão, criar programas de crédito para incentivar o crescimento e se aproximar da classe média, num momento de incertezas na economia. Até agora, Lula cobrou “criatividade” da equipe e mostrou pressa por resultados, mas não conseguiu sair do clássico “nós contra eles” que tem marcado a polarização política no Brasil.

A frente ampla de partidos que apoiou Lula no segundo turno da campanha apareceu para defender a democracia após os atos golpistas de 8 de janeiro, mas pouco “apita” no governo. Nesse período de turbulência, a comunicação do presidente ficou concentrada em sua própria “bolha”, em estratégia desenhada para reforçar laços com o eleitorado de esquerda.

Sob o slogan “O Brasil Voltou” – o mesmo usado por Michel Temer (MDB) para resumir seus dois anos à frente da Presidência, após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) -, Lula tenta iniciar, a partir desta semana, o que vem chamando de “nova fase” da administração. O núcleo duro do governo sustenta que o Estado precisa atuar como “indutor” do desenvolvimento, mas não detalha o plano. A meta é aposentar privatizações, retomar obras de infraestrutura paralisadas e anunciar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) versão 3.0.

“Não existe milagre. Somente com uma política de crédito vamos motivar os empresários a voltar a fazer investimentos”, disse Lula, em café da manhã com jornalistas, na quinta-feira passada, dia 6. “Não é possível imaginar que, num País do tamanho do Brasil, você possa dar um cavalo de pau para mudar radicalmente as coisas. Quando você é oposição, fala o que quer. Quando você é governo, faz o que pode.”

Uma espécie de “Vale a pena ver de novo” deu a tônica dos primeiros 100 dias de governo, com o relançamento de programas sociais como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e Mais Médicos, vitrines de gestões petistas. Ficou evidente, porém, uma disputa interna no PT e entre pré-candidatos à sucessão de Lula, como os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil, Rui Costa, pelos rumos do governo. Em mais um capítulo do “nós contra eles”, Lula pediu empenho dos auxiliares para destacar a “herança maldita” recebida do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Âncora

Atacado dentro e fora do governo, Haddad apresentou a proposta de arcabouço fiscal para o ajuste das contas públicas, mas, para ficar de pé, o País precisa aumentar sua receita em R$ 150 bilhões. Os projetos serão enviados ao Congresso na esteira de uma queda de braço entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que divergem sobre o modelo de tramitação das medidas provisórias.

Embora Lula tenha tentado enquadrar o PT, as críticas já começaram. “Não dá para zerar o déficit no ano que vem, às custas do arrocho, para atender o mercado”, protestou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). “Se o desemprego aumentar, haverá crise política sem precedentes. Aí Bolsonaro volta.”

Em recente conversa com senadores, Haddad disse ser difícil fechar uma proposta de âncora fiscal que agrade tanto ao PT e à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, como ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Todo o nosso esforço é para mostrar que temos responsabilidade fiscal. O problema é que, no PT, tem muito intérprete do pensamento alheio”, provocou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE).

Campos Neto e a atual política monetária, com juros de 13,75% ao ano, viraram inimigos do País, no diagnóstico do PT, de Lula e da maioria dos ministros. “Razão econômica que justifique essa dosagem de remédio amargo não há, mesmo porque a inflação já caiu. A não ser que o Banco Central tenha outra motivação, que não sabemos qual é”, afirmou Rui Costa.

Trailer

Há no Congresso, porém, a leitura de que a batalha de vida ou morte travada com o Banco Central foi a maneira encontrada pelo Palácio do Planalto para apontar um culpado e um bode expiatório na crise, caso a economia desande de vez.

“Esse governo precisa dizer a que veio porque, até hoje, é um trailer de novela mexicana. Está um tédio”, reclamou o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE). O partido de Forte comanda três ministérios (Comunicações, Turismo e Integração), mas, mesmo assim, não se compromete a dar sinal verde às medidas de interesse do Planalto.

Na prática, apesar da aliança com o Centrão, Lula ainda não conta com maioria sólida no Congresso para aprovar propostas, como a da reforma tributária. Desde que tomou posse, o presidente enfrentou dias atípicos – da invasão do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) à crise humanitária dos Yanomamis -, mas não passou por teste no plenário da Câmara e do Senado.

“O principal desafio do governo continua a ser o equilíbrio fiscal. É preciso aprovar o arcabouço junto com medidas de corte de renúncias tributárias”, avaliou o ex-secretário da Fazenda de São Paulo Felipe Salto, economista-chefe da corretora Warren Rena.

Ruídos e cotoveladas entre ministros não faltaram nessa temporada. Em tom irônico, Lula apelidou de “genialidades” algumas ideias divulgadas antes que fossem submetidas ao crivo da Casa Civil, como a de passagens aéreas por R$ 200 para aposentados, servidores e estudantes. “Cada um está no seu papel”, amenizou o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que espera ver o programa Voa Brasil pronto até julho.

