O ex-ministro da Economia Paulo Guedes está se preparando para lançar um fundo de investimento “verde” com banqueiros proeminentes e outros membros do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto à Reuters.
O fundo deve ser lançado em julho, disseram as fontes, com o objetivo de atrair investimentos domésticos e internacionais em transição energética, preservação de recursos naturais e indústrias baseadas em energia renovável.
O novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem procurado priorizar o desenvolvimento econômico sustentável e a proteção da Floresta Amazônica depois que Bolsonaro enfrentou críticas globais pelo aumento do desmatamento e da mineração ilegal durante seu governo.
Antes de Guedes comandar o Ministério da Economia de Bolsonaro, seu primeiro emprego no setor público, ele cofundou um banco de investimentos que mais tarde se transformou no Banco BTG Pactual SA e projetou fundos de private equity focados nos setores de educação e saúde.
O Brasil, cuja matriz energética é baseada predominantemente em energia hidrelétrica, tem sido um ímã nos últimos anos para investimentos em geração de energia eólica e solar, em meio ao interesse crescente em preservação e reflorestamento para gerar créditos de carbono.
O ex-ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite; Gustavo Montezano, ex-presidente do BNDES e o ex-diretor do BNDES Fabio Abrahão — todos os quais trabalharam com Guedes no governo Bolsonaro — também devem atuar no fundo.
Roberto Azevedo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) que se aposenta em junho como diretor de assuntos corporativos da PepsiCo, também se juntará à equipe, assim como Rodrigo Xavier, que comandou o Bank of America e o UBS no Brasil.
Questionados pela Reuters, nenhum deles respondeu ao pedido de comentários.
O tamanho e os detalhes operacionais do fundo ainda estão sujeitos a discussão, disseram as fontes.
Enquanto ministro, Guedes defendeu publicamente uma economia ambiental do futuro assentada sobre taxação à poluição e estímulos à inovação, mas também compensações para países como Brasil, Índia e Indonésia pela preservação de suas florestas.
Até deixar o cargo em dezembro, ele argumentava que a reformulação das cadeias produtivas globais decorrente da pandemia e do conflito na Ucrânia criava oportunidades para o Brasil atrair investimentos ao oferecer segurança alimentar e energética ao mundo.
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