No dia 26 de fevereiro, funcionários do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) fizeram uma descoberta surpreendente: seus próprios agentes na Bielorrússia desobedeceram ordens e atacaram uma aeronave de vigilância russa. A inteligência americana ficou sabendo e, aparentemente, elaborou uma densa apresentação de Power Point sobre a guerra na Ucrânia, no dia 1º de março. Poucos dias depois, este relatório e outros 50 foram parar na internet, constituindo o maior vazamento de informações secretas dos Estados Unidos da América (EUA) da última década.
Os arquivos vazados chamaram atenção quando começaram a ser compartilhados no aplicativo de mensagens Telegram e no site de bate-papo Discord. Alguns dos slides da apresentação continham informações identificadas como manipuladas, mas outros foram considerados autênticos pelas autoridades. Ex-funcionários da inteligência dos EUA e Europa afirmam acreditar que os relatórios sejam verdadeiros. O assunto virou pauta no Pentágono e o Departamento de Justiça abriu uma investigação sobre a fonte do vazamento.
Os documentos vazados revelam informações sobre planos ocidentais para equipar e treinar o exército ucraniano, incluindo a quantidade de munição e a localização das baterias de defesa aérea do país. As informações podem ajudar a inteligência russa a identificar alvos específicos e, assim, prejudicar os supostos planos dos EUA. As defesas aéreas da Ucrânia estão em péssimas condições e os documentos mostram que os mísseis S-300 e BUK provavelmente se esgotarão em breve.
Os documentos também destacam as baixas nas forças armadas russas e revelam a presença de militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia. Além disso, mostram que as agências de inteligência dos EUA estão espionando aliados, incluindo líderes mundiais e funcionários de países como Hungria, Israel, Coreia do Sul e da Organização das Nações Unidas (ONU).
O vazamento de documentos foi comparado ao roubo de arquivos de Edward Snowden, ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), em 2013, e à publicação de ferramentas de hackers da NSA e da CIA em 2016 e 2017. Os aliados dos EUA podem ficar relutantes em compartilhar informações secretas por causa desse vazamento. Assim, a inteligência americana, que é uma das mais reverenciadas do mundo, foi questionada mais uma vez. O que nos leva pensar: o que resta, então, para o Brasil quando se trata de segurança, sigilo e inteligência?
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