O titular de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, também entraram em rota de colisão. Silveira anunciou que haverá mudança na política de preços de combustíveis. A cúpula da Petrobras reagiu mal. Para conter a briga, Lula afirmou que as declarações do ministro foram “extemporâneas”, embora o defenda nos bastidores.

“Nenhuma área do governo pode ter dissenso. A palavra de ordem tem de ser unidade, com o reconhecimento de que quem está legitimado para formular a política pública é o presidente”, argumentou Silveira. “Quem não quiser entender o que ele falou, que peça para sair porque o ônus (de eventual erro) sempre recai sobre quem o povo escolheu como líder”.

Até mesmo os decretos assinados por Lula para revisar o marco legal do saneamento provocaram atritos, que atravessaram a Praça dos Três Poderes.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) quando o Senado aprovou o novo marco regulatório com o seu voto, em 2020, não foi agora nem sequer chamada para as discussões.

Na Câmara, Lira definiu os decretos de Lula como “retrocesso” e avisou que mudanças precisam ser feitas pelo Congresso. No Planalto, circula a máxima de que é da natureza do Centrão sempre criar dificuldades para vender facilidades.

BIE – Banco de Imagens Externas da Agência Senado. Com risco de escassez de água, parlamentares propõem combate ao desperdício. O Projeto de Lei do Senado (PLS) 112/2013 foi aprovado no primeiro semestre pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e aguarda deliberação da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado

Agência de SP autoriza Sabesp a elevar contas de água em 9,6%

A companhia de água e saneamento do Estado de São Paulo, Sabesp, informou no final da noite de quinta-feira que a agência reguladora paulista Arsesp autorizou a companhia a elevar suas tarifas em 9,56% em relação aos valores cobrados atualmente.

O processo de ajuste, entre outros fatores, levou em consideração o IPCA de 5,6% em 12 meses até fevereiro, um resultado de revisão tarifária extraordinária de 5,55% e um “ajuste compensatório” referente a 2021 a ser descontado de 1, 4%, informou a Sabesp em fato relevante.

As novas tarifas da companhia passam a valer a partir de 10 de maio, informou a Sabesp.

Privatização

Na sexta-feira, a Sabesp afirmou que a chamada “inexigibilidade de licitação” para contratação de serviços de apoio e consultoria para estudos de desestatização da companhia foi ratificada e publicada em Diário Oficial do Estado.

Com isso, a companhia deve assinar nesta segunda-feira a contratação da International Finance Corporation (IFC) para assessorar o processo.

A Sabesp também anunciou sua saída da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), citando divergências da atual administração da empresa com as posições da entidade sobre readequação do marco do saneamento. Além da Sabesp, a Copasa, de Minas Gerais, se desfiliou da entidade.

Em comunicado, a Aesbe afirmou que ficou “surpresa” com os pedidos de saída das duas empresas da entidade, “visto que as duas empresas não se manifestaram contrariamente ao posicionamento da assembleia de associados e diretoria da entidade em nenhum momento nos últimos anos”.

Carro elétrico recarregando bateria

Venda de automóveis eletrificados no país cresce 50% no primeiro trimestre

A venda de carros eletrificados aumentou 50% no primeiro trimestre de 2023, em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 14,787 mil unidades emplacadas. Apenas em março foram emplacados 5,989 mil unidades, alta de 55,5% em base de comparação anual, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Segundo a entidade, os números confirmam o aquecimento do mercado de eletrificados leves no Brasil no início deste ano. Nesta categoria incluem-se os automóveis híbridos plug-in (BEV e PHEV), que podem ser recarregados por conector externo, e os não plug-in (HEV), somando veículos, comerciais leves, utilitários e SUVs.

A frota total de veículos eletrificados em circulação no País até o final de março totalizou 141,291 mil unidades, de acordo com a ABVE.

Categorias

O crescimento dos eletrificados continua sendo puxado pelos veículos elétricos híbridos nção plug-in (HEV), especialmente pelos modelos flex movidos a etanol. Em março de 2023, foram 3,230 mil unidades emplacadas de veículos leves desta categoria no Brasil, sendo 2.272 híbridos flex (a etanol) e 958 híbridos a gasolina.

Ainda assim, a ABVE destacou que as vendas de veículos elétricos plug-in seguiram a tendência de alta observada nos últimos meses. Dos 5,989 mil emplacamentos de março, 2,172 mil foram de PHEV (elétricos híbridos plug-in) e 587 de BEV (elétricos 100% a bateria), totalizando 2.750 veículos plug-in no mês.

Esse total indica um crescimento expressivo de 194% desse segmento na comparação com o total de 939 elétricos plug-ins leves comercializados em março de 2022.

*Com Reuters e Estadão Conteúdo

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